O que não falta em Cuiabá é condutor reclamando
da qualidade dos estacionamentos na Capital e do preço considerado “abusivo”, que chega a R$ 10 a hora, dependendo da localidade. O tema é discussão recorrente entre empresários do setor e consumidores assíduos deste tipo de serviço. A reportagem do
Olhar Direto/Agro Olhar foi atrás das respostas sobre o tema.
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Quem enche a boca para reclamar dos estacionamentos é a esteticista Losinete Lopes. Ela é Portadora de Necessidades Especiais (PNE) e diz que gasta mais de R$ 200 com o serviço todos os meses. Como mensalista de dois estabelecimentos, diz que o dinheiro pago não equivale a qualidade do local.
“O que se paga pelo que a gente recebe é um valor muito alto. Você chega no estacionamento e não tem espaço, não se respeita nada, o terreno não é pavimentado, normalmente tem buraco, tem lama e em muitos lugares não existe segurança”, relata.
Para os proprietários, no entanto, a principal causa do preço alto são os tributos cobrados pela Prefeitura de Cuiabá, além do aumento do aluguel e dos encargos trabalhistas na folha de pagamento de pessoal. Este último, no entanto, ainda é controverso, uma vez que a maioria dos estabelecimentos não tem mais que um funcionário.
A reclamação sobre os impostos refere-se principalmente ao IPTU. A “briga” entre empresários do ramo e a prefeitura vem desde a gestão passada, quando o então prefeito Mauro Mendes alterou a alíquota do tributo. O IPTU passou de predial, com incidência de 0,4% sobre o valor do imóvel, para o territorial, de 2% sobre o valor.
Em nota, a Associação dos Proprietários de Estacionamentos de Cuiabá afirmou que a prefeitura tem visto a categoria como “vilã” na hora de cobrar impostos, mas que os estacionamentos são, na verdade, uma “boa” fonte de arrecadação para a prefeitura.
“As altas de IPTU e a qualificação das áreas destinadas aos estacionamentos enquadradas no regime territorial, ao invés do predial, pois somos um comercio, elevam drasticamente essas taxas. É impossível que esses altos valores não reflitam diretamente no preço praticado pelos Estacionamentos desta capital”, diz trecho da nota assinada pelo presidente da entidade, Elton Castrilon.
Qualidade do serviço
Apesar da Associação afirmar que 90% dos estacionamentos em Cuiabá estão “regulares”, a prefeitura de Cuiabá não informou se existe algum tipo de regularização específica sobre a qualidade e o preço cobrado pelo serviço. A impressão dos consumidores, no entanto, é de que esses locais não teem respeitado normas simples de segurança e de acessibilidade.
“O que mais existe em Cuiabá é estacionamento sem acessibilidade, com declive, superlotado em alguns dias. Há algum tempo eu fiz cirurgia e passei nove meses em uma cadeira de rodas e vi como é difícil para o cadeirante que trafega tanto pelas vias públicas quanto nos estacionamentos particulares”, conta Losinete. Ela explica que no estacionamento da universidade onde estuda não existe sinalização de vaga preferencial para PNE’s.
Questionada pela reportagem, a Associação não informou qual a média de despesa dos estacionamentos da Capital. Mas, segundo a entidade, o lucro médio é de aproximadamente 8%. Para o empresário Roberto Bezerra, o cenário ruim de crise econômica e de desempenho baixo do comércio tem motivado muitos proprietários a fecharem seus estacionamentos.
“Eu já fechei quatro estacionamentos em Cuiabá desde 2015. Hoje o grande problema é tributo, depois da Copa do Mundo, com a mudança do IPTU ficou difícil resistir na atividade e por isso muita gente acaba repassando os custos para o consumidor”, explica.
Outro lado
A reportagem procurou a prefeitura para esclarecer as mudanças da alíquota e entender como funciona a fiscalização dos estacionamentos na Capital, mas até o momento não obteve resposta.
