Olhar Agro & Negócios

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias | Economia

Liquidaram produtos

Esbarrando em logística e tarifações, empresários de MT fecham mais de 340 empreendimentos em 2017

Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal

A Zapata Casa e Jardim queimou estoque da fábrica e aposta na renovação da loja, na Avenida Carmindo de Campos.

A Zapata Casa e Jardim queimou estoque da fábrica e aposta na renovação da loja, na Avenida Carmindo de Campos.

Esbarrando em problemas de logística, alta nos alugueis e taxações, empreendedores de Mato Grosso tem sido obrigados a fechar as portas e procurar por novas alternativas diante da crise econômica. Uma pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional de Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC), mostra que 345 lojas foram fechadas no Estado só  nos três primeiros meses do ano. Embora o número seja 62% menor que o registrado no mesmo período de 2016, comerciantes ainda sofrem as conseqüências de um período recessão, que com menor, impacto, ainda paira sobre o país. 

Leia mais:
Mais da metade das famílias cuiabanas está endividada e 18% não têm condições de pagar
 
É o caso das empresárias Livia Lopes e Maria Amélia Zapata, que fecharam uma loja e uma fábrica respectivamente, na Capital na última semana. A primeira, dona da Boutique Saron, abriu mão da loja física depois de 10 anos no mercardo, e apostará agora no e-commerce, para vender as peças. Antes disso, liquidou o estoque, vendendo peças de luxo por preços até 70% menores que os originais. "Devido à desaceleração da economia, o comércio varejista local tem sentido seu reflexo diretamente na diminuição das vendas. Nesse cenário, muitos empresários estão buscando alternativas para diminuir os custos e aumentar a oportunidade de vender”, diz.
 
Com Maria, a situação foi parecida. Na última semana grande parte dos produtos e maquinário  da fábrica que levava seu sobrenome foi liquidada, restando ainda alguns exemplares em promoção na Zapata Casa e Jardim.  Embora o processo industrial tenha sido encerrado, a loja será mantida na Avenida Carmindo de Campos, também na Capital, como representante oficicial da marca Tidelli. Diante de uma melhora no cenário, a aposta agora é a renovação do estoque. 
 
“Sempre tive paixão por madeira. Tentei fazer outras coisas, mas sempre estava lá no meio do pó de serra. É muito difícil assumir que não vale mais a pena continuar um sonho e tive que tomar essa dura decisão para que os estragos não fossem maiores que meu bolso. Também seria mais coerente com meus parceiros e funcionários ", conta Maria. 

 A Zapata Casa e Jardim queimou estoque da fábrica e aposta na renovação da loja, na Avenida Carmindo de Campos. 

De acordo com ela, o desafio para a fábrica já começava nas rodovias, utilizadas para transportar 90% dos produtos fabricados. Só aí, o custo logístico adicional era de pelo menos 20% à empresa. Somaram-se a isso despesas com estradas esburacadas, caminhões especiais e embalagens muito caras para evitar avarias dos produtos. “Por ai, já ficava pra trás na concorrência com qualquer outra região produtora de móveis do Brasil”, explica.

No caso da Zapata, é preciso considerar ainda a falta de mão de obra qualificada, que demandava, a custos elevados, treinamento dentro da empresa. “Marcenaria fechada, tudo posto em liquidação à preço de banana: peças, ferramentas, bancadas, máquinas... das quais eu comprei a peso de ouro, tudo no bota fora. Isso nos causa uma grande apatia, não quero nem pensar muito porque dói como um filho arrancado da mãe. Lá se vão os últimos lances... e até nosso ateliê vai junto.”

De acordo com a Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomercio MT), o Estado, assim como os demais Estados do país, mostra tendência de recuperação, já que contabiliza menos empresas fechadas no primeiro trimestre de 2017.  No mesmo período de 2016, 990 lojas encerraram as atividades por aqui. O resultado é obtido quando subtraí-se o número de empresas abertas pelo número de empresas fechadas no trimestre.

Estoque da fábrica.
O presidente da Fecomércio-MT, Hermes Martins, destaca que, embora o resultado ainda seja negativo, os números mostram o caminho de recuperação para o comércio “Mato Grosso segue o ritmo nacional e contabiliza um número bem menos negativo se compararmos com o ano anterior, e além disso, o volume de vendas no país voltou a apresentar resultados positivos, com crescimento de 2,4% no primeiro trimestre desse ano, o que revela a tendência de recuperação da economia e a retomada do saldo positivo na abertura empresas num futuro próximo” avaliou o presidente.
 
Índice Nacional
 

Segundo levantamento nacional da CNC, 9.965 lojas com vínculos empregatícios foram fechadas de janeiro a março de 2017. Apesar do resultado negativo no primeiro trimestre de 2017, o ritmo de fechamento de lojas é o menor desde os três primeiros meses de 2015 quando, entre aberturas e fechamentos de estabelecimentos varejistas, houve queda de 9.710 no varejo brasileiro. Além da melhora nos fundamentos do varejo, o próprio resultado recente das vendas no período (+2,4%) foi o melhor desde o terceiro trimestre de 2014 (+2,7%).
 
O ramo de hiper e supermercados (-3.779), o maior do varejo, liderou os fechamentos no trimestre, seguido por vestuário e calçados (-1.733) e artigos de uso pessoal e doméstico (-1.205). Nota-se, no entanto, que à exceção do segmento de móveis e eletrodomésticos, os demais ramos do varejo apresentaram melhora em relação ao quarto trimestre de 2016 e uma situação menos negativa do que aquela registrada nos três primeiros meses do ano passado.

Corrigida às 10h56.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet