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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Martha Medeiros dá voz a aliança entre setores de moda e algodoeiro contra avanço sintético

Foto: Reprodução: Arquivo - Martha Medeiros

Da esquerda para a direita: Ivete Sangalo, Emmanuelle Chiriqui, Peyton List e Sofia Vergara.

Da esquerda para a direita: Ivete Sangalo, Emmanuelle Chiriqui, Peyton List e Sofia Vergara.

Das fazendas de Mato Grosso, líder na produção nacional de algodão, até as passarelas, os processos que circundam o mercado do algodão envolvem uma extensa cadeia de serviços. Processos aos quais um novo desafio se apresenta. Frente às vantagens dos tecidos sintéticos, o produto natural precisa apostas no toque diferenciado, conforto e elegância para conquistar diferentes fatias do setor têxtil. A opção, segundo a estilista Martha Medeiros, segue uma tendência mundial de valorização do ser, e pode garantir ao setor maiores investimentos e oportunidades.

Com o mesmo discurso produtores de todo o Brasil tentam reverter os quase 60% do total ocupado pelo produtor concorrente.

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A alagoana, internacionalmente reconhecida por suas rendas, esteve no 11º Congresso Brasileiro do Algodão em Maceió – AL, e falou ao Agro Olhar sobre as mudanças de comportamento. “Quando vestimos uma roupa 100% algodão, é como se recebêssemos um abraço. O que precisamos hoje é mostrar as possibilidades que o material oferece. Não é possível acreditar nisso só para uma camisa masculina, por exemplo. Você pode fazer um vestido de festa, você pode fazer mil coisas com um vestido de alta costura em algodão.”
Martha Medeiros na Abertura do 11º CBA - Reprodução
Assim o objetivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é ampliar em até 10 pontos percentuais a utilização da pluma no setor têxtil do país nos próximos cinco anos. “A matéria-prima tem papel fundamental na indústria da confecção mundial e representa 54% do vestuário formal no Brasil. Nossa expectativa é aumentar em 15% a produção na safra 2017/18, com um crescimento de 17% em área plantada”, explica o presidente do órgão, Arlindo Moura. Os números estão diretamente ligados ao cenário mato-grossense, responsável por mais 60% da produção nacional.

Nascido na Feira de Pajuçara, na capital de seu estado, o trabalho da estilista reflete bem os preceitos do material e hoje veste personalidades como as atrizes americanas Jéssica Alba e Patrícia Arquete, a colombiana Sofia Vergara, e brasileiras como Ivete Sangalo e Xuxa. Com peças que podem custar o preço de um carro popular, Martha garante que a tendência não está restrita a grupos abastados. Não é uma tendência de alta costura, é uma tendência de mundo. “Todos hoje têm buscado se alimentar melhor, se relacionar melhor, estar mais próximas de si mesmas.”
 
Sofía Vergara e Martha Medeiros em publicação da Revista Caras.

No evento, um dos vestidos expostos por ela tinha valor estimado em R$ 30 mil reais. “Tudo que eu faço é 100% natural. O algodão corresponde a 95% da produção e o resto é linho ou seda.” Em entrevista Martha também defendeu que os consumidores precisam ter acesso e informação. Existe uma geração que nunca teve uma camisa de algodão, que não sabe que jeans é algodão. Falta conscientização, mas eu tenho certeza absoluta que cada vez mais as pessoas vão querer algo mais natural.”
 
Sob a mesma proposta, surgiu o “Sou de Algodão”, lançado durante o Congresso, o movimento contou com a adesão de outras marcas conhecidas, como a Riachuelo, Richards, Hering Kids, Ellus e Toalhas Appel. A ação vem como resposta da cadeia produtiva algodoeira à queda no uso da fibra na composição de tecidos para fabricação de peças de vestuário em geral, nos últimos anos. Um levantamento recente feito pela Abrapa identificou que essa movimentação é motivada por diversas razões - do ponto de vista do consumidor e da indústria – como a forma e caimento do tecido no segmento feminino, preço mais baixo, economia de matéria prima, além da proximidade dos fornecedores sintéticos com a indústria têxtil.

Estande "Sou de Algodão" no 11º CBA
Os fatores, contudo, não convencem a profissional. “Eu podia ir até a 25 de Março em São Paulo e comprar tudo sintético. Sai muito mais barato. Mas os benefícios do produto são superficiais e de curto prazo. O algodão é natural, confortável e saudável. Ele movimenta uma cadeia de pessoas por traz de cada peça. É isso que faz a diferença. Tudo que é feito com entusiasmo deve ser valorizado.”

Desafios para além do consumidor

Apesar de ocupar apenas 2,5% da terra cultivada no mundo, a produção de algodão responde por cerca de assombrosos 25% do consumo mundial de inseticidas. O historio de excessos associados à produção algodoeira devem-se especialmente ao fato do cultivo ser voltado, na maior parte, para a fabricação de produtos não alimentícios, além de ser altamente sensível às doenças e pragas. Os dados foram divulgados em reportagem feita pela Exame.
Lovoura de algodão em Campo Verde - MT
Para agravar, a produção de algodão é o segmento mais sedento da indústria têxtil, e o mais vulnerável às mudanças climáticas, por ser majoritariamente cultivado em áreas áridas, mas intensamente irrigadas. Segundo dados do setor, o cultivo de algodão é responsável, em média, por 80% do consumo de água total de fabricação e por 45% das emissões de gases efeito estufa associadas ao setor têxtil.

De acordo com o projeto “Sou de Algodão”, no entanto, a pluma no Brasil é cultivada em sequeiro e consome pouca água para a sua produção, o que contribui para colocar o país no posto de maior produtor de algodão sustentável do mundo. Para chegar a esta posição, são adotadas práticas que visam o desenvolvimento da produção em três pilares: social, ambiental e econômico.

Essas iniciativas tomam como modelo diretrizes da Better Cotton Initiative (BCI) que, somadas ao programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), certificam toda a produção de algodão sustentável do país, com os critérios de responsabilidade socioambiental e econômico, valorizados pelo mercado mundial. Assim, a avaliação dos índices de sustentabilidade ocorre a cada safra e, em 2015/16,81% de toda a produção de algodão foram certificadas como ABR, e 71%licenciadas pela BCI. 
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