Olhar Agro & Negócios

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Notícias | Economia

Debate na AL

Pesquisador mostra superávit nos Correios e questiona privatização pra conter prejuízos; MT deve ter agências fechadas

Foto: Da Assessoria

Pesquisador mostra superávit nos Correios e questiona privatização pra conter prejuízos; MT deve ter agências fechadas
O debate acerca da privatização dos Correios ganha mais um argumento contra a medida. Um estudo do pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Igor Venceslau Freitas, mostra que a empresa não causa prejuízos ao país, ao contrário do que sugere o Governo Federal, que anunciou a necessidade de concessão para contenção de despesas. O levantamento foi apresentado durante audiência pública na Assembléia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), na segunda-feira (18).

Leia mais:
Confira sete dicas de especialistas para investir na internet; e-commerce triplica em MT
 

Segundo a União, nos últimos dois anos a ECT teria acumulado dívidas da ordem de R$ 4 bi por conta da diminuição das remessas de mensagens postais, seu principal negócio. A causa seria a popularização internet. Para Igor, no entanto, o argumento é falacioso, uma vez que com o surgimento da Internet o número de postagens aumentou devido ao comércio eletrônico, o que teria elevando a receita da ECT. Só em Mato Grosso são 1,6 mil trabalhadores voltam ao serviço nas 147 agências em Mato Grosso.
 
Para ele o problema financeiro dos Correios é administrativo. "Em 2001, os Correios transportaram cerca de 3 bilhões de objetos postais, hoje movimentam 8,3 bi por ano. Uma carta simples custa, hoje, cerca de R$ 5 por envio, enquanto um objeto de pequeno volume, via PAC ou Sedex, sai em média R$ 30. Isso mostra que não há prejuízos. Portanto, se existem erros esses são provocados pela má administração", disse o pesquisador que publicou o estudo como tese de mestrado.
 
"Países como a Argentina e o Reino Unido venderam 'os Correios' para iniciativa privada e já começaram o processo de reestatização. EUA e China, que permitem empresas privadas neste nicho de mercado, mantêm o controle estatal do setor porque conhecem os prejuízos sociais da privatização: empresas escolhem onde atuar desassistindo localidades com menor potencial financeiro. No Brasil, os Correios cumprem função de integração nacional já que cobrem todo o território, inclusive localidades mais pobres. Privatizar a empresa é desassistir a população mais pobre.”
 
A audiência, que foi requerida pelo deputado estadual Valdir Barranco (PT), contou com a presença de sindicalistas e servidores públicos. "Não podemos aceitar o desmonte das instituições e empresas públicas, muito menos a perda de direitos trabalhistas como quer este ilegítimo e temeroso presidente da república. Vamos lutar juntos pela manutenção dos Correios e pela valorização da categoria. Nenhum direito a menos. Firme!", disse.
 
Para o presidente da Associação Nacional dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Edilson Pereira Nery, os prejuízos apontados pela direção dos correios são oriundos do provisionamento de pós-emprego, um custo que, segundo eles, deveria ser guardado para possíveis gastos com saúde e previdência privada.
 
O presidente do sindicato dos trabalhadores da ECT, foi mais longe, Edmar dos Santos Leite. "Nosso fundo de pensão, o Postalis, foi arrombado. Nós, servidores, estamos pagando uma taxa de 20% sobre os salários para tentar salvá-lo. Portanto, a justificava dos gestores não convence. Estamos pagamos um prejuízo que não causamos e o governo vem falar em falta de receita, em necessidade de privatização. Isso não cola! Não aceitamos a precarização dos Correios tampouco a privatização."
 
Já o superintendente da ECT, Edilson Francisco da Silva, que representou o presidente da instituição, Guilherme Campos, rebateu os argumentos. Disse que A ECT acumula prejuízos por perdas em seu negócio principal ao longo dos anos e com o custeio, por exemplo, do plano de saúde dos servidores. "Pagamos 92% do custo com a saúde enquanto outras empresas públicas tem uma participação na casa dos 50%. Além disso, gastamos muito com a manutenção de agências de pouco fluxo de clientes. Em cidades onde isso ocorre faremos fusão de agências." O representante não explicou quais agências terão as atividades encerradas.
 
O deputado federal Ságuas Moraes (PT) fez o compromisso de levar as reivindicações dos trabalhadores para o Congresso. O primeiro secretário da Câmara Municipal de Cuiabá, vereador Dilemário Alencar (Pros), se comprometeu a realizar uma audiência pública para também discutir o tema no parlamento municipal. Na audiência ficou definida ainda a formação de uma frente ampla formada por sindicalistas, trabalhadores, deputados e vereadores para lutar contra a privatização da ECT, fechamento de agências e pela garantia de direitos dos trabalhadores.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet