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Sábado, 20 de abril de 2024

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Mesmo em crise

“Cadê a carne?!” restaurantes vegetarianos e veganos esbarram em preconceito mas mantêm média de crescimento

Foto: Reprodução/Instagra - Raposa Vegana

Nuggets de milho orgânico, ratatouille e creme de batata com espinafres.

Nuggets de milho orgânico, ratatouille e creme de batata com espinafres.

O cliente entra, senta, pede o cardápio e avalia as opções de cima a baixo: “Ué! Cadê a carne!?”. A cena é comum para os proprietários de restaurantes vegetarianos e veganos de Cuiabá. O mercado ainda é restrito e os dois principais desafios para a expansão deste tipo de empreendimento são preconceito e desconhecimento.  Mesmo diante destes fatores, os investimentos em alimentação saudável, sem ligação com produtos de origem animal, têm se mostrado resistentes à crise, mantendo suas margens de lucro na média. 

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Wanessa Rodrigues e Zenir Miranda são duas empreendedoras que conhecem bem o dilema, mas que têm conseguido vencer os obstáculos e fazer seus negócios prosperarem mesmo em tempos de dificuldade. Elas são proprietárias dos restaurantes Raposa Veganae  Ki - Nutre, respectivamente.

Reprodução - Ki Nutre 
Nos 13 anos de seu empreendimento na Capital, Zenir conta já ter perdido clientes que disseram ter medo de ficar desnutridos. “Depois esta cliente me ligou, me pediu desculpas, perguntou se eu poderia voltar”, conta ela. Atualmente o restaurante serve em torno de 50 a 80 KG de comida por dia para até 80 pessoas. 

Mesmo com menor tempo de experiência, Wanessa e o namorado João Lucas, que também atua no setor, sabem bem o quanto o preconceito pode afetar os negócios. “Acabamos perdendo alguns clientes, mas a maioria que come muda de ideia, às vezes a pessoa chega, pergunta e acaba experimentando e normalmente volta, trás mais amigos e muda de ideia”, conta Wanessa orgulhosa. Ela explica que 90% dos freqüentadores do Raposa não é vegetariano ou vegano.

O Raposa Vegana, que completou um ano de funcionamento este mês, é o primeiro estabelecimento totalmente vegano da cidade. Voltado a um público ainda mais restrito, o restaurante serve de 10 a 30 pessoas diariamente. No cardápio estão opções como lasanha com legumes solteados e salada crua com chia, chilli de feijão fradinho, PTS e tortilla; jaca verde, arroz colorido integral e purê de abóbora, salada crua com gergelim e muito mais. Além disso, nunca foram utilizados derivados animais, ou seja, são isentos de traços de lactose e gordura animal.

Para driblar a crise

As histórias dos proprietários de restaurantes vegetarianos e veganos em Cuiabá se repetem também no perfil dos empreendimentos: mãos boas para cozinha e a aposta em um mercado ainda pouco explorado. Com o advento da crise econômica, estes pequenos empresários precisaram buscar alternativas para manter os clientes e continuar prosperando com seus cardápios, que apresentam preços entre R$27,00 e R$ 44,50.

Tem sido assim no Ki-Nutre. Segundo a dona, ela e a equipe têm trabalhado, e muito, para contornar a situação. Ações como ofertas, delivery, palestras com nutricionistas e abertura para eventos são algumas das soluções encontradas para expandir a marca e abranger outras fatias de mercado.

“Por mais que o nosso público seja garantido, não há dúvidas de que ele também sofre com a crise, com essa situação caótica que o país passa. Isso acaba nos afetando diretamente porque quem tem dinheiro não quer gastar”, afirma.

Wanessa e João Lucas seguiram pelo caminho oposto. A ideia, que nasceu da experiência dos dois na cozinha, passou para o delivery e finalmente possibilitou que abrissem as portas para os clientes. Os proprietários dizem que o mês de maior impacto e dificuldades foi agosto, quando o ticket médio de vendas caiu, apesar da circulação de clientes ter se mantido normal. “Agora é só investimento, nós temos apostado em produtos orgânicos, trazendo novidades para atrair mais e mais clientes”, descreveu Wanessa. 
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