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Sábado, 20 de abril de 2024

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Quedas e retomadas

Tudo o que você precisa saber antes de investir em bitcoins: economista da UFMT explica agitação em torno das criptomoedas

Foto: Reprodução - George Frey/Getty Images

Representação da moeda digital.

Representação da moeda digital.

Justificada pela sucessão de quedas e retomadas das criptomoedas em curto espaço de tempo, a agitação em torno do dinheiro virtual, especialmente o bitcoin, acompanha mais que apenas expectativa de investimento. Unindo relatos de empreendedores em ascensão, problemas com corretoras e insegurança diante de ataques hackers, o assunto pipoca nas principais publicações de economia há alguns meses, suscitando uma série de questionamentos. Os principais pontos foram abordados pelo economista do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Niepe) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ernani Lúcio Pinto de Souza.

Ao Agro Olhar ele explica que, embora as transações pareçam simples, existe uma inevitável discussão a respeito de qual seria o lastro da moeda, ou seja, o que lhe daria garantia de durabilidade, confiança e credibilidade ao longo do tempo? A resposta, contudo, requer outras indagações. Como os sistemas de algoritmos foram programados a respeito do lastro que toda moeda requer? Qual o limite da moeda?

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Isso depende do que seus idealizadores pensaram ao criar essa estrutura monetário-financeira de comercialização. O anonimato dos responsáveis, entretanto, tem sido uma das características mais marcantes em torno da questão. “De modo geral, diz-se que o volume dos bitcoins emitidos está relacionado a uma grande mina de minérios por um determinando período de tempo, o que, supostamente, será seu lastro e o indicador inflacionário.” Assim, a sobrevivência da transação se dará pela garantia real de retorno, confiabilidade e aceitação pelo mercado.

Com relação à rentabilidade do investimento, ele destaca a lógica do mercado para fazer entender melhor a operação. Deste modo fica claro que é financeiramente mais inteligente investir num ativo que tende a se valorizar no futuro, ao invés de um ativo que já está em alta, como é o caso do Bitcoin agora. É este raciocínio que justifica a grande lucratividade para quem investiu no dinheiro virtual entre 2009 e 2016 e manteve suas moedas até hoje. Isso não quer dizer, necessariamente que a moeda vá continuar subindo.

“Recordem-se quando as chamadas empresas “pontocom” (relacionadas ao comércio virtual pela internet) vinham subindo vertiginosamente na Bolsa, até que, entre 2008 e 2009, o mercado não suportou o crescimento dos preços e as ações despencaram. Muitas dessas ações, inclusive, tiveram seu valor reduzido a pó”, diz. Portanto, trata-se de uma opção de investimento de risco como as bolsas de valores, por isso, há necessidade de estratégias fundamentalistas e tecnicistas. No Brasil as bolsas são reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central.

A segurança é outro fator que merece atenção de quem pretende investir. Recentemente uma empresa sul-coreana sofreu um ataque de rackers, o que causou grande desvalorização à moeda. Na ocasião, roubaram uma quantia não informada de unidades da criptomoeda, avaliada em mais de 18 mil dólares cada. Chamada YouBit, a companhia declarou falência no final de dezembro, de acordo com a Reuters. As criptomoedas dos clientes foram remarcadas para 75% do valor anterior ao ataque, e as trocas interrompidas, para evitar mais perdas.
Coinmap aponta regiões do Brasil onde as transações com cripto moeda são aceitas.
Este não é o primeiro caso registrado na Ásia, para onde os olhos dos investidores do setor estão voltados no momento. No Brasil, nos últimos vinte dias, aumentaram as reclamações contra as duas maiores empresas do segmento: Mercado Bitcoin e Foxbit, segundo levantamento feito pelo site Reclame Aqui. De acordo com publicação recente da Exame, a Foxbit enfrenta problemas com cadastros de novos usuários, enquanto a rival, já avisa nos termos de serviço que ataques de hackers podem acontecer e dados pessoais podem ser acessados ilegalmente por terceiros.

Diante dos fatores Ernani conclui que é importante considerar que, por não ser regulado, esse mercado já oferece por si só grande risco e possibilita esse tipo de ação. Contudo, todo produto novo provoca reação dos concorrentes estabelecidos, como bancos e Estado. “Ainda mais com as características do bitcoin, volátil, intangível e instável. Por isso, como tempo, é fundamental avaliar se estamos lidando com uma moeda que cumpre suas funções típicas (meio de troca universal, pagamento e reserva de valor) ou com uma commodity monetária como opção no mercado acionário.”

Como obter

Diferente do que ocorre com o dinheiro comum, controlado pelos Bancos Centrais, as transações com estas moedas ocorrem virtualmente desde 2009, quando surgiu. De acordo com Ernani, o processo virtual de concepção da moeda baseia-se em sistemas computadorizados chamados de blockchain, um grande banco de dados que registra todas as transações feitas no mundo. “O processo tem suporte de grandes redes de computadores e o ambiente criptografado garante sua segurança.”

Assim, para obtê-la, pessoas físicas ou jurídicas precisam criar uma carteira virtual por meio de um software instalado no computador ou celular. O dinheiro fica armazenado ali e gera em uma corretora virtual um arquivo com esse registro. O futuro investidor receberá então um código para efetuar as transações de compra e venda. Diante dos já mencionados riscos, há situações que tornam a possibilidade de prejuízo ainda maior, já que muitos investidores tem apostado em empréstimos para adquirir as moedas.

O que dá pra comprar

O mapa interativo Coinmap.org aponta estabelecimentos que já trabalham com esta forma de pagamento. Nos Estados Unidos e Europa o número de estabelecimentos cadastrados passa de 11 mil. Os produtos e serviços variam entre lanches do Subway a um carro Tesla Model S (que no Brasil é vendido a quase R$ 800 mil), passando por aplicativos. Por aqui o mercado, ainda incipiente, dá seus sinais mais promissores nas regiões Sul e Sudeste.  

De acordo com o Coinmap, em Mato Grosso há apenas dois pontos onde as criptmoedas são aceitas: a Fone Fácil Brasil, em Alta Floresta (800 km de Cuiabá) e a Wrapz Lanchonete, em Tangará da Serra (240 km de Cuiabá). No primeiro caso as transações são feitas desde outubro de 2014 enquanto no segundo, desde setembro de 2017. 
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