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Batata aumenta 68% e feirante do Porto tem que fechar barraca em decorrência da greve

25 Mai 2018 - 10:47

Da Reportagem Local - Lucas Bólico / Da Redação - Isabela Mercuri

Foto: Lucas Bólico / Olhar Direto

Batata aumenta 68% e feirante do Porto tem que fechar barraca em decorrência da greve
A greve dos caminhoneiros, que já chega em seu quinto dia, atingiu em cheio os feirantes do Mercado do Porto. Com mercadorias mais caras na distribuidora, muitos tiveram até mesmo que comprar estoque no supermercado. Sem previsão de normalização, no entanto, a tendência é que as barracas fechem nos próximos dias, causando ainda mais prejuízos.

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Wesley Martins, 25, é feirante, e contou ao Agro Olhar & Negócios que só tem mercadoria para hoje, e vai ter que fechar a barraca, o que lhe causa um prejuízo de cerca de R$1200 por dia. “Eu tenho mercadoria até pra amanhã, pra amanhã não tem mais, tem que fechar a banca, pagar o funcionário pra ficar em casa, e amanha como vou fazer? Vou tirar dinheiro da onde? Não tem, vou ficar em casa e fechar a banca”, lamentou.

Ele, que vende legumes e verduras, contou que no primeiro dia de greve, já estocou uma parte da mercadoria, mas, como é perecível, já está no fim, e o preço na distribuidora aumentou muito. “A batata mesmo eu tinha pagado R$89 [40 kg] e está R$150 a R$200, depende da qualidade, mas não tem nem qualidade pra escolher mais, é só aquela batata”, disse.

Apesar deste aumento de quase 70%, Wesley tenta não repassar o valor ao cliente, pensando em não perdê-lo no futuro. “Não pode aumentar muito, tem que aumentar acessível. Por exemplo, o máximo que dá pra vender as batatas é R$5, o certo era vender a R$6, porque o Ceasa de são Paulo está vendendo a R$7, e lá é mais barato que aqui. Se eu colocar mais que R$5 aqui, eu perco o cliente. E se eu não tiver mercadoria, o cliente vai em outro lugar e compra. O povo está comprando em mercado, no quilo, pra vender aqui, pra não perder cliente. Ontem mesmo eu fui no mercado, comprei cebola, alho, no quilo, pra manter a banca, pra não perder o cliente, porque o cliente não quer saber, ele está com dinheiro, quer comprar, não quer saber”.

O feirante afirma que, mesmo se a greve acabasse hoje, a situação só voltaria ao normal na próxima quarta ou quinta-feira. “Porque essa mercadoria que está no caminhão, com certeza perdeu. O diferencial nosso de mercado é que é todo dia [mercadoria] nova, o máximo é um dia e meio de estoque, porque se não fica chato vender verdura mucha, velha...”, lamenta.

A previsão, então, é que a banca feche no final de semana, dias de maior movimento. “E tem que pagar funcionário, a associação, que é a parte do governo, da prefeitura, a gente paga R$70 por semana, e vai ter que pagar, não tem jeito. O imposto a gente vai ter que pagar, não tem jeito”.

Entenda

O governo federal anunciou, na noite da última quinta-feira (24), uma proposta para suspender a greve dos caminhoneiros por 15 dias. Porém, nesta sexta-feira (25) os manifestantes continuam a bloquear pelo menos 26 trechos de rodovias federais que cortam Mato Grosso. Em outros Estados, a situação é a mesma. Vale lembrar que diversos serviços foram suspensos ou reduzidos por conta da falta de combustível. O protesto já dura cinco dias e tem reflexos em diversos setores.
 
Os caminhoneiros estão passando dia e noite nos pontos de bloqueio. A comida e água que recebem, são de doações. Além disto, acrescentaram que só pretendem desmobilizar o movimento quando o problema for resolvido.
 
Na manhã desta quarta-feira, o presidente Michel Temer se reuniu com ministros para discutir a greve dos caminhoneiros, que acontece em todo o país. A conversa ocorre no dia seguinte ao anúncio da Petrobras de redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 15 dias. Com esta decisão, o governo espera conseguir negociar com o movimento dos caminhoneiros, que se queixam do preço final do diesel.
 
Em razão da greve dos caminhoneiros que paralisaram o transporte e o consequente bloqueio nas bases de distribuição, o abastecimento nos postos está comprometido. Com a falta de produto em alguns estabelecimentos, os usuários passam a procurar outros. Além disto, o medo de que acabe o combustível também aumenta a demanda, o que pode esgotar todas as reservas dos postos.
  
A mobilização foi proposta pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e iniciou na manhã desta segunda-feira (21). Em razão dos pesados impostos e do baixo valor dos fretes, a categoria afirma que enfrenta uma grave crise e articula ações em todo o país para evidenciar o descontentamento com a atual política econômica. A PRF mantêm o diálogo com os caminhoneiros.
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