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Terça-feira, 23 de abril de 2024

Notícias | Economia

Abertura econômica de Cuba e Irã poderá beneficiar o Brasil

Há expectativa de melhora nas relações comerciais do Brasil com economias em processo de abertura, como o Irã e Cuba, apesar da grande disputa por mercado que deve emergir nesses países.

Com a recente flexibilização do bloqueio norte-americano a Cuba e a perspectiva de fim do embargo, é certo que os Estados Unidos e o Canadá "vão entrar para valer" no país latino-americano, afirma o professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Carlos Alves dos Santos.

"A relação entre os EUA e Cuba é muito forte, para o lado negativo e positivo", diz ele, acrescentando a Espanha na lista dos fortes concorrentes na disputa pelo mercado cubano.

Apesar da grande competitividade dos produtos norte-americanos e canadenses, o professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Marcus Vinicius de Freitas, diz que o Brasil pode se aproveitar das vantagens que tem no setor automobilístico e de autopeças.

"A abertura econômica deCuba vai criar demanda por carros e o Brasil é o quarto maior mercado [de vendas] do setor. Nesse sentido, o País poderia firmar algum acordo preferencial que contemple exportação de veículos e de autopeças", sugere o professor da FAAP.

Freitas lembra também dos investimentos brasileiros na construção do Porto de Mariel, localizado a 40 quilômetros da cidade de Havana e impulsionado pela Od e brecht . Segundo ele, o Brasil pode vir a lucrar com o comércio nesta região, que deve se elevar após o fim do embargo. "O aumento do comércio no Porto de Mariel vai gerar dividendos para o Brasil", reafirma Freitas.
Para o professor da PUC-SP, a recente aproximação de potências como os Estados Unidos com Cuba mostra que "a aposta do governo brasileiro na construção do porto foi acertada". "O governo abriu as portas para os empresários do País aumentaremas suas exportações.Cabe a eles dar esse próximo passo", ressalta.

Petróleo Santos diz que o Brasil poderia usufruir das possibilidades que Cuba oferece em exploração de Petróleo. "O País tem tecnologia avançada em prospecção de Petróleo em mares muito profundos. Isso poderia ser aproveitado. [...] É claro que a Petrobras está passando por um momento complicado.Mas as negociações com Cuba não são para amanhã", afirma Santos.
O professor da FAAP avalia que o fim do bloqueio a Cuba ainda é incerto, já que essa decisão depende do Congresso norte- americano. "Neste momento, o Congresso está nas mãos dos republicanos. E, se eles decidirem pelo fim do embargo, isso significará uma vitória à política do [presidente Barack] Obama. Por isso, não me parece interessante, do ponto de vista republicano, estabelecer o fim do bloqueio ", diz o professor.

Apesar das oportunidades apontadas, os especialistas reafirmam que o Brasil corre o risco de ter a sua balança comercial com Cuba impactada negativamente, se não buscar formas de avançar em competitividade e em acordos comerciais.
Avanço no Irã

Já com Irã, o Brasil pode elevar as suas exportações de commodities agrícolas, aponta Freitas. O avanço das negociações entre o país do Oriente Médio e as potências do Grupo 5+1 (China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), pode colocar um fim às sanções econômicas ao Irã, promovendo, dessa forma, um aumento do comércio com a região.

"Apesar da queda do preço do Petróleo no mercado internacional, o Irã segue sendo um grande produtor desse recurso.
Com o eventual fim das sanções, a venda de Petróleo iraniano se eleva e, dessa forma, o país pode ter os recursos necessários para comprar produtos de outras nações, inclusive do Brasil", analisa o professor da FAAP.

"O enriquecimentos da população cria demanda pelo consumo de proteínas, como carne, além de commodities agrícolas, produtos que podem ser facilmente fornecidos pelo Bra s i l", complementa.

Números do comércio brasileiro já mostram alta nas exportações de carne ao Irã. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as vendas de carne ao país do Oriente Médio cresceram, em quantidade, 99% em março deste ano, em relação ao mês anterior, com o envio de 827 toneladas. Já em faturamento, esse comércio cresceu 92% em março, ante fevereiro, acumulando US$ 31,6 milhões.

Em produtos industrializados, Freitas acredita ser difícil que o Brasil tenha competitividade para entrar no mercado iraniano. "Nesse ponto, enfrentamos a vantagem geográfica da China, que possui manufaturados mais competitivos que os fabricados no Brasil", diz.

Santos lembra que a política chinesa de financiamento às exportações é mais avançada do que a política brasileira, outro ponto desfavorável ao comércio exterior do País.

De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o mercado iraniano, quando reaberto, também irá oferecer oportunidades nas áreas de aviação, Equipamentos agrícolas (máquinas e armazenagem) e autopeças. "Antes do embargo, o país era o maior produtor de veículos leves do Oriente Médio e possuía a 11ª maior produção mundial de veículos, à frente de Reino Unido, Itália e Argentina, sendoum forte exportador para o norte da África e Ásia", afirma o relatório da agência de investimentos.

Além disso, outras oportunidades estão em alimentos e bebidas, Máquinas e Equipamentos de saúde e cosméticos.
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