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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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ENTREVISTA

Nova gestão vai retomar programas de Blairo Maggi, declara Carlos Fávaro

Foto: Assessoria

Nova gestão vai retomar programas de Blairo Maggi, declara Carlos Fávaro
Mato Grosso voltará a ter um representante de peso do agronegócio no Palácio Paiaguás a partir de 1º de janeiro de 2015. A entrada de Carlos Fávaro (PP) no governo de Mato Grosso, como vice-governador na gestão Pedro Taques (PDT), vem para preencher uma lacuna deixada pelo atual senador Blairo Maggi (PR) quando este era governador do Estado e deixou o cargo em abril de 2010 para tentar um posto no Senado.

De acordo com o vice-governador eleito, a sua experiência com o associativismo tendo a trazer benefícios para Mato Grosso. Entre os pontos prioritários ligados ao agronegócio mato-grossense no plano de governo de Pedro Taques, Fávaro afirma que está a infraestrutura de logística.

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O ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) declara, em entrevista ao Agro Olhar, que deverão ser retomados alguns projetos/programas de governo do ex-governador e hoje senador Blairo Maggi no que diz respeito à logística, bem como deverão ser feitos programas semelhantes a tal gestão quanto aos incentivos fiscais para atrair a industrialização para o Estado.

Agro Olhar – O senhor será o primeiro representante do agronegócio, após a saída de Blairo Maggi em abril de 2010, no Palácio Paiaguás, mesmo que sendo como vice. Quais as pretensões voltadas para o agronegócio a partir de agora?

Carlos Fávaro - Primeiramente gostaria de agradecer a todo o povo mato-grossense que confiou neste projeto do Pedro Taques com o Carlos Fávaro e dizer que a grande diferença entre o projeto com o ainda governador e o Senador Blairo Maggi, ligado ao agronegócio, é que ele tem sua luz própria, liderança própria, produto de sua magnitude. A diferença é que agora eu vim da origem das associações, das entidades de classes. O escolhido não foi o Carlos Fávaro. O escolhido foi um membro da sociedade organizada do agronegócio e isso aumenta muito a minha responsabilidade, mas em contrapartida o compartilhamento das decisões será feito com as entidades. Retornarei a minha casa sempre que necessário para ouvir as demandas e também as sugestões para que nós possamos fazer um governo mais justo, mais eficiente e que venha a contento não só dos agricultores, mas como de toda a sociedade de Mato Grosso.

Agro Olhar - Como será este relacionamento com as entidades da classe produtiva de Mato Grosso? Não apenas a classe produtiva rural, mas também a industrial e a comercial?

Carlos Fávaro - Uma relação de bastante afetividade, de conversa, de alinhamento, de debate. Claro que nós vamos respeitar e as nossas entidades não precisam e não devem se tornar entidades de chapa branca, que bata continência ao governo. Podem ser críticos, podem fazer reivindicações e cobrar de forma eficiente. Mas, a grande diferença é que nós vamos estar de portas abertas, nós vamos estar ouvindo e complementando as medidas que vão trazer sucesso para o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso. Pretendemos criar a "Super Secretaria de Desenvolvimento", aonde vamos englobar todo o desenvolvimento do Estado e isso será feito junto com as organizações de classe da indústria, comércio, agricultura, tudo isso vai fazer parte do nosso plano de governo.

Agro Olhar - O senhor falou sobre esta "Super Secretaria". Nós estamos vendo diretas reivindicações com relação a Sema, Sefaz, Sicme e ao Indea. Vocês já estão em fase de transição e de planejamento de secretariado. Como será o seu papel diante dessas Secretarias que de alguma forma estão ligadas ao agronegócio, ao comércio e a indústria mato-grossense?

Carlos Fávaro - Primeiro temos sempre que lembrar que o governador é o Pedro Taques. Ele foi eleito. Ele teve o voto dos mato-grossenses e o meu papel é de vice, então quando chamado vou colaborar com aquilo que for demandado. Temos compromisso com o desenvolvimento de Mato Grosso. As Secretarias não podem mais ser Secretarias e o governo do Estado atrapalhador. Não podemos mais esperar dois, três, quatro anos para conseguir uma licença da Sema. Isso é inadmissível. Vamos trazer eficiência na gestão dos órgãos públicos. Certamente que vou participar a convite do Pedro Taques para colaborar com a experiência que temos do associativismo e trazer agora para o governo do Estado. Nós vamos valorizar o funcionalismo e vamos cobrar eficiência para termos um Estado justo, mais eficiente e vamos combater muito a corrupção.



Agro Olhar - Como o senhor e o governador eleito Pedro Taques veem a aceitação de vocês hoje diante os resultados apresentados nas urnas?

Carlos Fávaro - A maior prova de aceitação é a eleição em primeiro turno com mais de 57% dos votos diante de quatro candidatos, até cinco em alguns momentos. Isso prova que o povo quis a mudança. A mudança com responsabilidade, a mudança com seriedade. Essa é a maior prova da aceitação e temos certeza que só aumentou a nossa responsabilidade, mas nós estamos preparados e vamos fazer um governo justo e progressista para o governo de Mato Grosso.

Agro Olhar - Durante a campanha dois pontos foram focados pelo senhor que foram a agricultura familiar e a logística? Vocês já estão planejando trabalhar estes dois pontos?

Carlos Fávaro - Sem sombra de dúvidas o compromisso que nós fizemos durante a campanha com relação à infraestrutura e logística. Primeiro compromisso o Fethab volta a sua função original. É inadmissível desvio de finalidade. Nós vamos colocar 70% dos recursos como diz a Lei de criação do Fethab para fazer infraestrutura de logística rodoviária, pontes, conservação de estradas vicinais, manutenções e parcerias com as associações e com as prefeituras para a construção de novas rodovias. Vamos continuar com o MT Integrado, a única coisa é que vamos verificar os contratos e a seriedade dos serviços e sua qualidade. O MT Integrado é um bom programa e nós vamos continuar com ele, assim como a construção de pontes. Vamos efetivar definitivamente a infraestrutura e logística como prioridade no Estado de Mato Grosso, porque infraestrutura de logística não é só para beneficiar produtores, também é para beneficiar o cidadão que precisa de saúde e de educação e que precisam de rodovias para chegar mais rápido as universidades a um hospital regional.

Agro Olhar – E a agricultura familiar?

Carlos Fávaro - Já com relação à agricultura familiar é uma bandeira que levanto pela minha origem. Eu vim para o Estado de Mato Grosso pela pequena propriedade e tive a oportunidade para que minha família se desenvolvesse a partir de uma pequena propriedade e consegui crescer no Estado de Mato Grosso. E isso graças a grandes programas e um pouco de dedicação. Mas, certamente precisa da presença do Estado. Hoje, a pequena propriedade não pode mais sonhar prosperidade e nem permitido é em um Estado que não leva à regularização fundiária, não leva a transferência de tecnologia, não leva acesso às propriedades com rodovias, com comunicação, com celular e com internet não está querendo que a pequena propriedade se desenvolva. Não é favor fazer isso. Não é esmola para a pequena propriedade. É oportunidade econômica para o Estado. Só para se ter uma noção nós importamos mais de R$ 900 milhões por ano em hortifrutigranjeiros. Quase R$ 1 bilhão por ano. Que é 70% do alimento que vem para a nossa mesa. Não dá mais para ser o maior exportador de soja, milho, algodão, girassol, milho pipoca e o maior rebanho bovino e ainda importar dos outros Estados hortifrutigranjeiros. Nós temos terra boa, gente no campo, são mais de 150 mil famílias prontas para trabalhar, nós temos um clima espetacular e propício para produzir, contudo não temos o apoio do governo. Ninguém leva a tecnologia, ninguém leva a informação, ninguém leva a regularização fundiária e tudo isso nós vamos fazer não por favor, mas sim por compromisso e para aquecer a economia do Estado através da pequena propriedade.



Agro Olhar - O senhor acha que quatro anos são o suficiente para solucionar os problemas de infraestrutura e da agricultura familiar?

Carlos Fávaro - São 20 anos de atraso. Os programas de infraestrutura no governo Blairo Maggi avançaram e depois foram esquecidos. Nós vamos retomar o modelo e se tivessem continuado no ritmo que fez o governo Blairo Maggi certamente Mato Grosso teria muito mais estradas pavimentadas. Foi abandonado aquele programa de parceria com as associações e desviada a finalidade do Fethab. Nós vamos retomar. O Estado tem mais de 20 mil de rodovias para serem pavimentadas que não serão feitas em quatro anos, entretanto vamos avançar pelas principais rotas. Nós vamos avançar com a regularização fundiária nas propriedades, vamos levar tecnologia, informação. Quatro anos não vai transformar Mato Grosso por total, porém certamente vai melhorar muito em todos os aspectos.

Agro Olhar - No atual governo federal e estadual uma coisa que vimos em relação à logística foram às concessões. Vocês acham que é uma alternativa para a logística mato-grossense?

Carlos Fávaro - Olha é fundamental. O mundo inteiro usa rodovias concessionadas. Mato Grosso não pode ser diferente. Agora, o que temos que decidir é o modelo. A iniciativa privada pode e deve fazer parte do governo. Só temos 20 mil quilômetros de rodovias para serem pavimentadas. Ter parceria público-privada é um meio mais rápido para se ter isso. Mato Grosso é o único Estado brasileiro que tem Fethab e por isso não podemos fazer com que o produtor pague o Fethab e depois pague pedágio alto. Ele tem que pagar um pedágio como se fosse uma manutenção com tarifas acessíveis e quem aparece também na parceria público-privada é o Estado trazendo recursos para complementar à manutenção ou a construção de rodovias. Isso faz com que as tarifas sejam acessíveis para que se tenha uma boa manutenção e uma boa manutenção garante qualidade do transporte, redução de preço de frete. Isso não vai onerar, pelo contrário vai baratear o custo da produção. Então são importantes as concessões, mas em um modelo eficiente em que o Estado comparece e a iniciativa também e a tarifa é reduzida. É esse o modelo que nós vamos implementar no Estado.

Agro Olhar - E em relação à industrialização? O governo Pedro Taques tem alguma coisa em mente para atrair novas indústrias? Pois, se vê que em Mato Grosso são poucas. Às vezes há interesse, porém acaba-se desistindo.

Carlos Fávaro - Primeiro nós temos que respeitar a nossa vocação. Não vamos prometer trazer para Mato Grosso uma indústria automobilística. Essa não é a vocação de Mato Grosso. Nós temos que trazer indústrias para a transformação da nossa matéria-prima. Nossa vocação é a base do agronegócio. Agora, o Estado é um Estado atrapalhador. Temos a carga tributária da energia elétrica maior do Brasil e ninguém vai industrializar com uma carga tributária de energia tão cara, com uma infraestrutura de logística deficiente. O Estado precisa comparecer. Precisa voltar a ter programas de incentivo que atraiam a indústria que ajude a cadeia. Um bom exemplo disso foi o Proalmat (Programa de Incentivo ao Algodão de Mato Grosso), onde se deu isenção fiscal para um produto que praticamente não existia em Mato Grosso, apenas 3% do algodão brasileiro era produzido aqui e a partir de um programa de incentivo fiscal bem elaborado e eficiente, hoje, produzimos mais de 53% do algodão nacional. Então é este modelo que vamos implementar. Vamos cuidar da cadeia. Vamos dar um segundo passo. A produção de base está muito bem estabelecida. Agora vamos dar incentivos organizando as cadeias pelas vocações regionais. Cada região vai ter sua vocação para a industrialização. Vamos fazer isso de forma organizada e o Estado vai comparecer sim com incentivos para que a indústria venha para cá.
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