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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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ILPF em Mato Grosso eleva produção de carne em cinco vezes ante a média nacional

Foto: Gabriel Rezende Farias/Embrapa Agrossilvipastoril

ILPF em Mato Grosso eleva produção de carne em cinco vezes ante a média nacional
Estudos quanto ao sistema de integração lavoura-pecuária-floresta em Mato Grosso apontam uma produtividade de até 32 arrobas por hectare na pecuária bovina em um ano. O volume supera em cinco vezes a média nacional e em oito vezes a produtividade média por hectare no Estado. Segundo estudo da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, o resultado é reflexo do manejo adotado, somado a sinergia dos componentes do sistema produtivo.

A avaliação da produtividade do Nelore no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta foi realizada entre julho de 2015 e julho de 2016. Conforme a Embrapa Agrossilvipastoril, a área avaliada neste período conta com conta com pasto de Brachiaria brizantha cv Marandu semeado após dois anos de lavouras de soja na safra e milho consorciado com braquiária na safrinha. A área possui ainda uma linha de eucalipto a cada 37 meses, proporcionando ciclagem de nutrientes no sistema e acesso à sombra aos animais.

A pesquisa comparou a produtividade de outros tratamentos com a pecuária exclusiva, com a integração lavoura-pecuária (ILP) e em sistema silvipastoril (IPF), com renques de linhas triplas de eucalipto a cada 30 metros.

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Entre os sistemas de integração, o que une a lavoura, pecuária e árvores foi o que apresentou o melhor de produtividade, com uma variação entre 29 e 32 arrobas por hectare. Já a integração entre lavoura e pecuária entre 20 e 24 arrobas por hectare. O estudo apontou ainda um ganho médio de 17 arrobas por hectare ano tanto na pecuária exclusiva quanto na integração apenas com a floresta.

Hoje, segundo a Embrapa Agrossilvipastoril, a produtividade média por hectare em Mato Grosso ao ano é de quatro arrobas, enquanto a nacional é de seis arrobas.

"Um bom manejo do pastejo, ajuste da taxa de lotação com orçamentação forrageira da fazenda, uso da lavoura e uso do componente florestal. Tudo isso para que se tenha os benefícios da lavoura, que propicia maior produção de capim, o benefício da árvore oferecendo ambiência e desempenho melhor para os animais, para que no fim do dia possamos colher mais num mesmo hectare de terra", explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Bruno Pedreira.

De acordo com o pesquisado da Embrapa, o fato de se obter ganho média de 17 arrobas por hectare ano com a pecuária exclusiva mostra que é possível o pecuarista elevar sua produtividade mesmo sem adotar o sistema de integração, bastando o produtor fazer a adubação de manutenção da pastagem e o ajuste da taxa de lotação em função disponibilidade forrageira.

A Embrapa revela que em todos os tratamentos utilizados pela pesquisa a pastagem recebeu adubação de manutenção em dezembro de 2015. Na ocasião foram adicionados 50 quilos de nitrogênio e potássio e 40 quilos de fósforo por hectare. O pasto foi manejado na altura de 30 cm, adicionando ou retirando animais de acordo com a demanda da planta forrageira. Além disso, os animais que entraram no experimento com aproximadamente 335 quilos receberam suplemento proteinado de 0,1% do peso vivo.


Na pecuária exclusiva a produtividade média atibgiu 17@/ha ano, mostrando ser possível ampliar a produção sem o sistema de integração. Foto: Viviane Petroli/Agro Olhar

Recentemente, como o Agro Olhar comentou, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) revelou que a cada dia cresce a conversão de áreas de pastagem em áreas agricultáveis no Estado. O Panorama da Pecuária 2016 de Mato Grosso, divulgado na última semana pela Acrimat, mostra que dos 2.481 pecuaristas entrevistados durante o Acrimat em Ação 30% revelaram realizar nos últimos cinco anos a integração entre a pecuária e a agricultura no caso.

"Intensificar significa aplicar qualquer técnica que melhore no desempenho e na sua rentabilidade. A agricultura tem se apresentado como uma opção muito grande na melhora no desenvolvimento na utilização dos recursos disponíveis na propriedade", pontuou o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, na ocasião.

O superintendente da Acrimat, Francisco Manzi, afirmou recentemente que "A pecuária não está perdendo espaço para a agricultura. Algumas propriedades vêm cedendo espaço para a agricultura, mas isso vem dando uma nova visão para o produtor para ele não colocar os ovos todos na mesma cesta. A pecuária tem mostrado que ela ajuda a intensificar a agricultura, também. Então, nos acreditamos nesse ganha a ganha. É possível produzirmos cada vez mais em uma área menor e o produtor tem várias opções de investimento".

Conforto térmico

A avaliação da pecuária de corte em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) também apontou a importância do conforto térmico para o ganho de peso dos animais.

Outro ponto observado e que contribui para o ganho de peso é o comportamento do animal. Levantamentos no ILPF mostraram que os bois ficaram 90% do tempo de ruminação e 76% do seu período de ócio na sombra.

"Temos um indicativo de que o desempenho pode melhorar com a sombra. A única diferença que temos entre os tratamentos ILP e ILPF é a presença de árvores. Então, por algum motivo, em algum lugar lá dentro esse ganho está sendo aditivado ao sistema. Isso pode estar relacionado à ciclagem de nutrientes, à sombra, à temperatura. Há quem diga, inclusive, que os animais estão mais tranquilos com as árvores", diz Bruno Pedreira.

As pesquisas sobre ILPF voltadas para a pecuária de corte na Embrapa Agrossilvipastoril são realizadas por meio de uma parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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