Imprimir

Notícias / Economia

Governo ainda luta por confiança do mercado internacional após escândalo da Carne Fraca

Da Redação - André Garcia Santana

Ainda sob restrições impostas pela maioria dos países importadores, o Brasil tenta recuperar a confiança do mercado internacional após o escândalo das irregularidades tragas a tona pela Operação Carne Fraca da Polícia Federal (PF).  À sombra das denúncias contra frigoríficos e fiscais, embargos comerciais e garantia, por parte do governo, de que a carne é confiável, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP), busca mensurar o estrago e contornar a situação no exterior.

Leia mais:
Maggi e Novacki têm bateria de viagens para reduzir impacto de crise política e “Carne Fraca” no agronegócio

O desafio é escancarado, de acordo com ele, já na chegada dos produtos brasileiros em outros países, momento no qual os lotes são fiscalizados. O procedimento, que antes cobria de cinco a 10% da mercadoria, se estende hoje a verificação de 100% das cargas. A fala foi feita durante a abertura do Fórum de Cadeias Produtivas, na manhã de segunda-feira (5), ocasião na qual o ministro também destacou a aproximação do país com a Índia e o Oriente Médio.

“O estrago que essa operação causou a imagem do Brasil, tem um tamanho que ainda não conseguimos dimensionar. A partir do momento em que nós mesmo, brasileiros, dissemos que estávamos comendo carne com papel, com ácidos que poderiam ser cancerígenos, foi uma infelicidade muito grande na colocação. Então a imagem do Brasil ficou ruim nesse processo e não está sendo fácil contornar isso”, afirmou.

Uma das justificativas Minis é o fato de que muitos países importadores também são produtores. “A gente acha que só o Brasil é produtor. Eu estive há poucos dias no Oriente Médio e eles são produtores de frango. Produzem 40% dos frangos que consomem e importam 60%, dos quais 90% saem do Brasil. E eles já nos adiantaram que em cinco ou dez anos eles querem inverter, sendo 60% de consumo próprio e 40% importado.”

Embora Mato Grosso não tenha nenhuma planta frigorífica e empresa envolvida na Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela PF, foi registrada a suspensão de abates de bovinos e queda de aproximadamente 10% no preço da arroba do boi gordo.

A PF aponta que os fiscais investigados na operação recebiam propina das empresas para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva da carne e que o esquema permitia que produtos com prazo de validade vencido e com composição adulterada chegassem a ser comercializados. De acordo com a operação, eram usados substâncias para “maquiar” a carne vencida.

Além das prisões, conduções coercitivas e apreensões, a operação deixou os consumidores brasileiros mais cautelosos. No mercado exterior, a operação resultou na suspensão de exportação de carne para 14 países e a União Europeia. Outras dezenas, em outros continentes, também chegaram a cancelar total ou parcialmente a compra do produto brasileiro. 
Imprimir