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Abates de bois são suspensos em Mato Grosso por falha no sistema de emissão de GTA

Agro Olhar com Acrimat

As indústrias frigoríficas de Mato Grosso estão paralisando as operações ou reduzindo a escala de abate por falhas no sistema de emissão de Guia de Transporte Animal (GTA) do governo do Estado. A afirmação é da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat). 

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Implantado no dia dois de janeiro, o novo sistema deveria agilizar a emissão do documento indispensável para o trânsito de animais, porém, não está suportando a demanda de aproximadamente quatro mil documentos por dia. A Acrimat denunciou o problema no início de janeiro, logo após a implantação do sistema.

Desde a sexta-feira de Carnaval (8) pecuaristas de todas as regiões de Mato Grosso estão enfrentando dificuldade para emitir a Guia. Uma semana depois o problema, ao invés de ser resolvido, piorou e desde a quinta-feira (14) está fora do ar. O produtor da região de Vila Bela da Santíssima Trindade (520 km a oeste da Capital), Cristiano Alvarenga, relata que na tarde de sexta-feira (15) havia mais de 20 pecuaristas esperando na porta da unidade do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) para tentar retirar o documento e embarcar o gado para abater na segunda-feira (18).

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O superintendente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), Jovenino Borges, afirma que nesta sexta-feira muitas unidades não cumpriram a escala 100% e que, se o sistema retornasse até o final do dia, a esperança seria uma plantão no sábado nas unidades do Indea para amenizar os prejuízos. “Ainda não sabemos o impacto que terá na receita das indústrias, mas um dia parado reflete na receita mensal da empresa”.

O Indea é o órgão responsável pela emissão do documento, mas o desenvolvimento do software foi realizado pelo Centro de Processamento de Dados do Estado de Mato Grosso (Cepromat). A coordenadora de Controle de Doenças Animais do Indea, Daniela Soares, explica que o órgão é apenas um operador do sistema e que cabe ao Cepromat resolver o entrave. Como conta, há duas equipes trabalhando para colocar o sistema no ar, porém que eles não sabem explicar o que está ocorrendo. “Eles estão tentando resolver, mas não nos passam a causa das quedas do sistema. Mas sabemos que o problema é não há suporte para atender a demanda”.

Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, o fato é inaceitável. “Estamos deixando de abater porque o sistema eletrônico não funciona. A integração à Plataforma Eletrônica é uma exigência do Ministério da Agricultura e Pecuária e uma reivindicação antiga da Associação”. Ainda de acordo com o superintendente, é preciso reconhecer que o sistema não tem capacidade para operar em Mato Grosso e desenvolver um software compatível com a demanda do Estado.

O GTA eletrônico, como foi chamado, foi lançado em dezembro de 2012 pelo governo e deveria possibilitar o acesso direto dos pecuaristas. Como foi anunciado na época, o governo de Mato Grosso garantia que todos os produtores do estado tenham acesso ao sistema de GTA on-line, mesmo aqueles que não sejam filiados a uma instituição representativa. Fato que até o momento não ocorreu.

A intenção do projeto era de que cada um pudesse imprimir a GTA de sua propriedade antes do embarque, como afirma Daniela Soares. “O objetivo final é que cada um possa emitir seu documento pela internet diretamente, sem intermediários. Mas se não estamos conseguindo por meio das unidades do Indea, não temos como liberar para o acesso individual”.

A denúncia sobre as falhas no software está sendo feita desde o início de janeiro, quando pecuaristas e a própria Acrimat se manifestaram contestando a qualidade do serviço oferecido. Mas nenhuma providência foi adotada pelo governo estadual.
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