Olhar Direto

Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Opinião

Setembro Amarelo - Comportamento Suicida na Adolescência

Setembro é o mês dedicado à prevenção do suicídio e a valorização da vida, denominado “Setembro Amarelo”, onde são realizadas campanhas e discussõe sobre o tema, alertando a população em geral sobre esse comportamento de dar fim a vida. O suicídio é uma tragédia de ordem pessoal e familiar e constitui-se atualmente em um problema de saúde pública.

A organização mundial da saúde tem expressado em suas publicações, que o suicídio tem aumentado significativamente nesses últimos anos em todos os países, em qualquer faixa etária e situação socioeconômica, sendo que em muitos países, está entre as principais causas de morte. Aproximadamente um milhão de pessoas morrem por suicídio a cada ano, ou seja, uma morte a cada 40 segundos. É difícil compreender o motivo que leva um indivíduo a cometer suicídio, sendo um ato de dar fim a vida, onde se tem a consciência clara das consequências que essa ação pode acarretar.

Muitas vezes essa pessoa apenas quer se livrar da dor psíquica, minimizar o sofrimento e acaba buscando essa alternativa. O comportamento suicida é dividido em três fases: ideação suicida (pensamentos, ideias, planejamento), tentativa de suicídio e suicídio consumado. Geralmente a decisão de cometer suicídio não acontece de forma rápida, pois o indivíduo que efetua esse ato, já manifestou anteriormente, alguma advertência de que possuía a ideia de atentar contra sua própria vida. Por isso a ideação suicida é considerada o preditor de risco para o suicídio.

A adolescência é considerada um período propício à ideação suicida, bem como as tentativas de suicídio, sendo que a principal causa é a depressão, onde os sentimentos de tristeza e solidão favorecem os pensamentos e o planejamento do suicídio. Esse jovem tem a tendência a ficar sozinho, isolado, longe das amizades. Possuem dificuldade em expressar suas emoções e pensamentos, ou porque a família, e/ou, amigos não proporcionam essa abertura, ou porque sentem medo de não serem compreendido em suas dificuldades e sofrimento.

Os problemas familiares como: negligencia e rejeição, brigas e discussões frequentes, separação ou perda dos pais, sensação de não se sentir amado, assim como, a falta de amor e compreensão por parte do parceiro, são motivos que leva o adolescente a autodestruição.

Outros fatores que levam o adolescente ao comportamento suicida são: - Bullying, que consiste em agressões verbais ou físicas, que acontecem principalmente dentro do ambiente escolar, onde prejudica a autoestima da vítima, favorecendo a crises depressivas, gerando sentimentos de impulsividade e agressividade; - Homossexualidade, por terem vergonha e/ou medo de assumir sua opção sexual; - Uso de substâncias como álcool e drogas, pois isso altera as funções cerebrais, nível de consciência e pensamento; - Adolescente com histórico de suicídio na família e/ou que já tentaram tirar a própria vida; - Transtornos Psiquiátricos como: Transtorno de personalidade, esquizofrenia e transtorno de humor; - Maus tratos, violência física e emocional, ser ou ter sido vítimas de abuso sexual, baixa autoestima, bem como, gravidez na adolescência, baixa renda e rendimento escolar baixo. Mudanças de comportamento, alterações de humor, impulsividade ou interesses por situações de risco, aumento no consumo de bebidas alcoólicas e/ou drogas, ansiedade, dor psíquica, isolamento, sentimento de culpa excessiva, são alertas importantes de comportamentos ligados direto ao suicídio.

É muito importante também, prestar atenção nas verbalizações dos adolescentes como: - Diretas: “Quero morrer”; “gostaria de estar morto”, “vou me matar”. - Indiretas: “quero dormir e não acordar mais”; “não aguento mais”; “tudo ficará melhor sem mim”; “não faço nada correto”; “sou um fracassado”.

Esses fatores de risco podem indicar que o jovem está pensando e ou até planejando tirar a própria vida. Ficar alerta aos sinais é primordial, pois o adolescente em geral possui muita dificuldade em pedir ajuda em qualquer situação que esteja enfrentando, mesmo em caso de agressão física ou emocional.

E muitas vezes a família acha que são alterações normais da adolescência e não dão tanta importância. Porém, somente identificar os sinais não é o suficiente para impedir o ato, faz-se necessário o fortalecimento das redes de apoio, como família, amigos e pares, pois sabemos que nesse período os relacionamentos pessoais e a percepção de apoio ocupam um papel importante nessa etapa do ciclo vital. Buscar ajuda profissional com psicólogo e psiquiatra é primordial.

Esses dois especialistas juntos, podem ajudar o adolescente sair da crise e fortalecer seus recursos internos, para que assim ele consiga enfrentar as dificuldades encontradas durante seu desenvolvimento, sem precisar recorrer à morte voluntária.


Andréia Ramos é Psicóloga Clínica, Especialista em Psicologia Sistêmica. andreiaramospsico@gmail.com   
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