Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

​O politicamente correto: senso comum e algumas reflexões sobre educação

Em tempos de facilidade ao acesso à tecnologias, cada vez é mais comum que crianças, jovens, adultos e idosos estejam conectados por meio de smartfones e computadores através de rede mundial de computadores, a todos os momentos somos bombardeados por informações de conteúdo variado, desde o famoso besteirol dos grupos de whatsapp, até as famosas “fake news”, o que nos faz pensar o quão difícil é o processo educacional nos dias atuais, quais são os desafios que o movem?

Há pouco tempo se tinha a imagem de que os famosos “CDI's” centros de integração digital, laboratórios de informática, acesso à internet, resolveriam ou, pelo menos, auxiliariam de maneira produtiva o desenvolvimento da educação, tirando o Brasil das piores colocações dos rankings educacionais e nos elevando a patamares como a educação finlandesa ou sul-coreana. Pois bem, recentemente o governo brasileiro através de um programa chamado “tablet educacional”, bancado pelo FNDE (fundo nacional de desenvolvimento da educação), distribuiu mais de 2 milhões de tablets para professores do ensino médio. Passados quase 4 anos da implantação do referido projetos não vemos diferenças efetivas nos padrões educacionais, dados revelam que uma pequena parcela de professores para participação de capacitações on-line de curta duração, já para a grande maioria o instrumento serviu apenas que intermediário entre o antigo retroprojetor, auxiliando no processo de adaptação com o computador tradicional e novas tecnologias, porém nada de concreto se nota.

Acerca das temáticas acima apresentadas temos a clareza de que o imaginário social, o senso comum, as vezes acaba por ser o norteador de questões do nosso dia a dia, inclusive quando se trata de políticas públicas, como no caso a educação. Baseados em muito achismo e por vezes pouco embasamento, a medida que estamos conectados não só recebemos informação, mas temos na mão uma arma poderosíssima que nos permite também tornar produtores de conteúdo, disseminadores de informação. Vejo esse recente fenômeno como intrigante, porém preocupante, gosto de descrevê-lo como a “era do politicamente correto”, nesse terreno fértil confunde-se liberdade com libertinagem, opinião com discurso de ódio, costumes com preconceito, enfim, usa-se muito do senso comum. Estamos a beira do momento em que Alber Einsten previa como “uma geração de idiotas”.

Ainda sob o mesmo prisma trazemos à baila o texto em que Gustavo Ioschpe derruba os 12 mitos sobre a educação, talvez seja a forma mais clara de sustentar algumas das afirmações que faço acima, o autor comenta diversos mitos e tabus sobre a educação brasileira que vem sendo construídos há anos pela mídia, pelas instituições, disseminados através de debates políticos e que já estão “impregnados” no imaginário social, como já citei, sempre carregados com uma dose de senso comum. Loschpe  dialoga de forma madura e clara sobre as chamadas “vacas sagradas” da educação, sempre com confronto de informações e o mais importante, apresentação de dados ao refutar uma teoria, são alguns mitos: 

1 "O Brasil investe pouco em educação", do ponto de vista matemática o investimento não é demasiadamente baixo como se propaga, ao comparar com outros países é alto até demais, talvez o problema é que se investe mal, neste ponto irei além, talvez a mudança aconteça quando deixarem de ver a educação como despesa e sim como investimento.

2 “"Os professores são mal remunerados", mais uma vez deixando o senso comum de lado, devemos observar a média salarial do brasileiro, bem como o número de professore, ou seja, como é um número grande, naturalmente ganharão menos que profissões menos numerosas, deve-se observar também a alta carga tributária do país, o grande vilão da corrupção, então como o próprio autor diz, ele não ganha mal por ser professor e sim por ser brasileiro;

Comentei de forma breve alguns dos pontos, com o intuito de mostrar que podemos ser levados ou nos deixando levar por falsas afirmações\informações que não nos deixam enxergar onde está o real problema, que talvez os “monstros” criados não são tão complexos assim.

Seguem outros mitos sobre a educação, a fim de ilustrar, porém esses não comentarei, deixando espaço para a reflexão, ao observá-los certamente recordaremos de já tê-los ouvido em algum momento, seja em alguma palestra, jornal, ou até algum discurso político, geralmente são bastante genéricos, como o politicamente correto adora, vamos la: “Ganhando mais, os professores vão ensinar mais”; "As salas de aula têm alunos demais"; "Escola em tempo integral vai melhorar os índices educacionais"; "A tecnologia vai resolver o atraso escolar"; "A escola tem que formar cidadãos críticos e conscientes"; "Rankings educacionais não levam em consideração a realidade das escolas"; "Divulgar a nota do Ideb na porta das escolas estigmatizaria alunos";"Universidade pública deve ser gratuita"; "A sociedade está engajada na melhoria da educação""O ensino brasileiro está melhorando na velocidade desejada".

Dois pontos distintos separam esses mitos, as vezes se fala muito em alguns por se tratar de assunto de forte apelo social, de interesse coletivo ou não se toca do assunto por se tratar de tabu, tema impopular, do ponto de vista político essa construção do imaginário social está focada exatamente em apontar os erros\causas e não encontrar uma solução, ou buscar uma solução genérica, dizer que irá resolver um problema criado para mascarar uma realidade é mais fácil do que buscar elementos para enfrentar a real situação. 

Baseados no que acabamos de ver, não é muito difícil entender porque em um ranking com 73 países, o Brasil ocupa a 60ª posição no geral, e em ranking específico pontua na 59ª em leitura e entre os últimos em matemática, ficando com a 66ª colocação. 


Bil Luiz Pereira é funcionário público federal, Jornalista e redator do site Jna Notícias.
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