Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

O casal e a sexualidade

É frequente a busca por teoria sexual por um dos membros de um casal. As queixas são diversas, mas a principal questão que é trazida é: o que fazer para resgatar o desejo? Os casais com este tipo de dúvida geralmente se baseiam na comparação de como a vida sexual era quando iniciaram a relação e como ela está após alguns meses ou anos de relacionamento.
 
Casal é uma relação complexa, que tem por objetivo a troca sexual e a constituição de uma nova família, procriando ou não. Para que o relacionamento sexual seja agradável, é preciso que haja atração mútua, intimidade (pudor excessivo, vergonha, timidez dificultam a isso), entrega, respeito mútuo, liberdade de trocas, liberdade na relação e regras de relacionamento  bem definidas e explicitadas.
 
Essas regras geralmente são criadas ao longo do relacionamento, de acordo com a demanda de cada um, envolvendo as expectativas e os limites particulares frente ao relacionamento.
 
Um indivíduo  busca no outro uma forma de complementar a si mesmo, assim é essencial que um reconheça no outro a existência de outra pessoa, o que implica na aceitação da abrir mão de algumas coisas, é preciso reconhecer e respeitar as necessidades individuais de cada membro do casal.
 
Um casal saudável possui a capacidade de atualizar seus vínculos, escreve sua história estabelecendo suas próprias regras, normas de conduta, prazeres e etc. Nessa construção, a história de cada um é respeitada, sem que haja a necessidade de um se sobrepor ao outro.
 
Assim, individualidade e direitos de cada um são respeitados e reforçados ao mesmo tempo em que o espaço para o "nós" é construído. Numa relação de casal, está em cena o "eu" o "tu" e o "nós". O respeito caracteriza o sentimento que chamamos de amor e deve permear toda a relação.
 
Se faz necessária cautela para que não haja excesso de individualidades, pois isso torna a relação  imparcial, independente, individualizada e o que poderia ser uma troca se transforma em troco. Começa o jogo do "você fez aquilo por isso fiz isso", "já que você não abre mão disso, também não abro mão daquilo", etc; a relação se torna insuportável, cansativa, desinteressante.
 
No exercício  da sexualidade, o casal se depara com as diferenças das individualidades quanto ao ritmo, frequência, tempo de orgasmos, etc. Dificilmente é possível igualar essas diferenças, sendo o melhor caminho encontrar uma forma de ambos se satisfazerem, o que exige que cada um abra mão de alguma coisa.
 
É preciso estar atento para que o tempo não leve embora a responsabilidade de cada um de fazer com que as regras do relacionamento estejam em dia, sendo renovadas quando necessário, sempre rumo ao desejo de permanecerem unidos e não apenas casados.
 
Lidar com tantas questões pode ser difícil para algumas pessoas, principalmente porque nem sempre somos capazes de reconhecer os momentos nos quais estamos sendo egoístas ou despeitando os limites entre nossas necessidades e a necessidade do outro. A terapia é um recurso que auxilia os casais a encontrarem o próprio caminho rumo ao que desejam, permitindo que os mecanismos de defesa inconscientes que estejam atravancando esse caminhar sejam desmascarados e saiam de cena.
 

Larissa H. Mamedes  é Psicóloga e Terapeuta Sexual , CRP SEC 00055
Contato: l.hmamedes@gmail.com
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