Olhar Direto

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

​Dona Morena um século de amor, ternura e fé

Foi no dia 25 de setembro de 1917 que nasceu, em Cuiabá, Mercedes Maria de Lima, fruto da união de uma cuiabana com um paraguaio. O bairro do Barbado (atualmente Campo Velho), em Cuiabá, foi onde ela viveu sua infância e juventude. E foi também o local onde conheceu Euclides Justino de Souza com que se casou, teve 12 filhos e assim constituíram uma grande família.
 
Com o mestre Kid, ela ganhou mais um sobrenome, o Souza e um carinhoso apelido: Dona Morena. Ganhou também um parceiro, com quem partilhou as alegrias e enfrentou as adversidades da vida. Foram 70 anos de cumplicidade, respeito e cuidados. Foram anos também de muita cantoria e danças.
 
As músicas de Agepê, Beth Carvalho eClara Nunes estão nas memórias dos familiares ao recordarem dos tradicionais almoços de domingo na casa dos patriarcas, localizada na Avenida XV de Novembro, no bairro do Porto. Samba, rasqueado e siriri embalaram as festas da família Souza. Músicas românticas tambémentoaram as celebrações de Kid e Morena.
 
Sentar na porta da casa ao entardecer foi um ritual muito cultivado pelo casal. Momentos que ao mesmo tempo que apreciavam o convívio com os filhos, netos e vizinhos, observavam as transformações sociais e econômicas da Cidade Verde.
 
Os dotes culinários de Dona Morena ainda enchem d`água a boca dos familiares ao recordarem das almôndegas, dos peixes assados em folha de bananeira, das misturas de carne com verduras, da banana assada com canela, dos doces de frutas e até de um singelo chá de capim cidreira. Na casa dela sempre se encontrava algo para comer independente do horário. Até para os que moravam longe ela guardava um pote de doce, às vezes, por mais de um ano. Ter sempre um pão bengala com chá mate, uma ata embrulhada no jornal para madurar ou um mingau, eram jeitos de Dona Morena“carinhar”e cativar seus filhos e filhas, genros e noras, netos e netas.
 
Nas memórias dos familiares há também as cenas de Dona Morena rezando o terço de joelhos dobrados, a devoção à São Benedito e Nossa Senhora Aparecida e as inúmeras orações em pedido de proteção para todos os familiares. Atualmente, ela não consegue ajoelhar, mas sua fé continua inabalada. Ela credita a Deus completar 100 anos de vida. " Só Ele sabe porque e para quê”.
 
Além desta crença, Dona Morena também acredita que a alimentação “com sustância”, como caldo de mocotó e rabada, é o segredo da longevidade assim como o amor que ela construiu com mestre Kid: um sempre foi pelo outro. Ela dedicou-seà casa, ao marido e aos filhos e ele sempre retribuiu com muito carinho, amor, parceria, respeito e fidelidade à ela. Ele "paparicava" e “dengava” muito ela.
 
Seu Kid e Dona Morena vivenciaram muita troca, amizade e muito bem querer um pelo outro. Enquanto ele trabalhou na construção civil,ela se dedicou aos afazeres domésticos. Mas eles também dividiram serviços de casa e os cuidados dos filhos. Seu Kid foi cozinheiro de mão cheia. Fazia muitos doces deliciosos de caju, furrundu e curau. Como também temperava muito bem os leitões e peixes das festas da família. Eles eram inseparáveis. Um não saia sem o outro. Dormiram sempre agarradinhos (de “conchinha”). Cultivaram valores de amor, dedicação, trabalho, honestidade e respeito para todos os filhos. 
 
Até os puxões de orelha e beliscões dados por Dona Morena são lembrados com carinho pelos familiares. No auge do seu centenário, ela ainda chama a atenção e “chincha” a orelha de alguém que tenha “pisado na bola”.
 
Hoje e sempre os mais de 90 familiares cantarão para Dona Morena: “... mamãe, mamãe, mamãe tu és a razão do meu dia...” !!!! Viva seus 100 anos de vida !!! 
 
 
Escrito por Julianne Caju a partir de relatos de membros da família Souza. 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet