Ontem fui com minha esposa e minha filha assistir a “Liga da justiça” no Shopping Pantanal. Como estava extremamente lotado, escolhemos a seção das 21h30m e por termos chegado às 19h30m deu tempo para namorar as belas vitrines, jantar e comprar quitutes e água para assistir a seção.

Na praça de alimentação, enquanto comíamos, fomos abordados por uma criança negra que tinha aparentemente seus onze ou doze anos de idade e portava uma mochila nas costas. Ofereceu-nos Halls por R$ 2,50 a unidade argumentando que o valor era pra ajudar com as despesas de casa. Minha esposa ficou com dois.

O garoto agradeceu e saiu. Após a aquisição, minha esposa comentou que “já, já, os seguranças do shopping vai tirar esse menino daqui!” Não dei atenção e voltei a comer. Próximo ao horário do início da seção nos dirigimos até pipocaria do cinema e observei uma cena lamentável ou seja, a profetização de minha esposa se materializando. Fiquei perplexo. Um segurança segurava o menino/vendedor pela mochila e o empurrava para fora da área do cinema, parecia mais um policial conduzindo um ladrão. Fico me perguntando por que somos tão omissos com a desigualdade social. Porque não fazemos nada pelas nossas crianças.

Cadê o conselho tutelar? Cadê a função social da empresa? Qual o futuro desta criança? Uma coisa é certa, se a empresa for instada a se manifestar pela crítica a resposta será a padrão: Sobre o fato em questão, a administração pontua que, em casos como esse, a criança estava sem os pais e estava causando pequenos transtornos. Toda ação é feita com base no Estatuto da Criança e do Adolescente. O Shopping destaca que não houve agressão ao jovem, nem qualquer tentativa de incriminá-lo de nada.

A administração se coloca à disposição das autoridades competentes para fornecer as imagens desta ocorrência. O Shopping repudia qualquer ato de racismo e desrespeito aos direitos das crianças. Em quanto os filhos de pais economicamente providos vão às compras e à diversão, os excluídos em breve estarão atrás das grades. Sabe o que é pior? O segurança que arrastava a criança era um negro. Paradoxal, não é mesmo?


Pedro Neto é advogado.