Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

A Polêmica sobre a disciplina de empreededorismo na UFMT

Já escrevi em diversas oportunidades sobre a aversão ao modo de produção capitalista ainda impregnado em nossa elite intelectual, notadamente nos departamentos de humanas das universidades federais.

Chega a ser um truísmo fazer essa afirmação atualmente. Todavia, pelo menos para mim, quando essa repulsa ao único arranjo viável para a criação da riqueza e capacidade em gerar prosperidade material acessível a milhões de seres humanos manifesta-se de forma cristalina diante de incipientes tentativas em reverter essa triste realidade, ainda causa espanto e indignação.

Vamos ao caso concreto. A UFMT viabilizou a Disciplina de Empreendedorismo[1], em parceria com o SEBRAE, com o objetivo de desenvolver nos discentes o espírito e as condições técnicas necessárias para o empreendimento de atividades empresariais em qualquer área em que pretenta dedicar-se após formado.

Para a Associação dos Docentes da UFMT – ADUFMAT, esta iniciativa da Universidade é uma ameaça ao seu caráter público, ou, nas palavaras da Diretora da ADUFMAT[2]: “ou a defesa da Universidade Pública é um compromisso e com ele, a reafirmação do seu caráter público, autônomo, socialmente referenciado, gratuito e de qualidade, ou a alternativa do projeto que corrói a Universidade Pública por dentro, inviabilizando-a financeiramente, comprometendo-se com a formação de estudantes orientados pela lógica empreendedora e, portanto, do lucro privado”.

Uma análise superficial na frase acima destacada mostra bem os equívocos conceituais e de leitura de mundo que ainda é utilizado pela esquerda incrustada nas universidades públicas. É legítimo que as entidades de classe defendam seu status quo, contudo, pelo bem da lógica e da realidade objetiva, determinados argumentos não deveriam ser utilizados. Universidade pública gratuita? Como? O ensino público não é gratuito, ele é financiado com a apropriação pelo Estado de parte da riqueza produzida pelo setor privado (via empreendedorismo).

O que está corroendo a universidade pública no Brasil é menos a dimensão financeira do que a ideologia antimercado que vem dominando o núcleo “intelectual” dos pensadores do ensino público, fato este já amplamente documentado e acessível em qualquer obra de estudiosos não marxistas.

Perceba leitor que a “lógica empreendedora” pela leitura da Diretora é prejudicial à formação dos alunos. Aqui, novamente, valeria a pena questionar se não é através da “lógica empreendedora” que são pagos os salários dos docentes das universidades públicas? Com este tipo de pensamento fica fácil entender porque nosso País vai continuar amargando a periferia da prosperidade material já alcançado por tantas nações com muitos menos dos nossos recursos.

Como pontuou com muita propriedade o economista Fábio Giambiagi[3] há no Brasil um enorme desconhecimento acerca das virtudes do empreendedorismo. Nada do que existe em uma universidade “pública”, do giz utilizado pelo professor ao equipamento eletrônico de última geração, seria possível estar disponível para o ensino/aprendizagem dos alunos, se não houvesse um mundo guiado pelo “lógica de mercado” para produzir bens de capital, via poupança, e a partir destes, os infindáveis bens de consumo necessários à sobrevivência dos entes de esquerda, centro e direita deste planeta.

Senhores docentes de universidades públicas: somente a “lógica de mercado” colocada em prática através da “lógica empreendedora” é capaz de alocar com racionalidade e otimidade os recursos escassos para satisfação das necessidades humanas ilimitadas. É esta lógica, ou melhor, este arranjo econômico que permite que vocês continuem a dar aulas e filosofar tais conceitos sem precisar ir buscar na natureza os itens básicos de sobrevivência.

Foi este modelo que garantiu a retirada de 90% da população mundial de condições desumanas de existência desde os idos de 1.830. Combater este modelo sem oferecer outro com viabilidade é desonestidade intelectual.

O empreendedorismo é atividade humana complexa, dinâmica, arriscada e instável. Nas palavras do economista autríaco Hans-Hermann Hope é o talento humano necessário para identificar corretamente consumidores em potencial, bem como futura disposição deles em pagar por esse bem ou serviço específico, é um talento que não está distribuído igualmente entre todas as pessoas. Com efeito, a iniciativa da UFMT em proporcionar tal capacitação é extramamente válida. Conjecturar que faz parte de um plano para a privatização das universidades públicas é ignorar causa e efeito.

O mal que o pensamento de esquerda produziu em nosso país é difícil de ser mensurado, pois está escamoteado por uma pseudo-linguagem denominadade de “politicamente correta”. Nosso povo, infelizmente, não está preparado para o mundo atual, todavia, o discurso da esquerda não aponta para esta questão objetiva, antes, construíram a narrativa de que uma “elite retrógrada” impede que os pobres progridam. Que elite? Será que eles não pertencem a esta “elite”? Todos os grandes líderes socialistas/comunistas que assumiram o poder nadaram nababescamente em toda a prosperidade material que o sistema capitalista é capaz de criar enquanto mantinham uma população imersa na miséria material e intelectual.

Culpar os outros, eis a técnica infalível. Vejam os discursos do “maior líder popular deste país”, é sempre o mesmo: “eles não querem que os pobres viajem de avião”; “eles não querem que os pobres comprem carros”... Eles quem? Com certeza não são os empreendedores que estão no mercado brasileiro lutando para sobreviver em um mar de tributos e sistema regulatório absolutamente insano. Vislumbro que talvez possam ser as empreiteiras “campeãs nacionais” criadas o governo petista. Será?

É lamentável quando as entidades que deveriam ser o centro da cultura e produção de mentes hígidas para liderarem a nação rumo ao desenvolvimento, quando, quase por milagre, tendem a dar um passo certo, recebam de setores internos postura semelhante à adotada pela ADUFMAT. Como não concordar com o especialista em educação, Gustavo Ioschpe, quando apregoa que “temos uma cultura que abomina a competitividade, desconfia dos vitoriosos e simpatiza com os fracassados”.
Parabens à UFMT pela iniciativa da disciplina de empreendedorismo!


Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com)

 
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