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Opinião

Do agronegócio ao mercado pet, médicos-veterinários e zootecnistas comprometidos com transparência e inovação

Francisco Cavalcanti de Almeida

Vivemos tempos decisivos. Momento de escolher quem irá nos representar pelos próximos anos. No mês em que o processo democrático fervilha no país, médicos-veterinários e zootecnistas comemoram 50 anos de criação do sistema que fiscaliza e regulamenta suas profissões.

Há cinco décadas, quando foi publicada a Lei (nº 5.517) que criou os Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária, o chamado Sistema CFMV/CRMVs, não se imaginava que as duas profissões ganhariam o protagonismo atual e seriam tão decisivas para a economia brasileira como são agora.

Hoje, a Medicina Veterinária e a Zootecnia fortalecem o agronegócio, mercado que já é responsável por ¼ do PIB brasileiro. São profissionais que estão presentes em toda a cadeia de produção animal do país. São eles que atestam e garantem a qualidade dos produtos de origem animal consumidos pela sociedade. Estão presentes desde o melhoramento genético dos animais, passando pela nutrição, saúde, manejo, abate, rastreabilidade até chegar às gôndolas dos supermercados.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 50 anos, o Brasil saiu de importador para exportador de alimentos, fornecendo comida para 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo. O país tem um rebanho de 5,7 bilhões de aves, 214 milhões de cabeças de gado e 37 milhões de suínos.

O Brasil usa 21,2% de suas terras para pecuária e tem potencial para dobrar a produção, utilizando a mesma área atual. A expectativa do setor é sair de 7% para 10% do mercado de exportação global.

Especialmente nesses últimos 50 anos, após a criação do Sistema CFMV/CRMVs, os médicos-veterinários e zootecnistas foram cruciais na erradicação da febre aftosa, da peste bovina e da peste suína africana dos nossos rebanhos.

O Brasil possui a melhor avicultura do mundo do ponto de vista sanitário, pois o plantel de aves está livre da Influenza e da Newcastle. Justamente, por isso, somos líder mundial em exportações de carne de frango, com 38% da fatia global. De acordo com a ABPA, em 2017, exportamos 4,32 milhões de toneladas para 160 países, com receita de US$ 7,1 bilhões.

Também são profissionais imprescindíveis para o crescimento da indústria pet. Segundo a Euromonitor Internacional, o Brasil é o terceiro maior do mundo em faturamento no setor. O segmento, de acordo com Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), faturou R$ 20,37 bilhões em 2017 e alcançou um crescimento de 4,95%, comparado ao ano anterior
Tudo isso representa a expansão do mercado de atuação para médicos-veterinários e zootecnistas.

Tem apenas 50 anos que a Lei 5517 passou a competência de fiscalizar o exercício profissional da Medicina Veterinária e da Zootecnia para as próprias categorias. Defendemos mercado para os nossos profissionais, cuja missão vai muito além da promoção da saúde e do bem-estar animal. Somos profissionais de saúde única, responsáveis por integrar a saúde animal, humana e do meio ambiente.

A mensagem para os profissionais é de orgulho, reconhecimento e valorização. Mas temos muito trabalho pela frente e compromissos sérios com o desenvolvimento do Brasil.

Às vésperas do pleito eleitoral e com a maturidade de meio século de caminhada, essa é uma data que nos pede reflexão. Somos 187,3 mil médicos-veterinários e zootecnistas brasileiros atuando ativamente pelo crescimento econômico do país. Desse total, 87,6 mil são mulheres e os especialistas políticos apostam que o voto feminino pode decidir a eleição.

Como profissionais que têm compromisso integral e abrangente com a saúde pública, a segurança alimentar e a proteção do meio ambiente, temos a oportunidade de escolher uma plataforma política que coadune com essa missão e reconheça o valor das nossas profissões.

Cabe-nos analisar os candidatos que se aproveitam do período eleitoral e usam a causa animal para ganhar votos, mas que no dia a dia da nossa lida não se fazem presentes.

Temos a oportunidade de renovar a política brasileira e eleger quem reconheça a importância dos serviços veterinários e zootécnicos para a sociedade e a estabilidade econômica do país.  

Transparência e inovação são as premissas que marcam o jubileu de ouro do Sistema CFMV/CRMvs. É o que também queremos para o Brasil. Que os nossos próximos 50 anos, como profissionais e nação, sejam de gestão eficiente e responsável, fortalecimento do processo democrático, transparência pública, controle social e inovação científica e tecnológica.  


Francisco Cavalcanti de Almeida tem 80 anos, atual presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária (2018-2020), médico-veterinário formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e servidor aposentado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)   
 
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