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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Alergia Alimentar em crianças

Arquivo Pessoal

O tema hoje é muito interessante: alergia alimentar em crianças. Bati um papo com 3 mães que descobriram alergias em seus filhos e mudaram suas vidas e relação com a alimentação.

Informação é algo muito precioso nos dias de hoje, principalmente em relação à alimentação. Assim, se você acredita que tem algo errado com relação à sua alimentação ou dos seus filhos, observe, investigue, faça os exames e melhore a qualidade de vida de toda a família.



Depoimento da Cristiane Caldeira, 31 anos, mãe do Guilherme de 3 anos, escreve no Blog Sabor Materno

1 – Como descobriu a alergia alimentar do seu filho?
Guilherme apresentava casos recorrentes de nariz congestionado, febres, irritabilidade, constantes vômitos, tosses, diarreias, suor na região da nuca, desidratação e por fim muitas manchas na pele. Levávamos em pediatras e todos sempre diziam ser uma virose comum a crianças nessa idade. No início deste ano, ele tomou várias vezes antibióticos e ainda no ciclo do antibiótico (7 dias, por exemplo) apresentava os mesmos sintomas. E, há menos de 3 meses extremamente insatisfeita com esses diagnósticos de viroses e inconformada com esses sofrimentos constantes do meu filho procuramos uma nutricionista funcional, pois a minha cunhada e madrinha do meu filho, que é médica dermatologista, estava desconfiada que poderia ser algo relacionado a alimentação.

Fomos a nutricionista funcional e inicialmente no diagnóstico clínico já confirmamos a alergia alimentar, fizemos alguns exames específicos de alergia e o IgE (um índice para medir a alergia alimentar) que normalmente deve estar por volta de 100 estava em 892, portanto ele estava muito alérgico. Inicialmente, orientados pela nutricionista funcional paramos de fornecer leite de vaca e todos os derivados. Logo depois o glúten, o ovo de galinha, castanha do caju, carne de porco e algumas frutas como laranja, melancia e tangerina.

2 – Como você reagiu?
Inicialmente fiquei chocada com a restrição alimentar e muito medo de não conseguir, mas acho que a maioria das mães vêm de “fábrica” com uma capa de super poderes e eles são usados na hora que mais precisamos.

3 – Quais as dificuldades que envolvem essa descoberta?
O mais complicado neste universo é a incerteza, é ter que experimentar, é ter que tentar dar o alimento ao seu filho para ver e analisar como ele vai se comportar, se ele vai ter reação. Isso me angustiava.

E, em busca de alguma certeza procurei o consultório da Dra Cristina Miuki, considerava uma das melhores no país, referência nacional em alergia alimentar. Fomos para São Paulo no dia 11/08 e devido a Dra Cristiana ter sofrido um AVC consultamos com a Dra Vanessa, pois aqui em Cuiabá eu já não havia encontrado uma pediatra, ou gastropediatra que acreditasse na alergia do meu filho. Lá fizemos um exame na pele e foi solicitado outros de sangue.

4 – Como você tem lidado com a situação?
Ainda estamos em processo de investigação, não podemos afirmar que ele é APLV, ou tem alergia a outro alimento. Mas já concluímos que com a retirada desses alimentos ele teve uma gigante melhora na qualidade de vida.

Mas como acredito que tudo o que vivemos é uma dádiva para o aprendizado, me joguei de cabeça nesse universo, de informações, de leituras, de receitas e conheci histórias incríveis, mães sensacionais que lutam pela qualidade de vida dos seus filhos e por isso me senti na “obrigação” de tentar ajudar outras mães e famílias, pois há muito desconhecimento nessa área, especialmente na área médica.

A partir daí, com muito carinho e realizando um sonho, criei o Blog Sabor Materno, que tem como foco a alimentação saudável das crianças e um alerta sobre a alergia alimentar. Já nos preocupávamos com a alimentação saudável do meu filho, mas depois da alergia, percebemos ainda mais o quão vital é a alimentação e o quanto ela pode transformar a qualidade de vida das pessoas.



Depoimento da Suelen Machado, 25 anos, mãe do Arthur de 10 meses.

Começou aparecendo uma bolinha no rosto do Arthur, aos 3 meses de vida. A pediatra levantou a hipótese de que provavelmente ele teria alergia ao leite. Pensei que não seria nada pois ele já havia tomado leite e não tinha dado nada, fiquei tranquila. Quando ele estava com 5 meses voltei a trabalhar e comecei a dar o leite novamente. No momento em que ele tomou leite logo em seguida ficou cheio de manchas vermelhas pelo corpo, tirei fotos e chamei uma amiga que a filha é alérgica a leite, ela falou que seria a alergia ao leite. Levei ele ao pronto atendimento e o médico plantonista disse que era para dar remédio de alergia e procurar um alergista. Levei em uma alergista, ela passou leite de soja, ele se deu super bem. Mas sempre estava com nariz escorrendo, refluxo. Gripes com frequência e febre. Levava ao pronto atendimento e eles falavam que era virose. Levei em uma gastropediatra Dra Lilian que foi a minha salvação, me esclareceu tudo que precisava saber a respeito da alergia ao leite. E, graças a Deus o refluxo melhorou e os resfriados pararam.

Troquei a marca do leite, e aí começou outra saga, pois começou a aparecer manchas avermelhadas e ásperas em pouco tempo tomou conta do corpo todo dele. Levei em outro alergista que trocou o remédio e passou a pomada que não resolveu nada. E, por conta própria, resolvi trocar a marca do leite. Como a Dra havia me falado, por mais que o leite é de soja, pode haver traços de leite. Era o que estava acontecendo com ele em menos de 2 dias sumiram todas as manchas do corpo dele.
Hoje posso dizer que está estabilizada desde que ele não toque em nada com leite.

É bem sofrido pra mim como mãe, graças a Deus ele se alimenta muito bem, mas depois de 1 aninho acredito que vai ser bem difícil na escolinha, ele vai querer comer as mesmas coisas que as outras crianças comem, então vai ser bem complicado.



Depoimento da Lívia Léia, “Advogada do Leite”, 31 anos, mãe da Talita de 1 ano e 10 meses.

1 – Como descobriu a alergia alimentar da sua filha?
Desde o nascimento tivemos muitos problemas com irritabilidade e refluxo grau IV que eram diagnosticados como normais para a fase de bebê. E, com sete meses, não quis mamar no seio, passando a mamar exclusivamente fórmula de leite. Foi quando iniciaram processos agudos de diarréias que resultavam em internações mensais diagnosticadas como infecções intestinais. Até que após a terceira internação seguida, não aceitava mais dizer que eram infecções porque a minha casa não era antro de bactérias! E, comecei a relatar minha situação em grupos em redes sociais, onde uma mãe de São Paulo me falou sobre a APLV (Alergia a proteína do Leite) e me doou uma lata de fórmula de leite, específica para alérgicos. Sei que minha filha estava mais uma vez internada na semana que completou 1 ano de vida e quando dei o primeiro gole desse leite, a barriguinha dela murchou e ela amou aquele “mama”.

Daí, depois de algum tempo excluindo totalmente a proteína do leite, fizemos teste de provocação oral dando um produto que continha traços de leite e a reação foi quase que imediata com distúrbios gastrointestinais, respiratórios e eczemas na pele.

2 – Como você reagiu?
A minha primeira reação ao confirmar a APLV foi não medir esforços para adquirir o leite especial, cada lata custa em média R$ 200,00 e através de ajuda financeira com familiares e a igreja onde congregamos, conseguimos receber pela Justiça o fornecimento. Até porque a cada dia que passava com o consumo exclusivo da fórmula, os demais problemas de saúde iam desaparecendo consideravelmente. A pele foi limpando, os problemas respiratórios desaparecendo e ela foi se mostrando uma bebê feliz.

3 – Quais as dificuldades que envolvem essa descoberta?
As dificuldades iniciais são relacionadas com a aceitação do problema que envolve uma dieta restritiva de alimentos e derivados do leite, o que é por difícil demais nesta fase de introduzir alimentos diferentes dos que somos habituados. Além disso as pessoas próximas à família rotulam como frescura, não poder dar uma colherzinha disso ou um pedaço daquilo. E, tudo acontecendo ao mesmo tempo em que tentamos entender a situação da APLV, tanto para buscar respostas para as nossas indagações quanto para tentar convencer os outros de que minha filha não podia ter contato com a proteína do leite.

Daí segue para a odisseia de encontrar um profissional da saúde para te ajudar no diagnostico e através do laudo médico ingressar com a ação judicial com pedido de liminar para conseguir receber o leite especial.

Muitos outros alimentos também deram reação alérgica como a soja, mel, morango e alguns medicamentos que possuem lactose, etc. E, não podemos deixar de frisar que temos que explicar sempre que não existe alergia à lactose, mas sim alergia à proteína do leite; tanto para autoridades judiciais, quanto lamentavelmente, para profissionais da saúde.

Em resumo, uma das maiores dificuldades é encontrar profissionais capazes de lidar com a criança APLV, já que minha filha precisa sempre de atendimento emergenciais com especialistas: gastropediatra, pneumologista, alergista, otorrinolaringologista, paralelamente a consultas rotineiras de pediatria. E, sempre afirmo que foram outras mães que me ajudaram a encontrar o diagnóstico correto da ALPV.

4 – Como você tem lidado com a situação?
Hoje, após 10 meses da descoberta da APLV (minha filha tem 1 ano e 10 meses), ainda não me permito um descanso na luta para conseguir o direito à saúde da minha filha, e isto envolve primeiramente crer no milagre de cura pelo amor de Deus, bem como me esforçar no exercício da advocacia para garantir o fornecimento regular do leite especial. Ajudando assim outras mães nas mesmas condições, aconselhando, doando, chorando e vencendo com cada uma delas.



Uma lição de vida e de superação concordam? Pra você que está com alguma dificuldade relacionada à alimentação, posso dizer que no começo é mais trabalhoso, mas temos uma grande capacidade de nos adaptar.
Procure os grupos específicos nas redes sociais para ajudar a trocar ideias sobre o tema, afinal, juntos somos muito melhores!


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