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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Tristeza: uma visita inoportuna que chega não sei de onde

Arquivo Pessoal

Tem dias que me sinto particularmente triste.

É uma tristeza sem explicação, vinda não sei de onde.

Às vezes ela chega de mansinho, outras vezes de “supetão”.

Independente da forma que ela escolhe para aparecer, nunca bateu na porta, jamais me pediu licença, em tempo algum se fez anunciar.

A danada se achega, assume um lugar que não é seu, instala-se no meu coração e por ali passa algumas horas, e dependendo da lua, pode ficar dias.

Me aborreço profundamente, a angústia com essas visitas é inevitável e quer saber ? Ela não esta nem aí... até parece que faz de propósito, quanto mais me incomodo com sua presença, mais a “tristura” aumenta.

Fico inconformada por ser invadida sem motivo aparente por uma fulana que independente das vezes que nos vimos continua sendo uma estranha para mim, não me faz bem algum.

Nesses dias de macambúzio, o passar das horas é lento e eu me arrasto.

O esforço para espantar essa visita inoportuna é grande, ela não se vai assim tão fácil, a danada é tinhosa, se eu quiser esbravejar e expulsá-la a qualquer custo, aí sim que ela finca o pé e sua estadia pode se prolongar, sem a menor cerimônia.

Fico pensando: de onde vem essa maldita? Por que gosta de me visitar de tempos em tempos ?

Já pensei que pode até ser coisas do além, cruz credo, não gosto nem de pensar!

Também nesses dias de desalento uma ligeira cegueira toma conta de mim, me esqueço de tudo que a vida já me deu de bom, fico poliqueixosa, ranzinza e desejosa de ter um botãozinho que pudesse ser desligado nestes dias de abatimento e só acordasse quando a tristeza tivesse ido embora... mas não há.

Sabe o que é pior? Essa malvada consegue me deixar culpada, afinal a vida está correndo bem e o por que será da melancolia ?

Será que sou ingrata?

Sei lá... nesses dias tudo fica nublado e distorcido.

Em um desses dias de desolação fui pesquisar na internet sobre a tristeza e não é que encontrei uma reportagem na Superinteressante que, entre muitas coisas, falava assim: “O desejo desenfreado de querer ser feliz ganhou até status de direito social a partir do movimento iluminismo, no século 18, cuja filosofia influenciou a Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos”.

Será que vem daí ?

Falava também : “a obrigação de ser feliz o tempo todo virou uma obsessão ao ponto de provocar angústia e depressão” .

Assim como a revista, a reportagem é superinteressante e ao término da leitura eu matutando com o que li, me questionei: como se explica essa tristeza gratuita nos animais ? Porque eles também passam por dias de desconsolo...

Tenho uma filha de quatro patas e acredite você ou não, ela tem seus dias de desolação. É verdade... às vezes minha caçula acorda amuada e nesses dias ela olha, olha para a comida, que não rejeita por nada, e torce o “fuço”. Como se esclarece esse mistério ?

Sei não... o fato é que assim como eu, Maria Antônia acorda em um belo dia e a tristeza desapareceu, veio do nada e com ele se foi...

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*Isolda Risso é pedagoga por formação, coach, cronista, retratista do cotidiano, empresária, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento, é possível transformar as amarras em andorinhas libertadoras.

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