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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Eu quero, eu posso... Será bem assim?

Existe uma frase atribuída a Rui Barbosa que retrata bem esse pensamento: “Se querer é poder, querer é vencer”.

Ao lermos essa frase sem as devidas ponderações, corremos o risco de aceitar o conceito de que a vontade da nossa razão é imperante, que a partir do momento que desejarmos algo, independente do que for, a garantia da realização “do” ou “dos” desejos, cairia nas graças do universo e ele se encarregaria de todo o mais.

Esse pensar adquiriu uma força maior, sendo amplamente divulgada, estimulada a exaustão e quase imposto como uma lei, a partir do lançamento do livro “O Segredo” de Rhonda Byrne.

A lei da atração levou mansos, místicos, leigos e desavisados a histeria. Mergulhei nesse mundo, passei pela alta ajuda, física quântica, cromoterapia, chacras, inconsciente, subconsciente, psicologia transpessoal, encontrando uma vasta literatura.

Vivi alguns anos nessa busca de entender e aprender como fazer para que o meu querer fosse realizado. Foi um período interessante, afinal, um ser racional como eu, me deparar com sugestivas realidades absolutamente contrárias ao que eu acredito , é desafiador.

Às vezes, meu impulso era de atear fogo em tudo, e foram inúmeras as vezes que me senti uma idiota por perder meu tempo com esse tipo de leitura. Entretanto, ainda não me dando por satisfeita, segui até o dia que me senti segura para tirar minhas próprias conclusões.

Vamos a elas:

É inegável que a mente possui poderes paranormais, são inúmeros os casos que comprovam esse fato, todavia, a mente não tem o poder de fazer com que uma pessoa de pouca determinação chegue a um resultado satisfatório. Sem que haja empenho, trabalho acompanhado de renuncia e algumas privações, não há querer que se concretize.

Conclui que Deepak Chopra tem razão ao falar que o universo é energia, nós somos energia, e estamos todos imersos nessa vibração. Por minha conta e menos romântica que ele, costumo dizer que vivemos em um aquário, se um peixe vomita, ninguém escapa de nadar em água turva. Trocando em miúdos: minha ação, sua ação tem reflete no todo.

Constatei que: querer coisas possíveis, de preferencia que dependam 80% ou mais de você , seja mais provável de se cumprir. Em contrapartida, nascer, se criar, viver no sertão nordestino ou nas matas da Amazônia e almejar se tornar uma rainha egípcia, eu diria que não seria digamos, tão fácil. Talvez em outra existência, se é que teremos outra e se tivermos, não é garantia de ainda cultivarmos tal desejo.

As afirmações positivas, mentalizadas ou verbalizadas todos os dias, de que tanto Louise L. Hay proclama serem capazes de curar de uma rinite alérgica a um câncer, eu não afirmo seja impossível, mas não creio que ser tão simples assim como tentam nos fazer crer. Há coisas inexplicáveis no universo, que a nós só cabe aceitar, mas será que essa seria uma delas? Não estou certa disso, sinceramente, nem um pouco certa.

Por outro lado, é atestado que pessoas que tem uma visão mais positiva da vida, que cultivam a prece como meio de se conectar as forças criadoras do universo, que não se levam tão a sério, conseguem rir de si mesmos, que o bom humor é seu amigo mais próximo, não se colocam como vitima com tanta facilidade entre outros predicados a mais, tem sim, uma chance maior de atrair para si, energias positivas que as fortalecem e com isso adquirem forças extras para passar por situações mais delicadas de saúde, ir em busca da realização profissional com mais garra e resistência, não se abatendo com facilidade diante dos desafios naturais da vida.

Eu posso muito querer me relacionar com A ou B, mas se A ou B não quiser, o meu querer não tem poder de fazer com que o outro me queira.

Vale lembrar que há pessoas que desejam muito um determinado resultado, mas nem sempre estão prontas para as consequências desse resultado. Um promoção de cargo normalmente acarreta maiores responsabilidades, mais trabalho, mais dedicação, mais pressão e se você não estiver suficientemente preparado (intelecto e emocionalmente) para tal função, isso poderá pesar tanto, que o risco de afetar a saúde é maior.

Poderia relatar muito mais a respeito, dando muitos outros exemplos, no entanto, penso que para o momento, podemos ficar por aqui.

Enfim, para mim, “querer é poder” , não é bem assim....

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*Isolda Risso é Personal & Professional Coaching Executive, Xtreme Life Coaching, Neurociência no Processo de Coaching, Programação Neurolinguística (PNL) pedagoga por formação, cronista, retratista do cotidiano, empresária, Idealizadora do Café Com Afeto, mãe, aprendiz da vida, viajante no tempo, um Ser em permanente evolução. Uma de suas fontes prediletas é a Arte. Desde muito cedo Isolda busca nos livros e na Filosofia um meio de entender a si, como forma de poder sentir-se mais à vontade na própria pele. Ela acredita que o Ser humano traz amarras milenares nas células e só por meio do conhecimento, iniciando pelo autoconhecimento.


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