Olhar Conceito

Sábado, 27 de abril de 2024

Colunas

Um violeiro

Amor é ferida que dói e não se sente, já dizia o poeta, e, se a questão é amar, logo, tudo (ou quase tudo) pode ser desculpado em seu nome. Até, claro, a quem acaba doido de tanto amar. E, em particular, àquele/àquela de que trato neste texto: o loucamente apaixonado. O fã, a fã desvairada.
 


A rigor, como diriam Dylan e o povo, um cara sempre bastante digno de nota é o fã de artista, celebridade ou, ainda mais, o de subcelebridades, de cantores, cantoras, atrizes, atores que são esnobados pela crítica especializada e a chamada grande imprensa do seu tempo, mas, não obstante, quem é seu seguidor continua a venerar mesmo assim. Pra sintetizar, pensemos nos adoradores eternos de Sandy & Junior dos anos 80 pra cá, ou de Fiuk dos atuais dias. Pode ser de uma estrela da música, do rádio, da tevê, do cinema ou do teatro. Ou da dança.
 
O Mário Jr., lá de São José dos Quatro Marcos e cá de Várzea Grande, é um bom exemplo. Mas não de celebridades absolutas tampouco de subcelebridades. Seu artista eleito do coração é, ainda, pouco mais que um iniciante no território da canção popular/sertaneja, um garoto. Trata-se de do cantor e instrumentista Pedro Violeiro, lá da nossa terra do Oeste mato-grossense.
 
E nisso [de ser doido por um artista] o Mário não está sozinho, claro. O Jorge Maciel, nordestino velho de guerra e um dos mais atilados e atrevidos repórteres da terra, é doido da cabeça, maluco da ideia, por Djavan. Uma jovem estudante de Direito, em Cuiabá, a quem chamarei aqui simplesmente Keka Nova, diz que só curte rock, som de jovem, mas abre um parêntese, faz uma concessão. E que concessão! Diz que detesta som brega, sofrência, que tem “um certo nojo quando um sertanejo começa a tocar” (vide Chico César), mas quando começa a falar de Bruno e Marrone... meu Deus! Enrosca a agulha da vitrola, mistura as estações do rádio, troca o ‘tu’ por ‘você’ e assim vai.
 
Difícil.
 
Até eu, veja bem. Soy humano, soy latino-americano, uai! Sou fã, desde sempre, de Beto Guedes, Maria Luísa Mendonça, Leandra Leal, Milionário & José Rico, Lorena e Rafaela. Hoje em dia, curto muitíssimo (não vou esconder) a Bruna Marquezine.
 
Sou palmeirense. Fã de Raphael Veiga.
 
Ponto.
 
Não basta?!
 
Mas voltemos ao Pedro, pois, afinal, como diriam os poetas Paulo Diniz e Roberto José, “já é chegado o dia, e hora e meia já se faz”.
 
A voz do moço é realmente um caso à parte. De grande potência, lembra, mesmo, a do paulista Mayck da dupla com o mato-grossense Lyan. Parece-me, ainda, bom instrumentista, embora nisso a minha opinião quase nada pese, pois de música propriamente não entendo. Só letra, poesia, no mais é como em todo texto meu: emito opiniões gerais, generalizantes, sobre gostar ou não gostar tanto desse ou daquela, no caso.
 
Difícil demais encontrar explicação para casos assim: por que gostar de um e não de outro, por que, às vezes, eleger como dona do seu coração uma mulher dessas de corpo esguio, “sem bunda”, de seios minúsculos, coxas finas e desdenhar uma gostosona?
 
Coisas.                 
 
Então, o que eu quero mesmo com este texto, o seu leitmotiv, é isto: dizer o quanto fico encantado, deslumbrado, ao ver que felizmente há (e hão de sempre haver) no mundo os fãs, as fãs incondicionais, tal qual Mário em relação ao Pedro. Sem eles/elas, nós os escritores e artistas de todo naipe não teríamos nem presente, que dirá futuro. Eles/elas são, afinal, uma das nossas maiores razões de existir, nosso elixir, a chama da paixão, a serotonina de graça e sem necessidade de receita tarja-preta.
 
Na condição de testemunho, digo, já antevendo a conclusão, que há sim, na família, gente fã declarada do chamado “Trovão do Brasil”: minha cunhada Marlene, em primeiríssimo lugar. Meu irmão Onivaldo, que chegou a ser professor de Adriana, a mãe do Pedro, na Escola Boa Esperança, da Comunidade Barra Clara, município de São José dos Quatro Marcos. E, dele, me disse logo no início: “Esse menino é muito bom! É humilde, educado e canta muito! Tem talento. O que pode vir a atrapalhar ele, um pouco, é a excessiva timidez. Ele é tão introvertido que, por sua vontade, creio que bem pouco falaria”. Meu sobrinho Rodrigo e sua jovem mulher, Janaína, já foram ver show do moço em Quatro Marcos, Araputanga.
 
Está no começo, ainda, por enquanto atuando em apresentações solo, noutras, em parceria com o pai, Zé Melo, grande incentivador, empresário, faz-tudo, compositor de algumas de suas canções. Todavia, o Mário me disse que está sendo sondada a possível formação de uma dupla com um rapaz de idade parecida.
 
A propósito das variações tentadas pelo novo talento, neste dia 1º de dezembro ele disponibilizou, em diversas plataformas, outra experiência: o pre-save da música “Roça Love”, de Carol Galdino, com o renomado DJ Kevin.
 
Quanto ao mais, o tempo dirá.
 
De minha parte, porém, já vou logo adiantando: penso que nos dias atuais, dos que ainda giram em torno de Quatro Marcos, de quem lá nasceu ou por lá passou um período de sua vida, com certeza, Pedro está na frente, com o presente mais luminoso e o futuro mais promissor. Vai se aproximando, assim, pouco a pouco, de Zé Antônio & Divaney, dupla de lá com auge na passagem do século (e do milênio) e segue sempre reconhecida em todo o meio da viola, da música sertaneja do Brasil. Inclusive, Divaney, numa demonstração de generosidade, tem feito canções para o jovem gravar, a exemplo do carro-chefe “Trovão do Brasil” e “Toca a Música da Saudade”, ambas em parceria com Zé Melo.
 
Por certo, hoje, entre os artistas da terra, além da dupla, só mesmo Pedro me parece ter à sua disposição palcos nacionais tal qual o programa “Terra da Padroeira”, da TV Aparecida, de São Paulo, no qual ele se apresentou recentemente (há, claro, Maiara e Maraisa, mas estas já estão no Olimpo, pertencem ao Brasil, ao mundo; mesmo que queiram, por certo, nem teriam tempo, agenda pra voltar, ao menos de vez em quando, à cidade natal).
 
Em síntese, pois, hoje, lá da nossa turma, e da terrinha, digo, sem medo: o futuro a Pedro Violeiro pertence.

Contato: marinaldoescritor@gmail.com
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