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Sábado, 27 de abril de 2024

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Obra na Casa Barão de Melgaço está parada e sem dinheiro; previsão de entrega era para fevereiro

Foto: Reprodução

Casa Barão de Melgaço

Casa Barão de Melgaço

Quando se tornou Presidente da Academia Mato-Grossense de Letras, em setembro de 2015, Marília Beatriz Figueiredo Leite previa diversos eventos desde o início de seu mandato. Dentre eles, o lançamento do livro ‘Ressonâncias’, de João Eloy, um projeto sobre música medieval, fisioterapia literária e apresentações de um imortal por mês. Além disso, para junho deste ano, já estava agendada a comemoração do centenário de Gervásio Leite, pai de Marília e imortal que presidiu a casa durante longo período. No entanto, grande parte do calendário da Academia está atrasado por um motivo: a obra de revitalização da Casa Barão de Melgaço (sede da AML e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso), que deveria ter ficado pronta na última quarta (24/02), ainda nem começou.

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Segundo a presidente, o que acontece no local atualmente é um absurdo. A Casa foi fechada e algumas partes foram colocadas abaixo, mas nos últimos tempos a obra parou porque, de acordo com a prefeitura, não há verba para continuar. “Eu te pergunto, como você começa uma obra, arrebenta tudo sem ter dinheiro para continuar?”, questionou Marília em entrevista ao Olhar Conceito na tarde desta terça-feira (01/03).

Ela continua: “A obra é na Casa Barão de Melgaço, não no anexo. Na parte onde fazemos as posses e eventos solenes, eu, Marília, juntei algumas pessoas e tirei tudo lá de dentro, deixei apenas o piano, com uma proteção de lona. Ali na entrada da casa eles colocaram uns disjuntores, porque vão instalar computadores depois para os acadêmicos (...) ali naquele espaço que tem depois do pátio, na minha opinião, o que fizeram foi uma tragédia. Tiraram os vasos sanitários, os azulejos, as coisas da copa e da cozinha... pra mim aquelas coisas eram lindas, mas disseram que vão colocar granito”.

Segundo a presidente, o que a administração da Casa pediu foi a instalação de portões eletrônicos e reforço nas janelas, para que haja mais segurança: “Não pode deformar a arquitetura colonial da casa, mas é preciso ter mais segurança ali”, afirma. Marília ainda conta que nos últimos tempos a Casa está sem banheiros, sem água, cheia de poeira e sem luz: “E mesmo assim no mês passado chegou uma conta de luz de R$ 649. Como que cobram esse valor, se não tinha ninguém aqui?”.

A obra

A restauração da Casa Barão de Melgaço faz parte do Projeto ‘PAC Cidades Históricas’. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é uma “inciativa do governo federal coordenada pelo Ministério do Planejamento que promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país”.
Por isso, o projeto recebe verba do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em parceria com a Prefeitura de Cuiabá. A capital mato-grossense foi a única cidade do estado a entrar no projeto, e o valor calculado de todas as obras seria de R$ 10,49 milhões.

No entanto, segundo o Secretário de Cultura de Cuiabá, Alberto Machado, as obras começaram e, depois de feitas duas medições, a verba não foi repassada “nós fizemos a nossa parte, começamos a obra. Fizemos a primeira medição, vimos que a obra estava em andamento, e não recebemos o dinheiro. Depois fizemos a segunda medição, e não recebemos novamente. Na terceira vez, percebemos que a obra estava parada. Nós até mudamos de construtora, mas a questão é que eles não estão pagando”, explica.

As últimas informações passadas ao secretário, ainda nesta terça-feira, foram de que o dinheiro será entregue em meados de março, e a partir daí a obra começa novamente.

Enquanto isso, a Casa segue fechada e com uma placa em sua frente, que diz: ‘Requalificação do Casarão 155. Início: 17/09/2015. Término da Obra: 24/02/2016”. O ex-presidente da Casa, o imortal Eduardo Mahon, publicou a foto da placa em seu Facebook, como forma de protesto, e disse:


(Foto: Eduardo Mahon)

“Você estava gostando do que estávamos fazendo na Academia de Letras? Shows, lançamentos, posses, saraus? Foi bom, né? Infelizmente o poder público meteu a mão. Prometeram acabar a obra em fevereiro e nem sequer começaram. O povo mato-grossense fica carente de cultura com uma casa de 240 anos fechada. Que feio, Sr. Prefeito! Que feio, D. Dilma! Não merecíamos isso. Parece que o atraso é de encomenda...”

Procurada pela reportagem do Olhar Conceito, a Superintendência regional do IPHAN não atendeu e não respondeu até o final desta tarde. As outras obras do PAC Cidades Históricas em Cuiabá também estão paralisadas, ou ainda nem foram iniciadas. Veja a lista:

Restauração:

Casarão de Bém-Bém - Escola de Música
Casa Barão de Melgaço - IHGMT
Casarão Irmã Dulce - Iphan
Casarão Rua Voluntários da Pátria esquina Eng. Ricardo Franco - Museu da Imagem e do Som
Casarão Rua Sete de Setembro - Casa do Patrimônio
Casarão a Rua Pedro Celestino, 79 - Escritório de Gestão do Centro Histórico
Casarão a Rua Pedro Celestino, 16 (esquina com a Rua Campo Grande – Creche)
Casarão a Rua Pedro Celestino, s/n - Posto Municipal de Apoio à Policia Militar
Casarão da Funai
Igreja Senhor dos Passos

Ainda seriam requalificadas:

Praça Dr. Alberto Novis
Praça Caetano de Albuquerque
Praça Largo Feirinha da Mandioca
Praça Senhor dos Passos
Entorno do Casarão do Beco Alto à Rua Pedro Celestino
Praça do Rosário

A AML (Casa Barão de Melgaço) está na Rua Barão de Melgaço, nº 3869, Centro de Cuiabá.
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