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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Um mestre alemão em Cuiabá para ensinar arte marcial tradicional chinesa

Um mestre alemão em Cuiabá para ensinar arte marcial tradicional chinesa
Movimentos suaves, lentos, treinados no meio de uma praça pública ou de um parque, como forma de terapia para melhorar a saúde. Essa é a visão que a maioria tem das pessoas possuem do Tai Chi Chuan (Taijiquan), arte marcial chinesa centenária, devido ao desconhecimento de sua história ou da aplicação desses movimentos em uma situação real.

“O Tai Chi Chuan foi desenvolvido pela família Chen. Eles escoltaram viajantes por séculos. Protegem regiões de bandidos. O último general da dinastia da dinastia Qing e o primeiro presidente da nova republica, uma centena de anos atrás, possuíam membros da família Chen como guarda-costas das próprias famílias. Na China, está fora de questão se é uma arte marcial ou não porque eles lutaram muitas batalhas famosas, foram guarda-costas de pessoas muito famosas”.

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Essa explicação é do mestre Jan Silberstorff, que veio a Cuiabá para mudar essa visão e ensinar um pouco a alguns alunos de arte marcial da capital de Mato Grosso. Esse alemão é mais graduado mestre ocidental de Chen Tai Chi Chuan, sendo o primeiro aluno ocidental do grão-mestre Chen Xiaowang, tendo recebido permissão do Governo Chinês desde 1989 para morar naquele país para aprender Tai Chi.



Junto do grão-mestre, Jan fundou a Associação Mundial de Chen Tai Chi Chuan (WCTA), sendo responsável pelo ramo Alemão, diretor técnico da WCTA Brasil. Ele passou três dias, de 11 a 13 de março, aplicando seminários aos alunos da Associação Bai Hu de Kung Fu Tradicional, aonde pode falar desde a teoria básica, passar a forma dos 19 Movimentos e ensinar a aplicação real.

Explicação que foi muito mais detalhada durante os dois primeiros dias de seminário. A diferença de línguas não foi barreira mesmo durante as horas apenas de teoria, quando os alunos com maior intimidade com o inglês ajudaram os outros. Conceito, história e técnicas. Passo a passo sobre como realizar os 19 movimentos.

Depois, no terceiro dia, aplicações. Hora de por em prática tudo que todos aprenderam, através de um modelo batizado de TAIJIdirekt. Ou, Tai Chi direto, em uma tradição livre. O conceito, desenvolvido por Jan Silberstorff, visa possibilitar uma pessoa que não cresceu tendo alas diárias de Tai Chi, como ocorre tradicionalmente em Chenjiagou, um vilarejo cujo nome significa “Canal da Família Chen” e popularmente conhecido como "Vila Chen", consiga compreender o uso das técnicas com maior facilidade.



“TAIJIdirekt é um conceito que eu mesmo desenvolvi. Normalmente, você cresce dentro da família Chen, cresce em Chenjiagou com a arte marcial desde o seu nascimento. Desde os três anos de idade você está apto para praticar, então você cresce dentro do sistema naturalmente. No ocidente, a maioria das pessoas, talvez todo mundo, aprende em workshops, escolas, mas não em aulas diárias e cosias assim”.

Dessa forma, lá foram os alunos de Hun Ga da Bai Hu, divididos em duplas, as vezes trios ou quartetos, treinar a aplicação dos 19 movimentos. Na aplicação, tudo muito direto, rápido. Para se defender em uma situação real, não se pode perder tempo pensando muito. É preciso entender o conceito. Aprender a lutar, a se proteger, segundo Jan, não é estudar várias técnicas, mas aprender a usar sua mente:

“É preciso um conceito de luta, de espirito, de corpo, de técnicas. O TAIJIdirekt trata do conceito dos aspectos psicológicos, físicos e a forma mais direta de se evitar uma luta. Tornar você apto a parar uma luta em poucos segundos. Isso quer dizer que então não haverá luta para você ter que se defender dela. Muito prático, muito direto. O mais importante, é um principio, um conceito de uso, não uma adição de técnicas. Primeiramente o conceito, segundamente as técnicas”, explicou.



Foram seis horas, com uma pausa de 30 minutos para o almoço, de aplicações. Formas de se acabar com uma luta, ou evita-la, em poucos movimentos. -“Uma luta é uma secessão de erros. Se alguém acerta, a luta acaba”. Essa é uma frase que resume bem a ideia de defesa pessoal para Jan – além de evitar todo confronto possível, claro.

Alto nível longe da China


Para aprender e ensinar Tai Chi Chuan, Jan viaja, há anos, por vários países e culturas diferentes. Em cada lugar, uma experiência única. Em Cuiabá, ele não pode deixar elogiar a receptividade do povo, a alegria e também o nível de arte marcial encontrada aqui.

“Tive ótimos dias em Cuiabá. Tive dias maravilhosos no Pantanal. Gostei dessa escola tradicional de arte marcial que há aqui em Cuiabá. É uma bela escola, com belos estudantes, com um alto nível de Hung Ga. Eu gosto desse tipo de energia que há nesse tipo de escola. A América é tão distante da China. O Brasil é ainda mais longe. Próximo da fronteira com a Bolívia é muito, muito mais longe. E aqui as pessoas estão praticando isso em um nível muito bom, com uma boa técnica, e poder mostrar isso aos meus alunos europeus será ótimo. Está é uma escola de alto nível de Hun Ga. Poder estar aqui e trocar experiências com uma escola daqui é uma ótima experiência, porque vocês podem mostrar que são diferentes, fazem coisas diferentes, mas somos da mesma família”.



O contraponto

Por outro lado, Jan comentou a situação do Brasil em relação a violência. Com o histórico de uma juventude de luta contra neonazistas justamente para manter a paz, ele acredita que o maior país da América do Sul está dividido em entre ricos e pobres e sofre as consequências por isso.

“Se os ricos e pobres se unissem, entendessem que estão na mesma, seria um jeito de parar a violência e de machucar as pessoas. Seria um jeito de ter uma vida melhor”, comentou. Amante da natureza brasileira, da felicidade, ele enxerga nos altos índices de criminalidade um contraponto a toda positividade local.



Novas Visitas


Feliz com o resultado do seminário internacional do mestre Jan Silberstorff, o sifu Washington Bezerra, o responsável pela Associação Bai Hu, já planeja futuras vindas de mestres internacionais para palestrar aos seus alunos em Cuiabá. Jan foi a segunda visita internacional. No fim de 2015, Frank Yee, grão-mestre de Hung Ga, que por sua vez é discípulo de Yuen Ling, o qual foi aprendiz de Tang Fung (Dang Fong), que aprendeu diretamente com o herói chinês Wong Fei-Hung esteve na cidade.

“Esse ano meu mestre Frank Yee deva vir ao Brasil novamente, mas ele estará em um documentário de uma TV chinesa, a CCTV, e deve gravar em São Paulo. Não sei se vai conseguir vir para cá (Cuiabá). Ano que vem querermos trazer outro mestre da família Chen, que estamos inserindo na árvore genealógica da nossa escola. Provavelmente o sobrinho do grão-mestre, ou novamente o mestre Jan, que foi super receptivo e carinhoso conosco. Também estamos com planos para trazer dos Estados Unidos o meu irmão mais velho de treino, o mestre Pedro Cepero”.

Para inserir o Chen Tai Chi na Bai Hu, quem passa por qualificação é a Simo Giovanna Bezerra, esposa de Washington e também responsável pela escola de arte marcial. Ela já é estrutura de Hung Ga e iniciou treinamentos no Tai Chi. Ela, junto da instrutora brasiliense Mônica Han, convenceu Jan a vir até Cuiabá.

“Foi uma imensa honra receber um dos melhores mestre de Taiji do mundo em nossa escola, mais uma relação que se inicia de forma estreita e sincera. Nossos alunos amaram todo carinho e conhecimento transmitido pelo Mestre Jan. Esperamos introduzir o Taiji da família Chen em nossa escola com todo zelo, qualificação e amor que foram a nós transmitidos.”



Serviço:
A Associação Bai Hu fica Rua Castelo Branco 123, Bairro Popular, Cuiabá, entre a AV. Isaac Póvoas e a Rua 24 de Outubro. Mais informações por telefone: (65) 3025-4450 ou 9247- 4646.
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