Olhar Conceito

Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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especial dia dos namorados

Namoro sem beijo e amor de carnaval: conheça histórias de amor de cuiabanos desconhecidos

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

Olhar Conceito foi às ruas ouvir histórias de amor

Olhar Conceito foi às ruas ouvir histórias de amor

Quando Valquíria Barros, hoje com trinta anos, se casou, nunca tinha nem mesmo dado um aperto de mão em seu noivo. O amor veio depois. Letícia Isis, por outro lado, se envolveu com o atual marido no carnaval de Acorizal, e passou meses num relacionamento à distância. O que elas tem em comum? Essas são algumas das histórias escondidas por trás de sorrisos tímidos e anônimos que cruzam, diariamente, o centro de Cuiabá. 

Na última terça-feira (06), o Olhar Conceito foi à Praça Alencastro com uma proposta: ouvir essas histórias de amor para um especial do dia dos namorados. Como estímulo aos apaixonados, a reportagem oferecia um bombom a quem contasse seu caso de amor. Por cerca de uma hora e meia, muitas pessoas leram a placa, mas preferiram deixar as lembranças escondidas. Seis corajosos foram ouvidos. A história de cada um está a seguir.

Não mais que de repente


Ambos estão certos
de que uma paixão súbita os uniu.

É bela essa certeza,
mas é ainda mais bela a incerteza.

Acham que por não terem se encontrado antes
nunca havia se passado nada entre eles.
Mas e as ruas, escadas, corredores
nos quais há muito talvez se tenham cruzado?
(Amor à primeira vista, Wislawa Szymborska)



Cristiane de Oliveira, 33 (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Cristiane é agente de saúde. Há cerca de dois anos, durante uma visita à casa de um paciente, conheceu Josiel. A relação se manteve estritamente profissional, pois, naquela época, ela ainda namorava outro rapaz. O relacionamento, que durou quatro anos, não deu certo porque “ele era muito ciumento”.

Com Josiel foi diferente. Depois do término, Cristiane mandou um convite para ele no Facebook, e os dois começaram a conversar. “Conversamos pelo face, marcamos um encontro em uma lanchonete, e no primeiro encontro ele já me pediu em namoro. Namoramos quatro meses e nos casamos no civil. Quatro meses depois, fizemos a cerimônia religiosa num casamento comunitário”, conta. Hoje os dois têm uma filha de oito meses.

O homem dos sonhos


Mas chegará o instante em que me darás a mão,
não mais por solidão, mas como eu agora:
por amor.
(Clariice Lispector)


Valquíria Barros, 30 (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Aos catorze anos Valquíria teve um sonho. Via um homem andando e no fundo uma voz dizia “esse é seu esposo”, mas ela não conseguia enxergar seu rosto. Seis anos depois, por meio de um conhecido da igreja, ela ficou sabendo de um ‘irmãozinho’ do Maranhão que estava à procura de uma esposa.

Em maio os dois se conheceram e ficaram noivos no mesmo dia. Não se viram mais ou saíram juntos, e no dia 21 de outubro do mesmo ano se casaram. Estão juntos há dez anos.

Quando perguntada se não teve medo de o casamento não ser o que imaginava, ela disse: “Eu pensei que se não desse certo eu terminaria logo. Mas hoje eu não termino de jeito nenhum”. Também pudera: quando se viram pela primeira vez, Valquíria sabia que aquele era o homem dos seus sonhos: estava com a mesma camiseta.

Amor em dois continentes
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal
(Fernando Pessoa)


Inês Pereira, 49 (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

A mulher de longos cabelos loiros sabia muito bem o que procurava: um príncipe encantado estrangeiro de olhos verdes. Certo dia, durante um passeio no Manso, pediu aos céus que seu desejo se realizasse, com imaginação típica dos contos de fadas.

A solução não foi mágica, mas sua sobrinha pode ser chamada de ‘fada madrinha’, já que por meio de um anúncio feito por ela no OLX que chegou o príncipe português. Galanteador, cheio de paixão nas palavras, levou Inês Pereira, 49, no ‘papo’. Ela se apaixonou. Dormiam conversando pela internet e nutriam um relacionamento a distância sem nunca terem se visto. Até que ela descobriu: ele era casado com uma mineira. Somente para conseguir o visto e morar no Brasil – ele dizia.

Para fugir da ‘vilã’ da história, ele voltou para Portugal. E ela chegou até a vender pizza no farol para conseguir dinheiro para ir até ele. Conseguiu. Perdeu a mala no aeroporto e viajou somente com uma bolsa de mão. “Sabe quando você olha e tem certeza que é a pessoa da sua vida?”. Ficaram juntos. Ela era sua oitava esposa.

Moraram na Áustria, na Bélgica, e sem dinheiro voltaram para Portugal, e depois para o Brasil. A magia acabou quando ele foi trabalhar, certo dia, e não voltou. “Ele disse que ia trabalhar, mas na verdade tinha comprado uma passagem e voltou pra Portugal. Mas me amava tanto que voltou depois de dois meses”. As ‘viagens-surpresa’ não aconteceram poucas vezes. Mas ele sempre voltava. “Não consegue ficar sem mim, sabe?”, conta Inês.

Em 2014 voltaram a viver em Portugal. Ele conheceu outra pessoa e Inês decidiu ficar no país mesmo assim. Voltaram e refizeram a vida.

Hoje, ela está em Cuiabá em busca da filha, que atualmente mora com o pai brasileiro. Desde que chegou, o príncipe português já terminou o relacionamento com ela via WhatsApp. E reatou via Viber. “Eu vim buscar minha filha porque sem ela eu não sou totalmente feliz. Hoje fui atrás do RG dela pra fazer o passaporte, e não consegui porque estava em greve. Parece que existem muitos obstáculos para que nossa vida dê certo, mas eu vou lutar. Vou lutar porque sem ele parece que me falta um pedaço. Eu sem ele é como se eu não tivesse uma perna. Não sei o que vai acontecer no futuro, mas sei que quero estar com ele”.

Caso não haja nenhum outro término, Inês volta para Portugal em julho.

Quadrilha Cuiabana
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
(Carlos Drummond de Andrade)


Jéssica e Márcio (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Dois amigos com o coração partido decidem namorar. Ambos fazem um pacto: nunca magoar um ao outro, de forma alguma. A história de Jéssica Franciele com seu último desamor começou assim.

Foram sete meses de relacionamento à distância até que a garota, que vivia em Rondonópolis, decidiu se mudar para Cuiabá. “Por muitos motivos, mas principalmente por ele”. Depois disso, foram três anos de namoro firme.

Destes, dois apenas para cumprir a promessa inicial. Segundo Marcio Salles, o amigo-amor de Jéssica, o relacionamento de amor foi mantido por amizade, pois já não havia mais paixão, mas havia medo de magoar.

A conversa franca veio, seguida de abraços e carinhos, que os dois mantêm até hoje. Jéssica e Marcio andam juntos, de mãos dadas, e foi assim que contaram sua história de desamor. “Seria muito pior se ele se afastasse”, confessa a garota.

Dos ciúmes das ‘outras’ às ficadas cada vez mais escassas, ela conta que a esperança de voltar já acabou, mas a ‘amizade colorida’ será mantida até quando der. “Se ele arrumar uma namorada, tenho certeza que não vai se afastar de mim, ele não é assim”, disse Jéssica, desatando os dedos das mãos dadas para pegar o ônibus.

Amor de carnaval
Se o amor é fantasia,
eu me encontro ultimamente em pleno carnaval
(Vinícius de Moraes)


Letícia Isis Santos, 23 (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Jéssica Isis jamais imaginaria encontrar o amor de sua vida no carnaval, no garoto que era prometido da noite para sua irmã, na madrugada antes da quarta-feira de cinzas. A imaginação pode não ter sido o forte da garota, que também pensou que caso se entregasse ali, talvez nunca mais veria o rapaz.

A conversa fluiu desde o início. “Ele me disse que eu era a primeira garota que ele ficava que dava um sermão na minha conversa”, conta. Depois do sermão veio a dúvida: “Como vou acreditar em você? Estamos em pleno carnaval!”

Um mês depois, o garoto de Jangada estava em Cuiabá. O relacionamento à distância durou um ano, e depois disso ele veio de vez. Primeiro para a casa da mãe, depois para dentro da casa dela. Hoje, quatro anos e quatro meses depois, os dois vivem juntos. E daqui a cinco anos terão a primeira filha: Maria Letícia. “É o tempo do DIU, né?”

Quadrilha parte 2
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
(Carlos Drummond de Andrade)


Márcio Salles (Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto)

Márcio Salles, o amigo da amizade-colorida-amor-sem-magoar voltou para contar sua história depois que Jéssica saiu. Mas a personagem principal da sua história era outra.

Bem antes de começar a namorar com a amiga, que na época era mesmo só uma amiga, ele se apaixonou pela voz de uma garota. Tinha acabado outro namoro, de dois anos, e nas articulações políticas do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), precisou conversar com uma menina do campus de Sinop. Ficou encantado.

Semanas depois, foi até a cidade do interior para confirmar: o rosto era exatamente o que imaginou. Os dois ficaram juntos, e duas semanas depois, em Cuiabá, ele já fez o pedido de namoro. “Ela aceitou no susto”, conta.

Com apenas três semanas de namoro, o garoto precisou se afastar. Foi para uma fazenda da família, onde não pegava internet nem celular, passar as festas de final de ano. Do dia 24 de dezembro ao dia 31 só pensou nela e numa forma de desejar feliz ano novo. “Eu fiz uma gambiarra, porque o celular que pegava internet estava com o carregador quebrado, e o que tinha carregador não pegava internet.” A estratégia mecatrônica lhe trouxe a triste notícia: ainda antes do natal, ela tinha mandado uma mensagem terminando tudo.

Passou três dias bebendo sem parar. Dois meses depois, começou a namorar Jéssica.
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