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Domingo, 28 de abril de 2024

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Cuiabana conta experiência de parto com doula e recomenda: "É um apoio e um direcionamento único"

Foto: Arquivo Pessoal

Taiza e seu filho Joaquim Florentino Belin

Taiza e seu filho Joaquim Florentino Belin

Quando deu à luz seu filho Joaquim, Taiza Belim não estava sozinha. Ao seu lado, outra mulher apertava sua mão, lhe dizia que ela era forte e que cada contração estava ajudando a trazer seu filho ao mundo. Ao seu lado, ajudou a nova mãe a fazer exercícios que encaixassem seu bebê e a encontrar a melhor posição para a chegada dele.

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Quem estava ao lado de Taiza era uma ‘doula’. De acordo com o dicionário Michaelis, a palavra vem da Grécia Antiga, e refere-se a “mulher que auxilia a parturiente na hora do parto”. Isso mostra que, apesar de parecer uma novidade, as doulas existem há muito mais tempo do que imaginamos.

De acordo com o site “Doulas do Brasil”, a diferença é que antigamente quem acompanhava as novas mães eram mulheres mais experientes da família como suas próprias mães, irmãs mais velhas ou vizinhas. “Dentro de hospitais e maternidades, a assistência passou para as mãos de uma equipe especializada: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra”, diz o site.

Como cada uma dessas pessoas tem sua função bem definida durante o parto, o papel de acalmar a parturiente e lhe dar forças e explicações ficou ‘de lado’, até o renascimento do chamado ‘parto humanizado’, que vemos acontecer com mais frequência na atualidade. Hoje, de acordo com o site Maternidade Ativa, o preço para o acompanhamento de uma doula é de R$800 a R$1200.

Taiza, por exemplo, só ouviu falar sobre as doulas na faculdade, por meio de uma colega de sala. “Eu não sabia nada sobre o assunto, mas ficou guardado na minha mente. Me lembrei depois, quando fiquei grávida. Ela me falou de um grupo sobre parto humanizado no Facebook, entrei no grupo e também comecei a pesquisar mais sobre”, contou a nova mãe ao Olhar Conceito.


Doula dá apoio na hora do parto (Foto: Elis Freitas)

Durante a gestação, então, ela passou a ir a encontros de gestantes, ouvir depoimentos de outras mães e decidiu que teria uma doula acompanhando seu parto também: “Ao descobrir que não é tão fácil ter um parto natural, sem intervenções desnecessárias, achei que precisava de alguém que me ajudasse a buscar pelo meu parto natural, decidi que queria uma doula pra me acompanhar”.

Joaquim nasceu rápido, no hospital e sem nenhum tipo de intervenção cirúrgica. “Cheguei ao hospital final da manhã, minha bolsa já havia se rompido e eu estava tendo contrações pouco espaçadas; minha doula já estava me esperando, passei pelo médico e fomos para o quarto, fiquei todo o tempo no chuveiro quente, ela me ajudou a encontrar uma posição em que eu me sentisse mais confortável, me ajudou a fazer exercícios para ajudar meu filho encaixar, me encorajou e me deu apoio, me lembrou o tempo todo que eu era forte e iria conseguir. Meu trabalho de parto evoluiu extremamente rápido e na hora do almoço meu filho nasceu, sendo amparado pelo médico e depois vindo para os meus braços. Sem a presença dela, não sei se eu teria conseguido”, conta.

Ouvir este tipo de depoimento é comum para Francielly Fauth. A cuiabana, que se formou doula em novembro de 2015, já acompanhou doze partos. A vontade de ser essa ‘mulher que dá forças’ veio depois de ela mesma passar por duas cesáreas desnecessárias e, por fim, conhecer a experiência de um parto humanizado. “Mais do que nunca tive certeza que queria ajudar outras mulheres a vivenciar partos com respeito e a viver a intensidade disso tudo”, conta.


Parto de Francielly (Crédito: Elis Freitas)


Francielly e uma parturiente (Foto: Arquivo Pessoal)

Com isso em mente, Francielly decidiu fazer o curso. Ali, ela aprendeu que a doula tem três funções: “fornecer informação de qualidade, sempre visando que a gestante tenha como opção as melhores escolhas tanto para ela quanto para o bebê; fornecer apoio emocional, ajudando a mulher a lidar com seus medos e angústias relacionadas à gestação, parto e pós-parto; apoio físico, com técnicas específicas na ajuda do alívio da dor, exercícios e posições durante o trabalho de parto; e apoio no pós-parto, com a amamentação e os cuidados com o bebê”.

Além disso, a doula lembra que não é função destas profissionais o fornecimento de ajuda médica, como aplicação de anestesias, toques vaginais, aferição de pressão, dentre outros. “Doulas não realizam parto. Elas estão ali para se preocupar com o bem estar daquela gestante, daquele casal, trazendo conforto e segurança”.


Francielly acompanha o parto (Foto: Arquivo Pessoal)

Destes pouco mais de seis meses em que trabalha ajudando parturientes, Francielly se lembra de uma história especial que a marcou: “Um dos partos mais emocionantes que vivi foi o de uma gestante que já tinha três cesáreas anteriores, o que chamamos de VBAC3. Foi um processo muito longo, de vários dias, em que ela teve que ter muita força e determinação para não desistir. Ela pariu seu bebê com 43 semanas, o que foge totalmente à regra do que nos é imposto como o certo”, conta. Veja o vídeo deste parto:  

A chegada do Julio - VBA3C from Elis Freitas Fotografia on Vimeo.



Mulheres que já fizeram cesáreas, grávidas de gêmeos ou em casos em que o bebê está ‘sentado’ são frequentemente desencorajadas de ter um parto normal. Para Francielly, é bom lembrar que o corpo da mulher é preparado para isso: “Mulheres sabem parir e bebês sabem nascer. Com ou sem doulas, partos acontecem todos os dias. (...) Parir é algo que acontece em nossa cabeça. Nosso corpo foi feito para isso, mas nossa mente muitas vezes nos atrapalha. Eu acredito que aí entra a doula, desmistificando esses medos e levando a mulher a se lembrar que ela pode, que aquele parto pertence a ela, que ela é capaz”.

Taiza relembra o parto, que aconteceu há quase um mês, e completa: “Indico que toda mulher tenha uma doula para lhe acompanhar durante sua gestação e seu parto. Para orientar, ajudá-la a saber tudo que é necessário e que toda mulher deveria saber sobre a gestação, o trabalho de parto e o parto, ajudá-la a entender muitas das coisas que você sente na mente e no corpo. Ela dá apoio físico e emocional, pra você não ter dúvidas, ter certeza do que quer e como quer. É um apoio e um direcionamento único”, finaliza.
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