A cada três brasileiros, um acredita que a mulher que é estuprada tem ao menos uma parcela de culpa no crime que sofreu. Isso é o que revela uma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta quarta-feira (21). Para a assistente social e criadora do Núcleo de Estudos sobre a Mulher e Relações de Gênero (NUEPOM) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Madalena Rodrigues, essa realidade se deve à colonização feminina sob o “braço do macho”.
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“Nós vivemos numa sociedade muito conservadora, em que as pessoas tem a mania de culpabilizar sempre o mais fraco”, afirma a professora, em entrevista ao Olhar Conceito. “Nossa sociedade é patriarcal, e valoriza tudo do masculino. O poder, a política, a economia, tudo deve passar pela aprovação masculina para ter valor”.
Ainda segundo a professora, este pensamento faz com que a mulher não seja vista como um ser humano digno de respeito. “Para mudar é preciso repercutir o assunto na educação, falar para nossos filhos e filhas da dignidade de ser homem e da dignidade de ser mulher. A mulher não pode ser culpada, o estupro é um crime e o criminoso deve ser punido sempre”.
A Pesquisa
A pesquisa, realizada pelo Datafolha, foi feita entre os dias 1 e 5 de agosto e entrevistou 3625 pessoas de 217 cidades por todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
O resultado da pesquisa mostrou que 33,3% da população acredita que a vítima de estupro é culpada. O número sobe para 42% quando contada somente a opinião dos homens, e desce para 32% para mulheres. Além disso, 30% dos homens afirmaram que mulheres que usam roupas provocativas não podem reclamar se forem estupradas.
Os números mudam quando são levados em conta a idade e a escolaridade dos entrevistados. Para 44% dos brasileiros com mais de 60 anos, as mulheres estupradas são culpadas, enquanto somente 23% dos entrevistados de 16 a 24 anos pensam da mesma forma.
Dentre os que cursaram apenas nível fundamental, 47% colocam as vítimas como responsáveis pelo estupro, enquanto a percentagem não chega a 20% dos brasileiros com nível superior. Por fim, 51% dos entrevistados não acreditam que a Polícia Militar está preparada para atender vítimas de violência sexual.
Sobre o sentimento da população, a pesquisa mostra que 65% da população brasileira tem medo de sofrer algum tipo de violência sexual. Entre as mulheres do Centro-Oeste, esse número chega a 84%.
Para Madalena, o medo é um fator que dificulta. “Quem tem medo não denuncia, não comunica. É preciso discutir o assunto e ajudar outras mulheres também, estabelecer laços de solidariedade, além de buscar políticas públicas para proteger a população”, afirma.
A professora ainda explica que quem sofrer violência sexual deve procurar a delegacia imediatamente, preferencialmente a Delegacia Especializada da Mulher. “Se não tiver uma delegacia da mulher por perto, pode ser qualquer outra. É preciso prestar queixa”, finaliza.
Telefones úteis
Delegacia Especializada de Defesa da Mulher - Rua Cel. Peixoto, nº 84 – Bairro: Bandeirantes, Cuiabá-MT.
(65) 3901-5326 / 3901-4272
Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, da Criança e do Idoso - Rua Dom Orlando Chaves, s/n – Bairro Cristo Rei, Várzea Grande/MT. (65) 3685-1236
Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDM) - Rua Baltazar Navarros, 567, Bairro: Bandeirantes – (Antiga Prosol), Cuiabá/MT
(65) 3613-9920
Vara Especializada Violência Doméstica Familiar - Capital Rua Desembargador Milton Ferreira Mendes, Setor D. Fórum de Cuiabá
(65) 3648-6605
Delegacia Especializada de Defesa da Mulher - Rua: Manoel Carmerino, nº 761, setor Maria Lucia, Bairro Dermate, Barra do Garças/MT
(66) 3401- 2525 / (66) 3401-1388
Delegacia Especializada de Defesa da Mulher Cáceres - Rua Comandante Balduino, 2150, Bairro Jardim São Luis, Cáceres/MT.
(65) 3223-1953 / 3223-6173/ (65) 3223-0348
Delegacia Especializada de Defesa da Mulher Rondonópolis
(66) 3423-1133 /
3423-1754
