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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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Inclusão visual para inclusão social: o preconceito e invisibilidade dos haitianos em Cuiabá

Foto: Reprodução/ Facebook

Inclusão visual para inclusão social: o preconceito e invisibilidade dos haitianos em Cuiabá
Oportunidade. É o que buscam cerca de 2 mil haitianos que moram em Cuiabá, muitos deles que chegaram a cidade com a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Oportunidade para mostrar sua inteligência, sua força de trabalho, seu talento. Oportunidade para construir uma nova vida como parte do novo lar. E oportunidade vem com visibilidade, ser notado e incorporado ao meio. Visibilidade que chega aos olhos dos cuiabanos e paus rodados em viadutos e paredes da cidade, as molduras da vida real para os retratos de alguns desses haitianos com a intervenção fotográfica ao ar livre “Haiti: novos cuiabanos”.

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Idealizada pela cineasta Glória Albuês e com o apoio de demais artistas de Cuiabá, a mostra fotográfica se espalha pela capital mato-grossense para revelar rostos e cores dos novos cuiabanos, chegados da ilha caribenha a pouco mais de dois anos.

Em formato de lambe-lambe, os 12 retratos de 4 metros de altura querem estabelecer um diálogo entre brasileiros e estrangeiros e evidenciar a presença dessa população na cidade. “É preciso estabelecer outra relação com os estrangeiros, os refugiados. É preciso absorver essas pessoas no mercado de trabalho, estabelecer uma troca, um diálogo. Muitos deles falam outras línguas, tem uma formação profissional e trabalham em subempregos”, comenta Glória.

Após um ano de planejamento e buscando apoio para a realização da intervenção, a ideia finalmente sai do papel e estampa o cotidiano da cidade.

“É um projeto importante para dar visibilidade aos haitianos de Cuiabá. Não está sendo muito fácil para nós. Antes tinha mais haitianos na cidade, hoje esta diminuindo por falta de oportunidade. Tem gente que sai do Haiti com profissão, mas não consegue usar em Cuiabá”, relata Asid, artista haitiano que está em Cuiabá há 3 anos.

Cursando Engenharia Civil em universidade da capital mato-grossense, ele explica a dificuldade em encontrar trabalho sendo um estrangeiro. “Quando cheguei aqui fiz um curso de eletricista, tenho o certificado, mas nunca consegui usar, porque não tem oportunidade. O diploma não vale se a pessoa não me conhece, entre eu e alguém com indicação, que alguém conhece, eles vão contratar a outra pessoa”, desabafa Asid.

Arte que transforma

“Meu sonho é abrir um estúdio de música para produzir artistas estrangeiros de graça e cobrar mais barato dos brasileiros. Tem muitos haitianos e africanos que tem talento, mas tem que ter espaço para mostrar esse talento”, diz Asid.

Ele vem colaborando com artistas brasileiros e estrangeiros fazendo rap e se apresentando por Cuiabá e Várzea Grande. Ele é um dos integrantes do grupo de haitianos “Star Magic 509”, que em agosto de 2016 lançou seu primeiro clipe, falando sobre preconceito. “Preconceito sempre vai existir, em qualquer país do mundo e ele aparece de formar diferentes, a gente anda com ele”.



Intervenção colaborativa

A intervenção fotográfica é um projeto coletivo que contou com o apoio e atuação de vários artistas em Cuiabá. As impressões dos retratos foram financiadas pela Casa Guimarães. Participaram como fotógrafos : Rai Reis, Livia Viana, José Cunto Neto, Maria Gemma de La Cruz, Luzo Reis, Ahmad Jarrah. Além deste projeto artístico, existem outros coletivos e ongs que atuam na região nesse processo de conexão com a comunidade haitiana. Mais informações sobre eles na página "Cultura, História e Língua Haitiana"
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