Apesar dos leões que eventualmente circulam pelo Parque Nacional de Tsavo-Leste, no Quênia, por lá o rei dos animais é Patrick Kilonzo Mwalua. Se a relação entre Patrick e os diversos animais selvagens que habitam o parque seja comovente, o motivo de seu reinado, no entanto, é triste: o aquecimento global vem transformando o parque em um verdadeiro deserto, e a falta de dinheiro fez com que sem a ajuda humana os animais estejam fadados a morrerem sem água.

Patrick então diariamente dirige por horas seu caminhão-pipa abastecido com 3 mil litros de água para matar a sede e refrescar os rinocerontes, hipopótamos, búfalos, elefantes e muitos outros animais de Tsavo-Leste.

A água é desepejada em buracos cobertos de concreto ou, dependendo da região mais necessitada, diretamente no solo, em declives que permitam o mínimo acúmulo de água para o alívio e a salvação dos animais – que já conhecem Patrick, e muitas vezes mal conseguem aguardar, cercando o caminhão em um misto de alegria e desespero.

Não é incomum que os animais aguardem pela água ao redor dos buracos já secos – recentemente Patrick foi recebido por 500 búfalos, que não se incomodaram com sua presença e começaram a beber e se refrescar antes mesmo dele ir embora. O próprio Patrick, que é um fazendeiro local, afirma que já não chove mais como costumava chover, e que já não cai uma gota de água desde junho do ano passado no parque.

Não é incomum que os animais aguardem pela água ao redor dos buracos já secos – recentemente Patrick foi recebido por 500 búfalos, que não se incomodaram com sua presença e começaram a beber e se refrescar antes mesmo dele ir embora. O próprio Patrick, que é um fazendeiro local, afirma que já não chove mais como costumava chover, e que já não cai uma gota de água desde junho do ano passado no parque.

Além de salvar os animais do parque, Patrick também coordena um projeto chamado Tsavo Volunteers, pelo qual visita escolas da região para conscientizar as crianças a respeito da vida selvagem e da importância de cuidarmos do meio-ambiente.

Hoje Patrick dirige diversos caminhões, passando horas por dia na estrada para levar água aos animais que tanto ama. Mas ele não faz tudo completamente sozinho: duas parceiras ajudam, dos Estados Unidos, a levantar fundos e reunir patrulhas noturnas para cuidar dos elefantes e dos vilarejos próximos. Cher Callaway e Tami Calliope nunca se encontraram fisicamente, mas pela internet trabalham arduamente juntos para manter vivos os animais do parque. Uma página de financiamento coletivo permite que todos possam ajudar o projeto.

Observar esse tipo de esforço individual e o impressionante resultado que uma só pessoa é capaz de alcançar nos faz tristemente imaginar o quanto poderíamos alcançar com um pouco de vontade política e um tanto de trabalho das autoridades em todo mundo.

Problemas básicos, que ainda persistem, assolando populações, países, faunas e floras inteiras, em nome de nada além do que o lucro e a ganância de poucos, poderiam ser resolvidos com sobra. O mundo melhor é mesmo esse mundo aqui – basta lutarmos e querermos; basta sermos um pouco mais como Patrick.

© fotos: Patrick Kilonzo Mwalua