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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Contrariando estatísticas, mulheres chegam a cargos de liderança e contam do preconceito que vivem

Foto: Arquivo Pessoal

Glaucia Amaral

Glaucia Amaral

Quando Glaucia Amaral, atual presidente da Associação de Procuradores do Estado de Mato Grosso, começou sua carreira no direito – que hoje já tem vinte anos – sentiu na pele o preconceito que existia simplesmente por ela ser mulher. Hoje, a procuradora construiu carreira na administração pública e se destaca pela atuação e pelo reconhecimento de seu trabalho.

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“Toda mulher está sujeita ao preconceito, e isso se intensifica em profissões concorridas. Embora o ingresso no serviço público seja por concurso que garante isonomia entre homens e mulheres, oferecendo as mesmas oportunidades, no Brasil os cargos de confiança são, na maioria das vezes, ocupados por homens”, contou.

Ela conta, ainda que a mulher que trabalha no Judiciário é muitas vezes associada a estereótipos, como o da mulher submissa ao marido, ter filhos, corpo magro e não expressar o estresse. “É como se a mulher por ocupar uma posição de liderança ou por ser bem-sucedida no mercado de trabalho não pudesse ser o que é, sem obedecer a nenhum perfil pré-determinado pela sociedade”.

A existência de mulheres como Gláucia, que alcançaram uma posição de liderança, não deve dar a falsa impressão de que isso é fácil, comum, ou que não é impedido pela sociedade patriarcal. De acordo com o do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), apenas 7,2% das posições nos conselhos administrativos são ocupados por mulheres. E isso não acontece por falta de capacidade.

Em Mato Grosso, no entanto, algumas delas conseguiram ultrapassar todos esses obstáculos e emergir dentre os homens brancos detentores do poder. É o caso da presidente do Sindicato Rural de Campo Novo do Parecis, Giovana Velke, que atua em um ambiente eminentemente masculino. Sua receita, segundo ela mesma, é atuar com pulso forte e exigindo respeito.

“Percebo que minha atuação, enquanto administradora dos negócios familiares, presidente de uma entidade de alta notoriedade e dona do próprio negócio pode causar certo espanto, mas não há espaço para preconceito porque sempre sou transparente nas minhas relações. Por outro lado, infelizmente, ainda existe muita discriminação contra a mulher que atua na área operacional e agronômica no campo, como ocorre da porteira para dentro, como ocorre em muitas fazendas”, relata Giovana.


Giovana Velke (Foto: Reprodução)

Casada e grávida do primeiro filho, ela também é empresária e atua no setor administrativo da fazenda do pai, onde cultivam soja e milho. “A inteligência e a técnica têm permitido que a sociedade seja mais equânime. Superar as barreiras que ainda são impostas pelo preconceito é uma questão de evolução”.

Fernnanda Pigatto é médica e, além de ser mulher, tem de enfrentar o preconceito em relação à sua idade. Aos 31 anos, ela é médica pediátrica, diretora-técnica do Hospital Femina, mãe de gêmeos e atuante no mundo dos negócios.

“O tempo para administrar tudo isso é bem limitado, mas com determinação e força de vontade, dou conta de todas as obrigações”. Fernnanda relata que ainda não foi vítima de preconceito por ser apenas mulher, e sim por ser uma “jovem mulher” e ocupar uma função de alta responsabilidade.

A juíza Ana Cristina Silva Mendes, vice-presidente da Associação dos Magistrados de Mato Grosso (Amam), conta que começou a carreira há 18 anos na Comarca de Juína, onde enfrentou preconceitos por ser mulher.


Ana Cristina Silva Mendes (Foto: Reprodução)

Hoje, com 48 anos, casada, mãe de três filhos, ela se orgulha “Principalmente porque conseguimos realizar diversas atividades por opção e não por imposição. Penso que muitos avanços ainda deverão ocorrer em relação a igualdade entre homens e mulheres, mas depende de cada um promover a cultura de igualdade”, afirma.
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