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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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hung ga em Cuiabá

Muito mais do que uma expressão corporal: kung fu como arte marcial completa

Foto: Acervo Pessoal

Alex Lo

Alex Lo

Socos, chutes, elasticidade, repetição de movimentos e muitos exercícios de resistência e força. A primeira impressão que a maioria dos praticantes tem o kung fu costuma ser do quanto é desenvolvido aspecto físico dessa arte marcial, que ganhou notoriedade no ocidente através dos filmes dos atléticos Bruce Lee e Gordon Liu.

Não foi diferente com o chinês radicado no Brasil Lo Hsiang Chi, há 17 anos, quando começou a treinar por hobby. Naquela época, não podia imaginar que se tornaria um sifu e responsável nacional de uma linha tradicional, com ancestrais que remontam ao herói chinês Wong Fei Hung, personagem recorrente de filmes sobre arte marcial.

“No começo você não entende a profundidade. Você começa treinando por conta de filmes, da beleza do kung fu de ser vista. Você vê o kung fu como uma coisa bela. Saltos muito bonitos”, relembra o sifu Alex Lo, nome “ocidental” de Lo Hsiang Chi, adotado desde quando chegou em terras tupiniquins, na infância.

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Contudo, quanto mais tempo se dedicou a arte marcial, mais aspectos ela abrangia além do físico. Somente quando começou a entender mais sobre filosofia, adquirir conhecimento histórico, além de tantos outros detalhes intrínsecos a cultura chinesa, Alex passou a entender melhor a própria arte marcial em si e sobre como ela pode ser usada na vida cotidiana.

Para chegar a esse ponto, no entanto, ele precisou de um jornada, tanto no sentido metafórico, quanto no sentido literal. Após treinar por sete anos na TSKF, uma das maiores escolas da América Latina do estilo Louva-a-deus, Lo decidiu abandonar a profissão de publicitário e viajar para China treinar no Templo Shaolin, um mosteiro budista localizado na província de Henan, Norte daquele país.

Lá, Alex Lo treinou por volta de cinco meses e atingiu o ápice de seu desempenho física. Então o clima frio atingiu patamares rigorosos e todos os colegas de treino também vindos do Brasil começaram a ir embora. Com tempo de sobra para gastar na China, mas sem interesse em continuar no Templo, Alex começou a buscar algum mestre.

“Fui procurar uma lugar com clima mais ameno para treinar. Aí são coisas do destino. Acabei caindo em um site chinês aonde tem um mestre que eu não conhecia no sul da China, em uma cidade em que você nunca ouviu falar”, rememorou. O “mestre desconhecido”, em questão, trata-se de Yee Chi Wai, também conhecido como Frank Yee, grão-mestre de Hung Ga, da terceira geração de herdeiros marciais do herói chinês Wong Fei Hung, chefe de uma associação internacional de Kung Fu com filiais em vários países na América, Ásia e Europa.

Um recomeço

Assim como nos filmes, o mestre duvidou do aluno. No caso, o grão-mestre Frank Yee nem mesmo acreditava que Alex Lo cruzasse a China ara sair do Templo Shaolin e ir até de Toisan (Taishan), Sul do país. Quando o sino-brasileiro chegou, ele ainda precisou provar estar apto a treinar no melhor nível possível. E, nesse caso, se tratava muito mais do que um nível físico.

“Eu não tinha muita noção do que era Hung Ga. Aí quando eu vi meu mestre, um cara baixinho, até relativamente menor do que eu, sendo um grande mestre. Em demonstrações ele derruba pessoas com duas vezes o tamanho dele. Isso é Hung Ga. E ele começou a ensinar coisas que eu nunca pensei além da performance, em relação a base, postura, luta e, principalmente, sobre filosofia marcial. Isso me cativou. Eu não pensei que Hung Ga fosse desse jeito”, contou.

Após retornar da China, sifu Alex Lo abriu uma escola de kung fu. Na ocasião, ainda no estilo Louva-adeus, que aprendeu e treinou na TSKF, mas manteve-se treinando o que aprendeu com Frank Yee, além de manter contato. Com tempo, pode pesquisar mais sobre o próprio mestre e descobriu sobre a carreira dele e a associação internacional, a Yee’s Hung Ga International Kung Fu Association.
 
Por mais uma vez, sifu Lo viajou. Dessa vez para os Estados Unidos, aonde treinou com seu dai-sihing Pedro Cepero Yee, filho adotivo de Frank Yee, dono de um currículo com 35 anos de experiência em Hung Ga. Quando retornou, Alex Lo passou a se dedicar exclusivamente ao Hung Ga, já com uma visão totalmente diferente do que se tratava praticar uma arte marcial.

“Arte marcial é muito mais abrangente do que uma expressão corporal. Envolve estudo, história, filosofia marcial e também treinamento energético. Luta é apenas uma parte. Essa foi a virada da cabeça que tive ao ter contato com meu mestre. Não adianta treina vários socos, vários golpes, se eu não tiver filosofia, se não tiver saúde, se tiver  essa parte interna. Kung Fu é uma parte da cultura chinesa. E quando a gente fala em cultura é essa coisa abrangente mesmo”, concluiu.


(Sifu Alex Lo, na china, durante o 2º Campeonato Mundial de Kung Fu Hung Ga, em 2016)

Em Cuiabá

Aos interessados, a quarta filial brasileira da Yee’s Hung Ga, primeira fora de São Paulo, fica em Cuiabá: A Associação Bai Hu de Kung Fu tradicional. O sifu Washington Bezerra, quarto aluno brasileiro de Frank Yee, é o responsável por repassar a arte marcial tradicional.


(Foto: Adelita Chohfi/ Cerimônia de Baishi na qual Washington recebeu o documento de admissão como 4º geração do herói de Chinês Wong Fei Hung)

No local, é mantido o espírito de repassar uma arte marcial tradicional completa, com movimentos pensados ao longo de cinco mil anos para uma situação de combate real, em desvantagem numérica e de tamanho, além traços da cultura chinesa, como história, filosofia marcial, mandarim, cantonês, dança do leão, etc.
Contudo, isso não quer dizer que o ambiente para se aprender Hung Ga, a modalidade de Kung Fu ensinada na Bai Hu, seja violento. Ao contrário, o respeito em forma de um código familiar faz parte do cotidiano

Serviço:

O Hung Ga é ensinado em Cuiabá pelo sifu Washington Bezerra, na sede da Associação Bai Hu, Rua Castelo Branco 123, Bairro Popular, Cuiabá, entre a AV. Isaac Póvoas e a Rua 24 de Outubro. Mais informações por telefone: (65) 3025-4450 ou 9247- 4646.

São Paulo

Em São Paulo, SP, o sifu Alex Lo ensina Hung Ga na Matriz da International Yee’s Hung Ga Brasil, na Rua Rua Henry Dunant, 567, Chácara Sto. Antônio. Mais informações através de  Tel: 11 95500-1088 Facebook/yeesbrasil
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