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Terça-feira, 16 de abril de 2024

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Bom Jesus de Cuiabá

'Rejeitada' após reforma, Catedral abriga padroeiro, grandes nomes da história e pinturas de mutilado de guerra

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

Catedral Basílica Bom Jesus de Cuiabá

Catedral Basílica Bom Jesus de Cuiabá



Quando o Bispo Dom Orlando Chaves mandou demolir a Catedral Bom Jesus de Cuiabá, em 1969, e construir outra no lugar, não imaginava o quanto essa ação atingiria os cuiabanos. Acreditando na ‘explosão demográfica’ que a capital passaria, ele teve a certeza de que aquela igreja não acompanharia o progresso.

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A reação não foi boa. Muitos acreditaram que a primeira igreja de Cuiabá, construída só nove anos após a fundação da cidade, havia sido descaracterizada. Para resgatar a valorização da Catedral, o padre Edmilto Mota, 40, sonha com a sua nova reforma.

Mas há muito mais a especificar. “As pessoas não valorizam a Catedral, mas muitas delas não sabem da história daqui. Não sabem, por exemplo, que quem pintou as gravuras do novo prédio foi um polonês mutilado na 2ª Guerra Mundial, que não tinha as mãos. Ele se chamava Aristak”, lembra o padre.


Padre Edmilto (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Outra característica importante da Igreja é sua cripta. Atualmente, estão ali os corpos de Miguel Sutil, Pascoal Moreira Cabral e dos bispos que já foram responsáveis pela Matriz. “Normalmente nas catedrais são sepultados os bispos de cada Diocese, mas excepcionalmente, quando alguém tem uma importância muito grande para a cidade, ou tem uma vida muito santa, também pode ser colocado na cripta”, explica o Padre Edmilto.

Miguel Sutil, que deu até nome a uma das maiores avenidas de Cuiabá, foi um bandeirante que descobriu, em 1722, as minas de ouro à beira do córrego da Prainha. Neste ano, ele também fundou o ‘Arraial do Bom Jesus de Cuiabá’. Pascoal Moreira Cabral também foi bandeirante, e também encontrou ouro na capital. Ele fundou o Arraial da Forquilha. A cripta possui atualmente nove pessoas, mas tem espaço para muitos outros.  





A história

A primeira edição da Catedral foi construída em 1722. Era de pau a pique. As reformas iam acontecendo conforme a cidade crescia, e a matriz ganhou uma segunda torre e se tornou Catedral. A reconstrução de 1969 foi a terceira pela qual passou a Igreja.

Hoje a Catedral ainda possui duas torres, com um relógio em cada, e ainda abriga a imagem do padroeiro da cidade, o Senhor Bom Jesus de Cuiabá, que inclusive em 2017 comemora 289 anos.

Com capacidade para 800 pessoas sentadas, a Catedral é composta por três altares, sendo que do lado direito fica a Capela do Bom Jesus Padroeiro, no centro o altar principal e do lado esquerdo o Altar do Sacrifício do Santíssimo.


Catedral por dentro (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Apesar da desvalorização da Igreja perante os fieis ‘saudosistas’, ela continua recebendo cerca de três mil pessoas por finais de semana, nas quatro missas rezadas aos domingos e nas duas rezadas no sábado. Durante a semana, os encontros acontecem às 6h30 e às 18h30.



“A Catedral é o coração da cidade, e é onde está abrigado o padroeiro, Bom Jesus de Cuiabá. Ela nasceu junto com a cidade, é a Igreja-Mãe”, explica Edmilto. “Nos últimos anos, no entanto, foi ‘deixada’ tanto pelos fieis quanto pelos padres que passaram por aqui. Queremos, com essa reforma, fazer um trabalho de resgate do amor por este novo prédio, porque não tem como a Catedral voltar a ser como era antes”, finaliza. 
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