Artes plásticas, grafite, iluminação em todas as obras da Copa. Este é o objetivo do projeto ‘Cidade Viva’, que começou efetivamente no último final de semana no Viaduto do Despraiado, em Cuiabá.
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O projeto é da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de Serviços Urbana.
De acordo com o secretário adjunto de cultura do município, Junior Leite, a secretaria de Serviços Urbanos desenvolveu a parte de urbanismo, a Secretaria Adjunta de Esportes vai implantar academias da terceira idade e a Secretaria de Meio Ambiente disponibilizou o dinheiro para pagar os artistas.
A Secretaria de Cultura, por sua vez, ficou incumbida de desenvolver o projeto. “Nossa ideia é trabalhar em todos os viadutos, trincheiras, e todas as obras que foram feitas para a Copa do Mundo, para enfeitar a cidade”, explicou Junior. “E não serão só as pinturas. Faremos a iluminação, jardinagem, instalação das academias, e etc”.
Neste primeiro passo do projeto, sete artistas plásticos foram convidados para pintar, cada um com seu estilo, o viaduto do despraiado. Um deles foi Waldemar Souza, que escolheu fazer uma crítica à tecnologia, pintando indígenas com seus celulares, assim como pessoas “urbanas”.
“Uma vez eu fui numa aldeia indígena e os índios estavam todos enfeitiçados. Eles estavam todos ali, sem dar atenção para ninguém”, lembrou o artista. “É uma crítica à tecnologia que nos trouxe tantos benefícios, mas que nos traz tantas coisas ruins também”.
Waldemar Souza (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)
Para ele, além de trazer a arte para a rua, é de suma importância pensar em mantê-la. “O secretário disse que vai deixar a cidade bem limpa, bem bonitinha. Inclusive vão fazer placas indicativas para preservar a arte, vamos envernizar, estamos usando tinta de alta durabilidade, ou seja, é para chegar aos 300 anos ainda bonita”.
Para Gervane de Paula, outro artista convidado, voltar para as ruas depois de cinco anos pintando telas foi uma grande oportunidade. “A cultura de Cuiabá já está há muito tempo na rua. Estou de novo achando legal a experiência. É bom pintar na rua, você faz um trabalho com mais liberdade, dimensão maior, e consegue aproximar mais da população”.
Gervane de Paula (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)
Diferente de Waldemar, ele afirma que o mais importante de sua obra não é o significado. “O mais importante dela são as cores, não é o assunto que chama mais atenção, e sim as formas e as cores”.
Os pilares onde estão garotos soltando pipa são obra de Vicente de Paula. Conhecido por suas obras lúdicas, ele decidiu trazer um pouco de sua infância para o viaduto. “Eu acho que a cidade de Cuiabá está precisando, está crescendo, e precisa ter mais intervenção artística, mais manifestações culturais, e as artes plásticas, a pintura, são maneiras de se manifestar”, disse.
Vicente de Paula e seus 'meninos de pipa' (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)
“A cultura ganha, porque você tem registros nesses espaços, e esses espaços que eram teoricamente abandonados agora começam a ter sentido. Essa ideia da urbanização, do aculturamento desses espaços, transformando o concreto em lugar de lazer, de diversão, entretenimento, é fantástico. A prefeitura está de parabéns e a população também ganha com isso”, finalizou.
De acordo com o secretário adjunto, após o Despraiado, o próximo local a receber o projeto será a Orla do Porto. Ali, quatro artistas foram contratados para pintar a parede da CAB. “Não temos uma data para terminar, mas queremos fazer isso durante toda a gestão do Emanuel, para chegar aos 300 anos da cidade com ela muito mais bonita”, afirmou Junior Leite.
