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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Projeto aprovado pela Secretaria de Cultura visa preservação do conhecimento indígena

Foto: Gabriele Viega Garcia

Projeto aprovado pela Secretaria de Cultura visa preservação do conhecimento indígena
“Circuito Kamukuwaká: o livro de Kamukuwaká e Yakuwixeku” foi um dos projetos aprovados na segunda edição do Prêmio Territórios MT, da Secretaria de Estado de Cultura. A obra se trata de um livro didático que pretende registrar as narrativas, saberes e práticas ancestrais do povo wauja, uma das 16 etnias que compõem o Território Indígena do Xingu (TIX). Pela aprovação, os líderes indígenas Apayupi Waurá e Akari Waurá, além do professor de letras Piratá Waurá, estarão presentes na cerimônia de assinatura dos contratos, que acontece na noite desta terça-feira (11), no Palácio Paiaguás.

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O livro é de autoria do Instituto Homem Brasileiro (IHB) em parceria com os indígenas, e será feito a partir de oficinas de registro etnográfico. Como o objetivo é a autonomia do povo wauja, eles próprios vão discorrer sobre a iniciativa no encontro desta noite. . “Estes aspectos são sentidos na pele pelos wauja. Nada mais natural do que deixá-los falar sobre o assunto”, pontuou a arqueóloga Gabriele Viega Garcia, uma das representantes do IHB.

Gabriele explica estudos etnográficos apontaram que gradualmente vem sendo dissolvido o conhecimento tradicional do povo wauja, devido a um afastamento das novas gerações. Muito se deve à falta de registro.
Por este motivo, de acordo com a assessoria, o primeiro passo será resgatar as narrativas do mítico Kamukuwaká e do pescador Yakuwixekú, que explicam o ritual de furação de orelha e a cerimônia de iniciação do jovem wauja.

Para a crença local, “Kamukuwaká liderou seu povo no confronto contra o invejoso Kamo (Sol), conduzindo-os ao céu para fugir de seres malignos enviados pelo inimigo. Em tempos diferentes, a história de Yakuwixekú e seus irmãos conta uma nova subida ao céu, onde aprenderam tudo sobre o rito de iniciação”.
 
A gruta Kamukuwaká, no entanto, fica fora do território do Xingu, e por isso as histórias só podem ser passadas oralmente, sem o real conhecimento do espaço físico onde teriam acontecido.
 
Ainda de acordo com a assessoria, essa gruta também é importante por ter um sítio arqueológico de arte rupestre, situado à margem do rio Batovi. Ela é definida, também, como Complexo Sagrado de Kamukuwaká, e foi considerada patrimônio da União em 2010. No entanto, como não faz parte do Território Indígena, a área tem preservação ameaçada pelo agronegócio.

O livro

A obra premiada pela Secretaria de Cultura surgiu de um projeto de Gestão Ambiental que começou em 2014, e é realizado por uma equipe formada por pesquisadores indígenas e do IHB, que reúne arqueólogos, antropólogos, professores, alunos, fotógrafos, historiadores e anciões.

A ideia é capacitar os pesquisadores indígenas para a pesquisa etnográfica e produção do material didático que será inserido no programa letivo das escoolas wauja.

“O nosso almejo principal é a autonomia dos wauja, na execução dos trabalhos de registro e pesquisa sobre a sua cultura. Essa autonomia vem com as ações conjuntas de registro etnográfico que viemos desenvolvendo, fomentando também uma familiarização com as novas tecnologias de informação”, explica Garcia.
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