No ambiente bucólico da viela de acesso as lojas da galeria Vila Maria, na charmosa rua 24 de Outubro em Cuiabá, foi que de surpresa descobri o harpista paraguaio, Kike Pedersen. Um céu de lâmpadas que acesas iluminavam o jardim suspenso em pergolato. Enquanto o público se acomodava em mesas circulares para degustar um rodízio de sorvetes, Kike transitava melodiosamente com sua harpa entre os presentes. A cada mesa uma canção diferente e a cada passo, olhos curiosos de encantamento o seguiam.
“Encontre um trabalho que não seja um trabalho. Trabalhe com o que você gosta. Faça o que você gosta e não será um trabalho. Faça o que você ama e o dinheiro vem atrás.”
Todas essas frases passam pela cabeça de quem se vê entre priorizar atuar no que gosta ou ganhar dinheiro. É sabido que determinadas áreas profissionais são mais valorizadas que outras. Por exemplo, a não ser que você seja a Ivete Sangalo, um médico tem seu trabalho melhor remunerado que um músico e nas condições sociais atuais, dinheiro é sempre uma prioridade, que em alguns casos está à frente da realização pessoal.
Este não foi o caso de Kike, o harpista paraguaio seguiu seu dom e viaja o mundo compartilhando seu talento e absorvendo experiências. Natural de Assunção, capital do Paraguai, Kike cresceu ao som da harpa paraguaia de seu pai que foi músico e marceneiro. Ainda criança conheceu a importância da música e autodidata, aprendeu a dedilhar as notas cálidas do instrumento milenar. Ainda em Assunção, foi aluno do músico paraguaio Luis Bordon de quem ouviu falar do Brasil, já que o professor chegou a morar por anos em São Paulo.
Por meio da música, o paraguaio conheceu o mundo, viajou por culturas e sons até aportar em Cuiabá. Israel foi seu primeiro destino. Aos 15 anos, recebeu o convite do Consulado de seu país para se apresentar no país oriental. Depois disso, ele conta que os convites foram surgindo e ele embarcou para Austrália, Inglaterra, Irlanda, Escócia e tantos outros.
Aos 32 anos, 18 deles tocando harpa e metade de uma vida na estrada com a música, Kike faz da vida uma canção, intensa como o som de sua harpa e multicultural como os lugares que passa. Obsorve tudo que houve, sente tudo que toca e faz questão de evidenciar o aprendizado do dia a dia, que de acordo com ele, universidade nenhuma ensina.
“Antes eu tinha medo de muitas coisas, das pessoas, de avião, depois de um tempo aprendi que a melhor coisa é conhecer a cultura de um país, as pessoas, a comida, você aprende muito mais que em uma universidade. Essa é a coisa boa da música, você pode conhecer tudo”, diz Kike.
Em Cuiabá há cerca de 8 meses, Kike vive de seu trabalho como músico, tocando aos sábados durante o almoço e jantar no restaurante Seu Majó e as terças a noite na sorveteria Matteo Gelato Criativo. A capital mato-grossense é a única cidade brasileira que ele conhece. Sua primeira vez na cidade foi em 2004 quando participou de um festival de música. Na ocasião, seu primeiro laço de amizade se fez, razão pela qual retornou tempos depois.
Do Brasil ele diz que gosta da gente, principalmente dos jovens de Cuiabá que movimentam a cidade. De Mato Grosso ele destaca também as riquezas naturais que até o momento referencia na cidade de Chapada dos Guimarães.
Com viagem marcada para o Japão no próximo mês, Kike se afasta de Cuiabá por seis meses, mas retorna para compartilhar sua música por meio de um novo projeto: ensinar harpa. Com isso, talvez, pela primeira vez em toda sua vida, ele se fixe, pelo menos por um tempo na capital mato-grossense.
Para aqueles que quiserem apreciar a musicalidade do harpista, Kike fica em Cuiabá até o dia 03 de junho, pelos estabelecimentos da rua 24 de outubro. Quem quiser contratá-lo para eventos pode entrar em contato pelo telefone (65) 9 9237-4100.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real,clique aqui
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nosso site, você concorda com tal monitoramento. Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
