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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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especial dia dos namorados

Prestes a completar 60 anos de casamento, casal de MT não se desgruda e revela os segredos

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

Dona Ivan, seu Francisco e a família na foto

Dona Ivan, seu Francisco e a família na foto

As bodas de diamante serão comemoradas no próximo mês de julho, mas para o casal Ivan de Figueirredo Mattos Tavares, 82, e Francisco Mattos Tavares, 88, não é preciso aniversário ou dia dos namorados para comemorar. Mesmo juntos há 60 anos, pequenas gentilezas ainda sobrevivem. Francisco, por exemplo, acorda cedo todos os dias para colocar o café da manhã da esposa.

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Gentileza, inclusive, é o que Ivan considera a melhor qualidade do marido, e o que ela indica como principal ingrediente de um casamento duradouro. Os dois se conheceram dando uma volta no ‘jardim’ – praça que fica em frente ao Palácio Alencastro – e começaram a namorar um mês depois, em uma festa de São João.

Ele tinha vinte e cinco anos de idade e trabalhava no Banco do Brasil quando foi transferido para Cuiabá. “Ele trabalhava no banco e eu no cartório, então sempre tinha que ir lá para pegar a assinatura do escriturário”, lembra dona Ivan. Os olhares passaram a ser de paquera. “Mas tinha um problema, porque ele tinha uma namorada lá em Belo Horizonte, onde ele morava antes. Eu disse que a gente só ia namorar se ele desistisse dela primeiro. E assim foi”.

Do namoro para o casamento se passou menos de um ano. Os dois se casaram na antiga Igreja Matriz. “Eu me lembro que fui para o cartório a pé de manhã, e depois fui me arrumar na casa da minha irmã, que foi quem costurou meu vestido. Peguei o único taxi que tinha na cidade para ir até a Igreja”, se recorda Ivan.


Ivan e Francisco e seu álbum de casamento (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Os anos foram passando, e Ivan e Francisco tiveram quatro filhos: Paulo, Laura, Roberto e Francisco. “Papai sempre foi muito família, nunca foi de sair, de beber. E os dois sempre viveram juntos, nunca desgrudaram”, comenta a única filha.

Por conta do trabalho do pai, a família se mudou para diversas cidades: Presidente Venceslau, Rondonópolis, Martinópolis, Jacareí, São José dos Campos e Campinas. Apesar de todas as viagens, eles sentiam que precisavam voltar à capital mato-grossense.

“Nós dois trabalhávamos muito, separados, quase a gente não se via. Mas eu lembro que ele deixava bilhetinhos na geladeira, por exemplo, quando comprava caju – porque eu gostava. Ele escrevia ‘tem caju’. E eu tenho os bilhetes até hoje”.

Dificuldades


A família (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Nem tudo foram flores e bilhetes de amor na vida do casal. Dos quatro filhos que nasceram, dois, Roberto e Francisco, faleceram no mesmo ano, ambos vítimas da HIV-AIDS. “Eles moravam longe, um no Rio e o outro em São Paulo. O primeiro me ligou dizendo que se sentia mal, não sabia o que estava acontecendo, estava muito magro. Eu disse para ele voltar pra casa. Ele faleceu, e um mês depois o meu outro filho também, da mesma forma”, lembra Ivan.

“Era uma época difícil, foi logo no começo, ainda não se tinha muita informação sobre a doença, o diagnóstico era difícil e, mesmo quando se tinha, a sobrevida era pequena”, se recorda a irmã.

Para passar as dificuldades, a família se agarrou ao amor que tinha. “É preciso acreditar em Deus em primeiro lugar. E não ficar se lamentando. É claro que a gente sofre, a gente ainda chora, fala deles como se estivessem aqui, mas a gente se conformou”, afirma a mãe.

Saudade os dois também sentiram da filha Laura, que vive no Canadá por quase dez anos. Eles, inclusive, foram visitá-la na época, pouco antes de completarem as bodas de ouro. “Nós somos muito apegados, sempre nos falávamos pelo telefone e eu sentia, pela voz, que eles estavam envelhecendo. Decidi voltar”, comenta a filha.

Foi um ano antes dos 50 de casados que Francisco passou por outra dificuldade: um infarto. “Ele ficou de cama, fazendo fisioterapia, por um ano. Eu nem gostava de ver. Mas o fisioterapeuta me prometeu que o colocaria de pé, e um pouco antes do aniversário de casamento ele levantou”, conta a esposa. Para comemorar, eles celebraram as bodas em grandes estilo.

Hoje em dia, dez anos depois, os dois vivem sozinhos em um apartamento na região central, e tem a ajuda de uma funcionária durante a semana. Ivan tem artrose no quadril e nas pernas, e já não consegue fazer todas as atividades de antes. “Ele se tornou minhas pernas, e hoje faz atividades que antes não gostava, como me ajudar a cozinhar”.

Para além das obrigações, eles gostam de assistir a filmes, séries como o CSI, às missas e novenas. “E ele gosta muito de futebol. Eu assisto às vezes, mas de vez em quanto peço pra ele mudar, e ele muda”. Assim, vão levando esse amor de diamantes. Segundo dona Ivan, além da gentileza, um dos segredos mais profundos é esse: a paciência. 
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