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Sábado, 20 de abril de 2024

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Parada da Diversidade pede 'Estado Laico', além de direitos e políticas públicas para LGBTs

Foto: Olhar Conceito

Parada da Diversidade pede 'Estado Laico', além de direitos e políticas públicas para LGBTs
Defender o ‘Estado Laico’ e, como consequência, os direitos das lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) e a inserção de políticas públicas em seu favor. Esta é a principal reivindicação da 15ª Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá, que acontece no próximo dia 22 de setembro. Nesta quinta-feira (17), a parada será lançada à partir das 19h em um evento no Cine Teatro, e antes do dia do ato em si, serão realizados ainda um seminário e diversos ‘Pit Stops’ pela cidade, levando a discussão para diferentes bairros da capital mato-grossense.

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“Estado Laico e Cidadania – direito de todas e todos” foi o tema escolhido pela organização da parada. De acordo com Gabriel Henrique Figueiredo, presidente do Grupo Livre Mente e Coordenador Geral da Parada, a escolha foi feita a partir da análise da atual conjuntura política do país, que tem retrocedido em relação aos direitos. “A gente foi percebendo o quanto que todas essas perdas, esse retrocesso vem carregado de um discurso fundamentalista religioso, e isso não é à toa. A gente tem visto a bancada BBB - a bancada da bala, da bíblia e do boi - crescendo no Congresso Nacional e nos espaços legislativos. Principalmente a bancada que é fundamentalista religiosa, crescendo cada vez mais, e, mais do que isso, articulando-se de uma forma forte e que tem cerceado os direitos de todas as populações vulneráveis”, afirma.

Para além de ‘estacionar’ futuras políticas públicas, Gabriel enxerga que esta bancada tem, inclusive, conseguido retroceder e retirar direitos já adquiridos. “A gente traz este tema, ‘Estado laico e cidadania: direito de todos e todas’ pra fazer esse enfrentamento, pra fazer essa resistência e pontuar como é prejudicial pra população como um todo, mas principalmente pra população LGBT, quando alguma religião passa a ser lei ou a fundamentar qualquer lei, porque são nossos direitos que são cerceados, e a gente está falando de vida, a gente está falando do direito de sermos quem somos, e não dá, pra num ponto em que a ciência, em que o estado já avançou tanto, a gente retroceder, ter perdas”.

A Parada e mais

A 15ª Parada acontecerá no dia 22 de setembro, sexta-feira, com concentração na Praça Ipiranga às 14h, e depois saída em direção à Orla do Porto, onde acontecerá uma onde acontecerá uma festa político-cultural. “É importante destacar que a parada é um ato cultural. Talvez seja o único momento que muitos e muitas LGBTs têm a oportunidade, durante 365 dias de um ano, para se reunir com seus pares e pra festejar, pra dançar, pra curtir, pra namorar”, comenta Gabriel. “Ela é uma grande celebração do orgulho LGBT, do orgulho de sermos quem somos. Então de fato ela é uma festa, ela é uma grande celebração. Mas o fato de sermos LGBTs, por si só, já torna nossa vida um grande ato político. Se somos, por si só, um grande ato político por sermos quem somos, porque não a parada não vai ser um ato político?”.

Antes da grande festa, no dia 21, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) recebe o conselheiro nacional de atenção a diversidade sexual, José Felipe dos Santos, e a Drag Quenn e youtuber Lorelay Fox para participar de um Seminário. “Vimos quais são as pessoas que tem feito essas lutas, que tem também no Brasil todo, através de redes sociais, de falas, lutado pela comunidade LGBT. São pessoas de falas que vem para agregar, para nos dizer como estão os índices de violência, e com um panorama visto de fora”, garante o de comunicação do grupo Livre Mente, Alexander da Silva.

Durante todo o mês de setembro, a partir do dia 1º, o grupo organizador vai, ainda, organizar diversos ‘pit stops’ em diferentes bairros da cidade, e busca a oportunidade de realizar uma audiência pública. “Teremos ações na comunidade, nas periferias, nos espaços onde a gente encontra a população LGBT, muitas vezes de forma marginalizada, pra fazer esse debate. Não só para a população LGBT, mas pra população como um todo. Porque o debate, a pauta da parada, do estado laico e dos direitos da população LGBT, é algo que é de todos”, complementa Gabriel.

Neste ano, a rainha da parada é a travesti Michele Oliveira. O coordenador conta que a escolha foi unânime. “Nós entendemos, e foi consensual ,a importância de escolher uma travesti, porque não só representa toda a população LGBT, mas apresenta onde mais tem sido vulnerável pra população LGBT, onde mais tem carecido de políticas públicas”.

Para ela, a Parada é uma oportunidade de ter mais visibilidade, e “mostrar pra população que todas as travestis, todos os gays, todas as lésbicas, também temos que ter direitos políticos, liberdade de ir e vir, de estar numa escola, de poder estudar, de poder trabalhar como qualquer cidadão comum, e não só ter a opção de ir pra rua se prostituir. A vida de uma travesti não é só isso”.

Reinvindicações

De forma prática, existem políticas públicas e direitos exigidos pela população LGBT por meio da 15ª Parada. Em Cuiabá, por exemplo, isso vai além da atenção da Segurança Pública, como o recém conquistado nome social nos Boletins de Ocorrência.

“Nós não temos ambulatórios trans para atender a população de travestis e transexuais, que precisam fazer hormonização, e não hormonioterapia, que são coisas totalmente diferentes. Não existe uma prescrição médica, não existe um acompanhamento com endocrinologista, não tem acompanhamento psicológico... as vítimas de violência física, violência sexual, não têm acompanhamento psicológico, não tem nenhuma instituição que faça acolhimento dessa população. A política de educação não é pensada para atender a população LGBT, ainda que nós tenhamos a inserção do campo do nome social no Boletim de Ocorrência, a inserção do campo do nome social no diário do professor de classe, mas a população LGBT está dentro da escola? O Estado garante? Existe política afirmativa que garanta que a população esteja dentro da escola? Existe política de emprego e renda no estado de Mato Grosso?”, questiona Gabriel.

Em uma perspectiva nacional, um dos grandes questionamentos é em relação ao Plano Nacional de Educação. O coordenador explica: “Recentemente o Plano Nacional de Educação passou por uma reformulação, pelo atual Ministro da Educação, que retirou toda nomenclatura de orientação sexual e identidade de gênero. Isso é um grande retrocesso porque é uma política que já existe, que antes já não estava dando conta da população LGBT, e agora a gente tem mais uma grande perda. Porque se antes, com a terminologia dentro do Plano Nacional de Educação, a Educação não estava dando conta de atender aos anseios e necessidades da população LGBT, agora fica mais difícil ainda”.

Serviço

Lançamento da 15ª Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá
Data: Quinta-feira (17) – 19h
Local: Cine Teatro de Cuiabá
 
15ª Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá                                                                   
Data: 22 de setembro, quinta-feira – Concentração às 14h
Local da concentração: Praça Ipiranga
Final da manifestação: Orla do Porto
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