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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Faca de dois gumes: Na época mais festiva do ano, milhares mergulham na solidão e pedem socorro

Foto: Reprodução / Ilustração

Faca de dois gumes: Na época mais festiva do ano, milhares mergulham na solidão e pedem socorro
Desde o início do mês de dezembro, o que mais se ouve e se vê, nas propagandas de televisão, nas matérias de jornal e na boca do povo, é que chegou a época de união, de amor, de fraternidade. Muitas pessoas, no entanto, sentem totalmente o contrário: solidão. Para se ter uma ideia, as ligações para o Centro de Valorização da Vida (CVV), grupo de prevenção ao suicídio, aumentam 20% no final de ano. E por quê?

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Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito

Para Isaura Titon, coordenadora regional da instituição, a principal causa está na sensação de não-pertencimento. “Esse aumento nós acreditamos que seja porque é um período festivo, de muitas comemorações, mas nem todos se sentem assim. Então aquela pessoa que está deslocada, tende a sentir mais solidão. Ela se sente diferente do resto. Tende a acentuar esse sentimento de não pertencer, de estar desconectado”, explica.

O CVV continua funcionando 24 horas por dia, mesmo durante as ‘festas’, principalmente para dar esse apoio.  “A gente acredita que o aumento maior é devido a essa angústia, de ‘todo mundo está feliz, menos eu…’. Hoje a gente tem essa propaganda da felicidade geral, e a pessoa que não está nesse espírito estão deslocada”, lamenta a coordenadora.

A psicóloga cuiabana Simone Magalhães compartilha do mesmo pensamento, e afirma que a maior procura acontece, também, nos consultórios. “Quem já frequenta costuma ir mais vezes e quem não frequenta vai. Ou porque lá no início do ano fez uma promessa de que iria procurar ajuda psicológica, fazer terapia,ou porque de fato sente uma pressão maior”, afirma.

Para a psicóloga, o chamado clima ‘Jingle Bell’ pode ser uma faca de dois gumes, pois, ao mesmo tempo em que alguns se sentem mais propensos a pedir perdão, ficar com a família e resolver os problemas de relacionamentos, outros ‘afundam’ nos sentimentos ruins. “O natal tem um significado de família, e tem muitas pessoas que não gostam da data porque é um momento em que vão lembrar-se de pessoas que não estão mais com elas, ou porque faleceram ou porque o relacionamento não deu certo”, explica. “Todas essas questões emocionais das relações vem à tona com bastante força, e tem pessoas que ficam bem mal nessa época. Se sentem entristecidas, se sentem solitárias, se sentem desesperançosas, perdem aquele gás. Mas, em compensação, mexe positivamente com muitas pessoas, que se movimentam no sentido de resgatar as relações, se presenteiam muito”.

A busca de ajuda seria, tanto na opinião da coordenadora do CVV quanto da psicóloga, o caminho para não passar essa data – e nem nenhuma outra – se sentindo triste e só, já que a solidão não é exclusividade de quem não tem família por perto. “É um remédio que a gente tem que tomar no ano todo, não é só nessa data. Cuidar das relações afetivas e cuidar do seu estado emocional, da sua saúde emocional, é muito importante, pra não chegar ao final do ano e se deparar com essas questões que mexem. E pra quem se deparar com isso, não ter vergonha de procurar ajuda”, garante a psicóloga. “Assim como quando a gente fica doente fisicamente a gente vai ao médico, quando a gente não está bem emocionalmente a gente precisa de ajuda. Os psicólogos estão aí para isso. Psicólogo não é coisa de louco”.

Por outro lado, quando são os familiares ou amigos que percebem que aquela pessoa não está bem, o caminho é oferecer ajuda sem preconceitos. “A gente tem muito medo de tocar nisso. A depressão está muito associada ao suicídio e é verdade, mas na verdade nem só a depressão, mas as doenças mentais de uma forma geral”, explica Isaura. “A pessoa tem que estar atenta a quem está do lado, olhando sinais, observando, se aproximando sem medo de conversar abertamente, mas sem julgar, sem criticar, sem tentar direcionar. A gente fala que o pior que você pode fazer é tentar tirar a pessoa ‘na marra’ daquele estado. É tentar compreender o estado que ela está, para que ela possa expressar essa angústia, e aí sim ela vai conseguir buscar ajuda”, finaliza a coordenadora do CVV.

Serviço

O CVV atende pelo número 188, gratuito para todo o estado. Além disso, realiza atendimento presencial em sua sede, na Rua Comandante Costa, 296, Centro. Horário: Diariamente das 8h às 16h.
  
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