O endereço do bom velhinho foi renovado para mais um ano no Bairro Santa Rosa, em uma casa que à distância já chama atenção pelas inúmeras luzinhas acesas. Aberta desde o último sábado (16), Baltazar Ulrich, de 64 anos, recebe gratuitamente a partir das 20h todas as pessoas na Casa do Papai Noel, que já se tornou ícone do natal cuiabano.
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Às 19h40 já tem crianças esperando nos carros estacionados ou apertando a campainha, para conhecer a figura ilustre e as mais de 1000 peças usadas na decoração natalina. Todos os itens, do enfeite da árvore até as fitas penduradas, foram escolhidos a dedo pela Mamãe Noel Joselaine Ulrich, de 61 anos.
A novidade dessa edição é a lareira, que era o sonho de Joselaine desde o começo. “A decoração é tudo por conta da minha mulher, ela sonha! Tudo o que você ver aqui ela que faz. Eu só cuido da parte elétrica, mas é a mamãe Noel que faz tudo. Normalmente fico nos bastidores”, conta.
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Vestido com a clássica roupa vermelha, o Papai Noel Baltazar conta que a decoração caprichada da casa virou tradição há 23 anos. Ele trouxe esse conceito do Sul, sua terra natal. Pela manhã, Baltazar costuma visitar crianças nas creches.
No começo, os adereços ficavam apenas na parte de fora da residência. Mas os visitantes começaram a cobrar como seria lá dentro, e o Papai Noel passou a abrir sua casa. Atualmente, a montagem dura duas semanas. Os objetos já ocupam dois quartos, sendo que muitos deles foram comprados em viagens do casal no exterior.
O esforço já lhe rendeu diversos prêmios em concursos da prefeitura, e ele já recebeu um carro, uma viagem para Paris e isenção do IPTU. Entretanto, com o passar dos anos, a Casa do Papai Noel foi sendo negligenciada. Esse ano ele contou com a ajuda do deputado estadual Nininho (PSD).
Baltazar também adoeceu, e luta há cerca de sete anos contra um câncer no fígado. Por conta dessas adversidades, o Papai Noel relata que este será o último ano que a casa irá abrir. “Vamos nos aposentar. Tenho problemas de doença, os velhos estão cansados... Além disso, problema financeiro, já que ninguém quer ajudar. Pedi para várias pessoas, mas ninguém quer ajudar”, lamenta.
Outro ponto abordado por ele foram as críticas recentes de blogs ou comentários em jornais. “Me criticaram muito esse ano. Dizendo que eu peguei dinheiro, que a casa é de “riquinho”, “é só pra riquinho”. Então ficamos tristes. Sabemos que não temos que dar bola pra essas coisas, mas a gente fica muito envolvido. Eu tenho quatro câncer, perdi um rim e vou ter que operar agora. Não operei ainda por causa do Natal. Então tem toda essa emoção envolvida, quando você se doa tanto”, diz com tristeza no olhar.
Nessas duas décadas, Baltazar coleciona muitas histórias boas, uma vez que só no ano passado, chegou a receber 15 mil visitas. Um desejo que o tocou muito foi em 2014, quando uma menina pediu saúde para a mãe, que estava doente.
Ele conta também que 2017 trouxe surpresas. Muitos idosos vieram visitá-lo e fazer pedidos. “O que me chamou atenção nesses últimos dias, é que muitas pessoas de idade me visitam, dizendo que nunca viram Papai Noel. Porque no shopping, por exemplo, os adultos não têm acesso, e aqui não, aqui deixo à vontade. Aqui é mais familiar o ambiente. No shopping tem rapidez e aqui não, quem está na fila que espere um pouquinho”, diz.
A casa fica aberta para visitação até o próximo domingo (24), das 20h às 23h.
Serviço
Endereço: Avenida Rússia, nº 282, Bairro Santa Rosa
Horário: a partir das 20h
