A Casa Barão de Melgaço, localizada no Centro de Cuiabá, chamou a atenção na tarde desta segunda-feira (15) ao aparecer com a parede quebrada, após o roubo da placa de bronze que homenageava o Barão de Melgaço. Internautas mostraram indignação ao verem as fotos do patrimônio destruído.

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As imagens começaram a circular no Facebook por volta de 15h. De acordo com informações preliminares, o roubo aconteceu na noite de domingo (14). Conforme a ex-presidente da Academia Mato-Grossense de Letras, Marília Beatriz Figueiredo Leite, não é a primeira vez que a Casa é alvo de roubos e descuido.

“Foi retirada a placa de identificação, um patrimônio nosso, um absurdo, um descuido do poder público. Nós precisamos há muito tempo de dois vigilantes. Na minha administração, eu consegui um vigilante, ainda bem, e por isso não houve coisas piores. Mas anteriormente já tinha sido arrancado toda a fiação da parte de trás da Academia. Agora, fazem essa ignomínia. Por que arrancar aquela placa tão significativa? Estou desolada”, lamenta.

O advogado e escritor Eduardo Mahon também falou sobre o roubo e mostrou indignação em sua página no Facebook. “Depois de 18 assaltos consecutivos, agora roubaram a linda placa de bronze com a qual o IHGMT homenageava o Barão de Melgaço”, disse na publicação.

Ao Olhar Direto, Mahon denuncia o descaso do poder público com o patrimônio. “A Casa Barão foi extremamente expropriada, até fios de cobra nos levaram. O governador prometeu que instalaria ali a Biblioteca Estevão de Mendonça. Passados três anos, não fez. A prefeitura cuidaria de um vigilante, iluminação e também não cumpriu. A Casa, que completa 250 anos, está completamente conservada e é muito difícil, muito desanimador o descaso que estamos sofrendo”, disse.

Ainda de acordo com Marília Leite, não há previsão da confecção de outra placa de bronze.

Obra parada

A obra de revitalização da Casa Barão de Melgaço, sede da Academia Mato-grossense de Letras (AML) e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IGHMT), demorou dois anos para sair do papel e ser entregue.

As obras começaram em setembro de 2015, e em fevereiro de 2017 a presidente da AML na época, Marília Beatriz, chegou a emitir uma notificação extra-judicial à prefeitura exigindo a entrega do prédio. As obras foram feitas em uma parceria do IPHAN com a Prefeitura de Cuiabá.

O valor total de investimento na restauração do edifício foi de R$690 mil. As obras foram feitas tanto na Casa em si, quanto na biblioteca e no arquivo dos acervos das duas instituições, que são as mais antigas do estado ainda em atividade. A Casa foi entregue em março de 2017.

A Casa Barão de Melgaço

A Casa Barão foi construída entre 1775 e 1777, e em 1843 passou a ser residência do Barão de Melgaço, um francês naturalizado brasileiro que recebeu o título de Barão de Dom Pedro I após defender o Brasil na Guerra do Paraguai. Ele também foi governador de Mato Grosso cinco vezes, historiador, geógrafo, pesquisador e escritor.

Após sua morte, a casa passou aos descendentes, e foi desapropriada em 1926. Quatro anos depois, em 1930, passou a ser sede da AML e do IGHMT. Foi ali, também, a primeira faculdade de direito de Cuiabá.