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Terça-feira, 21 de maio de 2024

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Especialista ensina passo a passo da caipirinha perfeita para comemorar centenário da bebida

Foto: Kayana Cachaças e Cia

Especialista ensina passo a passo da caipirinha perfeita para comemorar centenário da bebida
Feita com açúcar, limão, gelo e cachaça, a caipirinha é o único cocktail brasileiro na lista oficial da International Bartenders Association (IBA). Ele é, também, um dos dez drinks mais vendidos no mundo e queridinho de todas as classes sociais. Sua origem é controversa, mas há quem diga que comemore cem anos em 2018 – por via das dúvidas, é melhor comemorar.


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Segundo o sommelier de cachaça Vilmar Oliveira, proprietário da ‘Kayana Cachaça & Cia’, não existe nenhuma data registrada para o nascimento do drink. “Eles estão trabalhando com a data de cem para ser mais exato, começar a contar. E há 50 anos que ela foi pautado na IBA”, afirma.

São diversas as histórias contadas sobre sua origem. Algumas, dizem que ela nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo, onde nasceu como remédio em uma receita popular feita com limão, alho e mel e seria indicada para os doentes da gripe espanhola. Logo, se adicionou o álcool – como se fazia com os remédios caseiros - se tirou o alho e o mel e acrescentaram umas colheres de açúcar para adoçar a bebida. O gelo veio em seguida.

Outra teoria seria de que o drink teria sido criado por fazendeiros latifundiários na região de Piracicaba como um drinque local para festas e eventos de alto padrão. “Tem relatos também que dizem de que começaram lá atrás, no tempo da escravatura já a tomar a caipirinha. Tem outros relatos que dizem que a caipirinha é oriunda de Matão, interior de São Paulo, e que primeiro foi desenvolvido o famoso CDB, popular cu de burro, que era com sal, e com o tempo tinham pessoas que não gostavam do sal e começaram a aderir o açúcar. Como era muito quente, começaram a adicionar gelo pra quebrar o calor da bebida”, conta o sommelier. “O Rio de Janeiro também tentou registrar a origem, porque ali era a rota dos escravos. Segundo eles, antes era feito com cachaça, gengibre e mel, com o tempo teriam tirado o gengibre e o mel e colocaram o açúcar”, completa.

Seja qual for a origem, a verdade é que o drink ficou ‘renegado’ por muitos anos, principalmente porque a cachaça – chamada pejorativamente de pinga – era considerada uma bebida de baixo padrão. “Teve muitos barmans que foram mandados embora de restaurantes e bares, porque colocavam cachaça na prateleira, e era um produto muito pejorativo. Os donos falavam: a gente vai ter cachaça? Não, podemos ter um whisky, uma boa vodka...”.

Com o tempo, a visão foi mudando, tanto que o presidente da IBA fez questão de optar pela cachaça no registro internacional da caipirinha. Segundo Vilmar, atualmente existe uma briga semelhante, mas, desta vez, para incluir o ‘rabo de galo’, feito com cynar e cachaça, na lista dos drinks oficiais da associação.

A caipirinha perfeita

Vilmar trabalha com bebidas já há algum tempo. Foi barman do renomado restaurante Mocotó, em São Paulo, e aprendeu grande parte do que sabe com o mestre Leandro Batista, quando o título ‘sommelier de cachaça’ ainda nem existia.

“Começamos a visitar vários produtores, a entender o amor que colocavam em cada bebida deles, o carinho”, lembra. “O nome ‘sommelier’, na época, foi taxado pela mídia. A revista paladar, da folha de são Paulo, começou a falar sobre ‘os novos barmans caipiras’ que trabalhavam a cachaça, que éramos nós”. Graças a este movimento, segundo Vilmar, a categoria foi reconhecida e, hoje, o Senac de são Paulo possui, inclusive, um curso voltado para os ‘cachaceiros’.

Em Cuiabá, ele já trabalhou no restaurante Dom Sebastião, e em 2016 abriu a própria empresa, junto ao sócio Erik Miranda: a “Kayana Cachaça e Cia”, especializada em distribuição e produção da bebida mais famosa do país.

Vilmar (esq.) e Erik (dir.); (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Hoje, a Kayana está nos restaurantes Seu Majó (de terça a sexta à noite, e aos sábados e domingos na hora do almoço) e no Armazém Mamur (de segunda a domingo à noite). Segundo Vilmar, são mais de 15 drinks diferentes feitos com cachaça e frutas, mas o campeão ainda é a caipirinha de limão.

“Vendo 25% de limão, 20% de frutas vermelhas, e os demais se dividem”, comenta. “Mas o cliente que monta a caipirinha dele na hora. Tem cliente que pede pouca cachaça, limão descascado, limão espremido... varia muito”.

Apesar de fazer o gosto do freguês, o sommelier tem a receita do drink perfeito, como é registrado na legislação, e como ‘deve ser’. Veja só:
 
Ingredientes

1 copo old fashioned ou Ilhabela
1 limão Taiti
1 colheres de sobremesa de açúcar
Muito gelo
60 a 70 mL de cachaça
 
Modo de fazer


O drink deve ser feito diretamente no copo. O limão deve ser fatiado em fatias finas, e é essencial retirar o miolo para facilitar a saída do suco e os pólos para não amargar.
Primeiro, coloca-se no copo o limão fatiado. Depois, o açúcar, e a mistura deve ser macerada. Por fim, coloca-se o gelo, a cachaça, e mexe-se o drink devagar, no próprio copo.
 
Dicas:


Vilmar explica que, para a caipirinha de limão, o mais indicado é que se use a cachaça branca. “As cachaças envelhecidas devem ser usadas para uma caipirinha mais gourmet, de frutas vermelhas com gengibre, ou de caju, cravo e mel”, explica.

Além disso, para se ter um melhor resultado, é essencial usar uma cachaça artesanal. “Na artesanal é controlada a acidez. Não quer dizer que as industrializadas não tenham um padrão, mas você tem a mistura”, explica o sommelier. Segundo ele, na cachaça artesanal sabe-se que só é usado o coração da destilação, ou seja, a melhor parte. 
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