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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Administradora de Cuiabá usa constelações para resolver questões empresariais

Foto: Arquivo Pessoal

Gianeh

Gianeh

Problemas financeiros, de liderança, brigas com funcionários, falta de motivação. Todos os ‘problemas’ vividos dentro de uma empresa podem ter – e provavelmente tem – relação com a vida pessoal de cada um dos envolvidos. A administradora Gianeh Borges, 53, percebeu isso quando fez sua formação em constelação, em 2008 e, desde então, desenvolve em Cuiabá um trabalho com este tipo de terapia 'fenomenológica' dentro de empresas.

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Gianeh é goiana, mas já vive em Cuiabá há mais de trinta anos. Conheceu a constelação em 2006, quando buscava resolver um problema pessoal, e se encantou. Logo depois, ela recebeu um email falando sobre a constelação empresarial e organizacional. Como sempre trabalhou em RH, decidiu se aprofundar no assunto, e foi para São Paulo, onde fez um curso com uma certificadora alemã, chamada Infosyon.

“Só que a gente percebeu que não tem como você trabalhar o empresário deixando de notar a questão familiar dele. Porque o profissional vem, mas não vem só o diretor, só o funcionário... ele vem com muito mais. Ele traz todo o contexto da história de vida dele. E as dinâmicas, as capacidades positivas e as limitadoras, porque algum problema que ele tem, sempre acaba interferindo na atuação dele na empresa”, contou ao Olhar Conceito.

Depois da primeira formação, Gianeh estudou pedagogia sistêmica, direito sistêmico e, desde 2012, implantou em Várzea Grande, em parceria com a Faculdade Católica (FAC), uma formação em constelação. Dois anos depois, em 2014, deu início à primeira pós-graduação, no Brasil, em educação sistêmica (que é realizada no Instituto OCA, também criado por ela).



Afinal, o que é constelação?

Como é baseada em fenômenos, a constelação é difícil de ser explicada. Para Gianeh, é uma filosofia de vida. “A constelação foi criada por Bert Hellinger, que é um psicólogo, pedagogo, psicopedagogo, teólogo, filósofo alemão, que está vivo, com 92 anos. As constelações nos colocam em contato com o nosso sistema familiar como um todo. A partir do momento que eu entro em contato com aquilo que movimenta, que traz fluxo pra essas relações, eu consigo entender alguns processos, eu consigo entender algumas dinâmicas que não estão fluindo adequadamente na minha vida. E quando eu digo minha vida, pode ser pessoal ou profissional”, explica.

Segundo Gianeh, a constelação é ancorada em três princípios: o do pertencimento, do equilíbrio de dar e receber, e o da ordem de ‘quem chegou primeiro’. O pertencimento tem a ver com a parte que cada pessoa ocupa, seja em uma empresa, seja na família. “Se não há permissão para aquela pessoa fazer parte daquele sistema, vai vincular uma dinâmica de exclusão, sintomas, doenças”.

O equilíbrio ‘de dar e receber’ é o segundo ponto. “E esse princípio também é um balizador”, explica Gianeh. “Porque, por exemplo, se eu faço algo por você, e faço muito, e você não consegue me devolver, você fica me devendo. E quando a gente deve alguém, a gente contamina essa relação, porque eu não quero encontrar essa pessoa. Estou devendo para ela, me sinto mal, e esse desequilíbrio traz o rompimento dessa relação. A sensação de quem deu mais de se sentir injustiçado, não reconhecido, não valorizado, e a de quem recebeu tanto, de não conseguir devolver”.

Por fim, outro princípio é o da ordem. Ele pode ser observado nas famílias, por exemplo, quando se inverte a ‘ordem de quem chegou primeiro’, e um filho passa a assumir o papel do pai; e em uma empresa, quando um funcionário, por amor ao trabalho, passa a assumir papeis que seriam de seu líder. Quando um – ou mais – destes três princípios está em desequilíbrio, as relações são minadas. E a Constelação vem para alinhá-las novamente.

Durante uma sessão de Constelação, os constelados (pessoas que estão ali para resolver seus problemas) são representados por outras pessoas, ou por objetos. É neste momento que acontece o ‘fenômeno’. Por um processo, ainda hoje pouco explicado, as pessoas que estão representando conseguem sentir, agir e falar como quem elas representam. O terapeuta, então, analisa o emaranhado, entende qual é o problema, e ajuda a chegar à solução, interferindo o menos possível.



“Nós estamos falando de uma abordagem fenomenológica. Quando trazemos o fenômeno, ele é mais comum do que se imagina. Porque o fenômeno está em nosso dia a dia. A gente está, às vezes, pensando em alguém, e essa pessoa liga... às vezes eu penso em falar algo pra você, e você diz: ‘Nossa, ia te perguntar isso agora’. Isso está presente o tempo todo. Só que nós não nos damos conta dessa dimensão”, afirma Gianeh.

Como funciona na empresa?

“Tudo começa do mesmo jeito, tanto na familiar, quanto na empresa. Começa com uma questão que o cliente traz. E geralmente a questão é: não estou dando conta de resolver, há algo aqui que eu não consigo entender o que está acontecendo”, explica a consteladora.  

A partir desta questão levantada, a constelação pode ser feita de três formas. A primeira, dentro da própria empresa, com os funcionários como representantes. Neste caso, nenhum deles sabe quem ou o que está representando – somente os proprietários e o constelador tem o conhecimento disso.

A segunda forma é a de convidar pessoas de fora para fazer essas representações. Assim, é possível falar abertamente. A terceira e mais procurada forma, é quando a constelação é feita somente com os proprietários (ou envolvidos) e a consteladora. Neste caso, são usadas âncoras (objetos) para representá-los.

A partir desta representação - e é aí que entra o fenômeno – a consteladora levanta algumas hipóteses para entender porque aquelas representações estão agindo daquela forma (não conseguem se olhar nos olhos, ficam de costas uma para a outra, ou qualquer outra ação que é regida pelo fenômeno).

Também é possível trabalhar com a equipe de funcionários. Neste caso, no entanto, são trazidas para a Constelação apenas questões deles próprios (e não questões deles com os chefes, por exemplo). “Com as equipes eu consigo trabalhar aquilo que eles precisam enquanto pessoas, dentro daquele processo, daquela empresa, na capacidade de cada um. [Questões] entre eles, alcance de metas, relacionamentos interpessoais, objetivos, disponibilidade e comprometimento... Como eles estão se vendo dentro da empresa, se ela está se vendo mais fora, se está se vendo mais dentro. É alinhar, principalmente, as expectativas pra potencializar resultados, pra trazer resultados para a empresa”.

No caso da constelação com os diretores, são trabalhadas as relações deles com os funcionários e, também, com os proprietários, e com o produto. “Como eles se relacionam com os funcionários, como se relacionam com os donos da empresa (...) Se o produto vai ser bem aceito no mercado, se o mercado vai querer esse produto, como o produto antigo fica quando você coloca um novo, como a empresa fica, isso também a gente consegue olhar. Mudança de marca, de endereço, tudo isso”. As sessões de Constelação duram no máximo duas horas, e ela não é uma terapia continuada, mas pode ser feita mais do que uma vez.

Formação

Além da formação e da pós-graduação disponíveis em Cuiabá, Gianeh trouxe para a cidade, no último mês, uma formação internacional, com o constelador Cecilio Fernandez Regojo. Foram dois encontros de nove dias cada um, e foram trazidos, também, clientes convidados. O curso é realizado uma vez por ano no Brasil, e, a partir de agora, Cuiabá e Curitiba vão ‘revezar’ as datas. Por este motivo, só será realizado aqui novamente em 2020.

Serviço

Instituto OCA
Rua Presidente Rodrigues Alves, 360, Quilombo.
Cuiabá
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Telefone: (65) 99965-9726
 
Faculdade Católica de Várzea Grande
Rua do Seminário, nº 105, Bairro Cristo Rei
Telefone: (65) 3685-0897
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