Olhar Conceito

Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias | Comportamento

PAI QUE CRIA

Publicitário cria Instagram para compartilhar experiências e incentivar outros pais na criação dos filhos

Foto: Arquivo Pessoal

Rafael e suas filhas Antonella (esq.) e Giovana (dir.)

Rafael e suas filhas Antonella (esq.) e Giovana (dir.)

Todos os dias, o publicitário Rafael Milon acorda cedo, troca a fralda de sua filha mais nova, faz o café da manhã da mais velha, e brinca um pouco com as duas antes de ir para o trabalho. A rotina pode parecer surpreendente por se tratar de um pai fazendo – e não uma mãe – mas não deveria. Em 2016, 5,5 milhões de brasileiros não tinham o nome do pai no registro. E sabem-se lá quantos outros até tem o nome, mas não a presença. Foi pensando em tentar modificar pelo menos um pouco esta realidade que Rafael criou o ‘Pai que Cria’, perfil no Instagram e site que atingiram um patamar que nem ele mesmo esperava.

Leia também:
Advogada cuiabana escreve livro sobre experiência de pai com Alzheimer: "O mal que levou você de mim"

O próprio Rafael não teve um pai presente. “Meu pai é um caso à parte. Eu fui conhecê-lo já com 23 anos”, lembra. “Minha mãe namorava com ele, ela engravidou, foi descobrir um pouco depois e ele já estava noivo de outra pessoa. Eles terminaram a relação na época que ela engravidou, ele já estava em outro relacionamento, casado, e já estava com outra família”. Apesar de tudo isso, o publicitário não guardou mágoa quando ‘por acaso’, o conheceu por meio de um colega de faculdade, que descobriu que era seu primo.

“A partir daí eu me aproximei mais do meu pai. A gente se conheceu, e depois disso ele é um cara super presente, participativo. Agora que tem as netas, é o avô mais presente que eu vejo. Liga todo dia perguntando como estão, se preocupando, pra saber, marcando pra gente se encontrar pra brincar com as crianças... então assim, pode até parecer que ele está compensando a ausência que teve na minha infância”.

Com suas filhas, Rafael sempre foi diferente. Casado com uma fotógrafa de parto e maternidade, Ana Boel, ele percebeu que a realidade não era essa com as clientes da esposa. “Eu percebi que muitos pais não são participativos na hora de criar os filhos, deixam muito a responsabilidade pra mãe, ou por receio ou porque pensam, ‘não, deixa que ela é a mãe, ela cuida’. Quando estamos em festas, às vezes as amigas vêm conversar e falam, ‘ah, seu marido sempre está junto, é participativo,  o meu não sabe trocar uma fralda’. E eu brinco: ‘Deixa que eu ensino a trocar a fralda...’”.

As brincadeiras tornaram-se algo real, e o publicitário decidiu que faria algo para ajudar os outros pais. Começou com um grupo de WhatsApp para troca de informações e ideias, e logo tornou-se um perfil no Instagram para compartilhar estudos e suas próprias vivências.



Atualmente, o ‘pai que cria’ tem mais de 1800 seguidores, e a resposta do público tem sido surpreendente. “Quando eu mexi o Instagram e comecei a usar fotos minhas, de casa, fazer coisas com as crianças, específico nesse Instagram do Pai que Cria, uma mãe mandou uma marcação - que eu imaginei que seria pro pai da criança, pra ele olhar, em uma foto em que eu estava indo ao mercado com as crianças. Umas duas, três horas depois, ela me mandou um inbox falando assim: ‘Depois que meu marido viu seu Instagram, ele está começando a ir ao mercado com as crianças, então já dá uma aliviada aqui em casa, começou a participar mais. Aí eu engajei mesmo na ideia de fazer”.

Na última terça-feira (7), Rafael lançou também seu website, onde pretende publicar textos mais longos, estudos, indicações de profissionais da saúde que possam ajudar os pais, e também vídeos com entrevistas. No final das contas, o objetivo maior é incentivar os pais a não perderem a melhor fase da vida de seus filhos. “Esses dias mesmo um amigo comentou comigo: ‘Ah, hoje eu estou de babá, não posso sair’. Aí eu falei: ‘Porque de babá? Você está trabalhando como cuidador de crianças?’, e ele:  ‘Não, estou com meus filhos...’. Respondi: ‘Então você não está de babá, você está de pai. Ficar com os filhos é coisa de pai, não é coisa de babá’. Aí deu esse estalo nele também”.

Para Rafael, apesar da árdua e difícil tarefa de educar suas filhas, Antonella de um ano e meio, e Giovana, de quatro anos e meio, a recompensa sempre vem. “A melhor é estar com as crianças, sem dúvidas. (...) A gente sabe que tem pais que chegam às vezes estressados em casa depois do trabalho, mas eu até dou uma dica: dá uma respirada, e a primeira coisa [que você faz] quando você chegar em casa é dar atenção pra criança. Porque você ficou fora o dia todo, e ela tem saudade. Então você deu aquela atenção, brinca um pouquinho. Aí você vai fazer outras coisas, tirar a roupa, colocar uma roupa mais leve... mas a atenção pras crianças é fundamental. E eu acho que a melhor parte é gerar essas lembranças pra ela, do pai junto”, finaliza.

Serviço

Conheça o ‘Pai que Cria’: INSTAGRAM e SITE
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet