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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Amor que cura

Para superar depressão, pedagoga cria ONG para cuidar de animais abandonados

Foto: Jana Pessôa

Para superar depressão, pedagoga cria ONG para cuidar de animais abandonados
A pedagoga cuiabana Ângela Furtado, de 50 anos, viu sua vida mudar completamente há cerca de seis anos, quando o filho, na época com 14 anos, foi diagnosticado com leucemia. Foram diversas sessões de quimioterapia, internações e complicações que causaram além de um desgaste mental e físico, a depressão. Em meio a tudo isso, Ângela resgatou um cachorro de rua que seria sacrificado por estar com câncer.

“Impossível não relacionar com a minha vida naquele momento. Então, com postagens em redes sociais, comecei a chamar atenção de algumas pessoas e conseguimos o tratamento e ele sobreviveu. Neste momento algo despertou em mim”.

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Entre idas e vindas ao Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCanMT), que se tornou um espaço compartilhado com as famílias de outros adolescentes e crianças na mesma situação. “O hospital foi sendo uma espécie de segunda casa e as pessoas se tornaram uma segunda família, já que convivia mais com elas do que dentro do meu próprio lar”, lembra Ângela.

“Nos primeiros três anos de tratamento, meu filho perdeu mais de 50 amigos, feitos no hospital, para a doença. Era difícil não se abalar e não questionar se a nossa vez chegaria. Nesse meio todo, desenvolvi alguns transtornos, como ansiedade, e cheguei a pensar em suicídio. Também entendi que precisava fazer alguma atividade que tivesse relação com vida, com sobrevivência”, relata.


 
Além desse despertar, Ângela foi percebendo a diferença positiva relacionada aos animais em casa com o tratamento do filho (e dela mesma). “Meu filho não podia sair de casa. Estava no começo da adolescência, uma fase de mais descobertas e amizades, mas que se resumiu a estar dentro do hospital. Nós tínhamos cinco cachorros em casa, nossos mesmos, e percebia como eles faziam bem, porque era um momento de alegria e de esquecer todos os problemas. Esse movimento me levou a criar o primeiro projeto voltado para o resgate de animais”, completa a pedagoga.

O projeto, feito em 2014, era o Lar Temporário Cão Cuidado Cão Amor, que cresceu, ganhou voluntários e, em 2016, passou a ser a Organização Não Governamental (ONG) Cão Cuidado Cão Amor. Hoje, além da própria Ângela e da irmã, a ONG conta com mais 10 pessoas na diretoria.

A ONG foi fundamental para dar visibilidade ao projeto e também dar mais transparência para doações ou ajudas com tratamentos e parcerias com entidades públicas ou privadas. Um carro-chefe da entidade, por exemplo, é o projeto Cão Terapia, que leva cachorros que estão no abrigo - e saudáveis - para visitar crianças internadas em quadros graves ao Hospital Universitário Júlio Müller.

“Curados, eu e meu filho temos como objetivo provocar pessoas, sensibilizá-las. Mudanças reais acontecem com provocações. Quero mostrar que adotar é lindo, é um ato de amor. Sei que as coisas estão mudando, que hoje as pessoas não têm mais tanta vergonha em demonstrar amor por um animal, o que antes era visto até com certo receio. O câncer e a depressão foram divisores de águas pra mim e o que espero é que os animais sejam, finalmente, tratados com respeito. Como qualquer ser vivo merece”, define Ângela Furtado.

Vale lembrar que a ONG conduzida por Ângela e Vanessa resgata, em sua maioria, animais frutos de maus-tratos, atropelamentos ou abandono.

Lute como uma mulher

A história da mulher na sociedade sempre foi marcada pela luta e a quebra de paradigmas. Até 1931, por exemplo, elas não votavam no Brasil. Apenas em 1987 foi criado o primeiro Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, no Rio de Janeiro, órgão que até hoje media as políticas voltadas ao público feminino entre sociedade civil organizada e o Estado. 

Outro ponto de relevância na história é a sanção da Lei Maria da Penha, em 2006, que desde então trouxe muitas conquistas às mulheres brasileiras. A luta, no entanto, é constante. 

Para mostrar mulheres comuns, como Ângela Furtado, mas que ao mesmo tempo enfrentam muitas adversidades em seu cotidiano, o que as torna mulheres incríveis, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania de Mato Grosso (Setasc-MT) traz durante o mês de março – sempre às sextas-feiras – perfis de diferentes personagens femininas, em atuação também em diferentes áreas no Estado.



Doações

Nesta semana, a Secretaria de Estado de Assistência Social e Cidadania (Setasc) doou cerca de 130 quilos, entre ração e sachês de carne, para cães e gatos a Cão Cuidado Cão Amor. O local abriga cerca de 200 gatos e 70 cachorros, que são abandonados nas ruas da Capital ou ainda recolhidos de casas ou canis ilegais. Para doações ou ajuda in loco, o telefone é (65) 99962-2955.
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