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Sábado, 27 de abril de 2024

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ÁRVORE DE TODOS OS POVOS

Aluízio Leite assume compromisso com a classe artística e população em devolver monumento de Dias-Pino à Praça do Choppão

Foto: Reprodução

Árvore de Todos os Povos

Árvore de Todos os Povos

O atual titular da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Aluízio Leite afirmou que além da reconstrução do mural com uma obra de Adir Sodré, a pasta tem como dever prioritário devolver réplica do monumento “Árvore de Todos os Povos” de Wlademir Dias-Pino à Praça 8 de Abril. Bem como, recolocar a homenagem ao poeta Silva Freire, que nomeava o coreto. 

Diante da classe artística que lutou por mais de dois anos para a reconstituição do que fora retirado do local (escultura, mural e placa) na época de reinauguração da praça, em dezembro de 2019, Aluízio assumiu compromisso no dia em que Nina Sodré, filha de Adir, deu as primeiras pinceladas no painel que seu pai doou à capital.

“É um compromisso e uma prioridade da gestão, um compromisso que quero fazer com cada um de vocês artistas, autoridades, do meio cultura, é que nós possamos trabalhar ao retorno da obra de adir, até o final dela, retomarmos ao local que não devia ter saído, a obra de Wlademir Dias-Pino”.

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Aluízio ressaltou a importância de Dias-Pino como um expoente nome das artes que, durante muito tempo, compartilhou sua obra e conhecimento em Mato Grosso. O secretário também expôs sua leitura acerca da representatividade que a memória tem para o presente, passado e futuro da cidade.



Para ele, é necessário eternizar momentos e monumentos que temos em Cuiabá, pois, “uma cidade sem memória, mais que uma cidade sem passado é uma cidade sem futuro. E nós precisamos preservar as memorias vivas e as memórias das pessoas que se foram para que elas possam ser colocadas à disposição de todos nós para a posteridade”. Aluízio afirmou que a obra de Dias-Pino será entregue, concomitantemente, à finalização do mural. Bem como ressaltou que a placa em homenagem à Silva Freire também será recolocada no coreto. 

“Fiz compromisso aqui com Larissa Freire da retomada da denominação do palco que estamos, que é homenagem ao nosso grande Silva Freire. Precisamos recolocar a placa de Silva Freire aqui neste local. E nós, até o final da obra de adir Sodré e da recolocação da obra de Wlademir Dias-Pino, queremos colocar também a placa em homenagem ao seu pai. Esse é o compromisso da gestão Emanuel pinheiro, da gestão municipal, da pasta com todos vocês”, afirmou Aluízio sem dar mais detalhes sobre quem fará a réplica do monumento, quando ele vai ser realocado na praça e nem se já existem ações sendo executadas para isso. 


(Antigo mural pintado por Adir)

Reinauguração da Praça 8 de Abril

Quando foi reinaugurada a Praça Oito de Abril, popular ‘Praça do Choppão’, em dezembro de 2019, alguns artistas criticaram a retirada do monumento de autoria de Wlademir Dias-Pino, de um mural do artista plástico Adir Sodré e, além disso, a placa de Silva Freire que nomeava o coreto da praça.


(Grupo de amigos de Sodré em mobilização contra o "apagamento" da praça)

Após as reclamações, em janeiro de 2020, o então secretário municipal de cultura Francisco Vuolo garantiu que a obra, titulada ‘‘Árvore de Todos os Povos", voltaria para o local de origem, e que Sodré seria convidado para refazer o mural. As coisas, no entanto, não correram como o previsto: o monumento desapareceu e Sodré faleceu em agosto, após sofrer um infarto. Agora, a solução apresentada pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) é a construção de uma réplica da escultura e de uma homenagem ao pintor.
 
“Isso foi uma situação muito chata, até como cuiabano de chapa e cruz eu me senti muito chateado com tudo isso, mas eu precisava revitalizar aquela praça, era um local... uma praça como aquela, praça Oito De Abril, um local vibrante de Cuiabá, onde pulsa a noite cuiabana, um dos pontos mais movimentados da noite cuiabana, uma praça morta daquele jeito? Ocupada, via de regra, por usuários de drogas, fonte de insegurança, de desprezo pela cidade...olha a imponência da praça do Choppão hoje? Ela foi devolvida para a sociedade. Você encontra lá crianças, idosos, jovens, adultos, todas as idades! A população está vibrando e voltou a ocupar o espaço público com prazer, melhorando a qualidade de vida e integrando já a solidária população cuiabana”, afirmou o prefeito, em entrevista ao Olhar Direto.

“Agora, é claro que isso não pode ser feito desconsiderando a cultura local. Determinei que fosse localizado tanto a tela quanto o monumento, [mas] não foi localizado, não sei o que aconteceu. Com o Adir Sodré nós já estávamos organizando com o secretário Vuolo pra ele fazer uma nova tela, infelizmente[houve] a fatalidade que o tirou do nosso meio. Vamos ter que repensar até uma homenagem ao grande e inesquecível Adir Sodré ali na praça Oito de Abril, que é batizada com o aniversário de Cuiabá. E com o monumento nós estamos... o ex-secretário Stopa, nosso candidato a vice, já está com a missão, o secretário Anderson já está com a equipe trabalhando nisso para fazer uma réplica, nem que não coloque ali onde estava, ou outro local ou mesmo onde estava, que possa fazer uma réplica”.

A escultura-poema “Árvore de Todos os Povos” é fruto do Movimento do Intensivismo e surgiu como resultado de uma nova intencionalidade plástica, artística e literária, ocorrida em Cuiabá entre as décadas de 1940 e 1950. “Muita gente que passa por ali não sabe a importância dessa escultura. O trabalho do Wlademir é estudado por pesquisadores de outros países. Dentre outras coisas, ele foi o primeiro do mundo a criar um livro objeto. Para Cuiabá é uma honra abrigar uma obra de um artista que até hoje é considerado como vanguardista”, afirmou, à época, A diretora da Casa de Cultura Silva Freire, Larissa Spinelli.

As obras foram retiradas durante a reforma da praça. O espaço foi entregue no dia 23 de dezembro de 2019, com reconstrução do piso, pintura, instalação de iluminação de LED, bancos e lixeiras, jardinagem e paisagismo.

Os artistas

Dias-Pino

Dias-Pino morreu no dia 30 de agosto de 2018, aos 91 anos, no Rio de Janeiro. Ele era artista, poeta, desenhador gráfico, vitrinista. Nascido no Rio de Janeiro, migrou ainda criança para Cuiabá, onde fundou um movimento pioneiro de poesia experimental na década de 40. Ao longo das décadas de 1950 e 60, participou da fundação dos movimentos Poema/Processo e Intensivismo. Ao propor uma leitura do mundo a partir das imagens, sua prática desafia a relação entre imagem e linguagem.



Em 2017, Dias-Pino voltou à capital mato-grossense, onde viveu por muitos anos, e trouxe obras para as itinerâncias da Bienal de São Paulo. Na época, quatro placas foram criadas a partir de estilos gráficos dos povos indígenas do Xingu, enquanto outras quatro placas foram baseadas na bandeira do Estado do Mato Grosso, com a estrela amarela como símbolo do poder local.
 
Adir Sodré

Adir, por sua vez, nasceu em Rondonópolis (219km de Cuiabá) em 1962. Já em 1977 passou a frequentar o Atelier Livre da Fundação Cultural de Mato Grosso, onde foi orientado por Humberto Espíndola (1943) e Dalva (1935). Nos dois anos seguintes, integrou com Gervane de Paula (1962) e outros artistas, um grupo que procurava renovar a arte mato-grossense.
 
Participou de exposições coletivas organizadas pelo Museu de Arte e de Cultura Popular da Universidade Federal do Mato Grosso (MACP/UFMT) e também de outras, coletivas: Como Vai Você, Geração 80?, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage), Rio de Janeiro, em 1983, e Modernidade, Arte Brasileira no Século XX, no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1987. 



Em sua produção, abordava temas relacionados à cultura regional e questões acerca dos povos indígenas, além e ser lembrado pelos 'falos' e por ter a sexualidade como tema em grande parte de sua obra.

Na Enciclopédia do Itaú Cultural, seu trabalho é apresentado como com "diálogo constante com a tradição da história da arte, e faz referências, entre outros, aos pintores Vincent van Gogh (1853-1890) e Diego Velázquez (1599-1660). Aproxima-se também do universo dos quadrinhos, como em Almoço na Relva VII (1988).

A partir da década de 1980, Adir Sodré inclui em suas obras temáticas relacionadas aos povos indígenas, à invasão causada pelo turismo em determinadas regiões do Brasil e ao consumismo, esse último exemplificado no quadro Dolores Descartável (1984)".

O artista é reconhecido nacionalmente por suas obras. Em 2017, um de seus quadros esteve ao lado de Pablo Picasso, Adriana Varejão e tantos outros na exposição 'Histórias da Sexualidade', no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Silva Freire
 
Nascido no dia da Revolução Farroupilha, a 20 de setembro de 1928, em Mimoso - Terra de Rondon -, Silva Freire foi mudado para e registrado em Cuiabá, por causa das revoltas que, à época, morriam mesmo crianças e adultos. 



Desde muito novo praticou jornalismo cultural e poema moderno. Advogado, se sentia um vaqueiro do Direito Penal, aqui, no boqueirão da Amazônia. Não tem “curriculum vitae”, só emoções petrificadas.

Com Wlademir Dias Pino, dirigiu a revista MOVIMENTO (e Disque foi premiada em Idaban, Nigéria, e         Oxford, Inglaterra, em duas Conferências Internacionais de Imprensa Universitária). Com ele, também, o jornal JAPA, no Rio, edição única, prestigiada pela vanguarda que explodiu no concretismo e no poema processo.
 
Ferrando briga santa com a Academia Mato-grossense de Letras coordenou a FESTA DOS NOVOS, e ALGUMA POESIA DENTRO DA NOITE, esta prestigiada pessoalmente por Manoel Cavalcanti Proença, cuia-cuiabano dos bão, mestre do ensaio e da crítica.

Fundou, também, com Pompeu Filho, VANGUARDA MATO-GROSSENSE, semanário com preocupação políticomunicipalista e alguma literatura meio mequetrefe. Deu nome ao jornal CORREIO DA IMPENSA, sendo seu colaborador até seu último recesso.
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