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Sábado, 27 de abril de 2024

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Marina and the Diamonds defende cantoras 'autênticas e imperfeitas'

Tente achar um disco nas paradas pop atuais dos EUA com todas as faixas escritas por uma pessoa só, sem colaboração. O novo álbum de Marina and the Diamonds é caso raro. "Froot" tem um parceiro especialmente planejado pela cantora: ninguém. "Fiz questão de não compor com ninguém, porque é o único jeito de provar que escrevi o disco inteiro", ela diz, rejeitando a ideia de que há sempre um "homem por trás" de uma cantora de sucesso. O resultado será mostrado no Brasil: Marina é atração do Lollapalooza, neste sábado (28).

Marina and the Diamonds tem nome de banda, mas é projeto solo de Marina Diamandis, galesa de família grega. "Froot" é seu terceiro disco. Após "ensinar mulheres a partir corações" no álbum anterior, ela resolveu curar seu próprio coração. "Eu quis falar sobre esse sentimento que todos buscamos, de aproveitar a vida", ela diz.

G1 - O Lolla vai ser uma das primeiras datas da turnê 'Froot show'. O que planeja?
Marina Diamandis - Será o quarto show. Estou preparando algo muito surreal e especial para o palco. Não posso contar tudo, mas envolve um jardim elétrico, com flores luminosas e frutas brilhantes. Será um show teatral e enérgico. Tenho certeza que vocês vão saber apreciar isso no Brasil.

G1 - Você disse que se livrou recentemente da depressão. Podemos dizer que o disco documenta este fim da tristeza?
Marina Diamandis - Sim, de certa maneira. Não foi uma coisa intencional, uma determinação de “eu não posso ser deprimida mais”. Apenas fui percebendo que estava feliz, enfrentando meus problemas. Quando a depressão se foi, fiquei tão surpresa. Nunca tinha sentido isso antes. Pensei: “Nossa, é assim que são as pessoas normais!”. Foi uma grande revelação, pois achei que a depressão fazia parte da minha personalidade, mas eu estava errada.

G1 - Como te veio o verso sobre 'la dolce vita' de 'Froot'? O filme de Fellini te inspirou?
Marina Diamandis - Eu não vi o filme, mas deveria! Vou ver essa noite (risos). Eu quis falar sobre esse sentimento que todos buscamos, de aproveitar a vida. Às vezes é difícil, ainda mais se você fica lutando ou pensando demais. Mas estou em um momento em que quero isso, uma virada feliz. As pessoas acham que é romântico ser um artista deprimido, mas não é mesmo. É completamente destruidor. A capacidade de aproveitar sua vida é uma das coisas mais raras e bonitas.

G1 - Quem eram suas cantoras preferidas quando você era adolescente?
Marina Diamandis - Eu ouvia muito pop. Amava No Doubt, Madonna. Mas quando fiz 20 anos, e comecei a escrever minhas músicas, passei a prestar atenção em PJ Harvey, Brody Dalle, Garbage, Courtney Love, Fiona Apple, Dresden Dolls. Basicamente mulheres que têm uma voz alternativa e uma personalidade forte.

G1 - Você ouvia música clássica? Seu jeito de cantar às vezes lembra um pouco cantoras de ópera.
Marina Diamandis - Não, nunca ouvi (risos). Talvez o que você esteja falando é algo que peguei melodicamente da música grega e do folk irlandês, que são muitos ricos melodicamente. Afetou meu jeito de escrever também.

G1 - Você faz sucesso junto a uma geração de cantoras como Charli XCX, Lorde e outras, que fazem pop, mas com essa 'voz alternativa' que você citou.
Marina Diamandis - Sim, acho que é uma época boa para este tipo de cantora. Acho que a internet ajudou essas artistas a existirem. Porque com a web, além de você ter visibilidade, você não consegue fingir ser quem não é. E acho que as fãs adolescentes não querem só esse pop chiclete perfeitinho. É legal ver essas jovens escrevendo sobre como é ser uma garota comum, cantoras autênticas e imperfeitas. Isso era necessário há muito tempo.

G1 - Recentemente, a Björk reclamou das perguntas sobre homens que participaram do disco dela, como se eles fizessem o trabalho por ela. Isso te incomoda também?
Marina Diamandis - Eu li sobre isso e acho que ela está absolutamente certa. É tão estranha e tão usual essa ideia de que se é uma mulher, ela não pode ter criado sua música sozinha. Não sei de onde isso saiu. É quase como se você só pudesse compor sozinha se você não usar maquiagem, nem vestido, nem ser feminina. Tem que ser de jeans e camiseta. Fiz questão de não compor com ninguém, porque é o único jeito de provar que escrevi o disco inteiro. É uma discussão que eu realmente queria encorajar.

G1 - Seu novo disco tem músicas mais leves, alegres. Mas a última faixa, ‘Immortal’, é sombria. Ela não fica deslocada no álbum?
Marina Diamandis - Não tomo estas decisões conscientes, só escrevo sobre assuntos universais. As pessoas pensam que porque eu estou falando de morte é uma música “dark”. Mas não é, de verdade. Estou mais lidando com o fato de que estamos todos juntos e que não vamos existir para sempre. São coisas como essa que me provocam a escrever uma música. Da mesma forma, achei que “Happy” era uma boa abertura, de forma mais simples e sutil. É um momento bem diferente do que vivi no disco anterior.
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