Os cantores Lucas Reis & Thácio se apresentaram na noite da última quinta-feira (24), no Villas Country, em Cuiabá e aproveitaram para exaltar o Estado mato-grossense durante o show: “Show aqui em Mato Grosso é igual arroz e feijão pra gente, tem que ter todo mês”, disse Lucas Reis. A dupla concedeu uma entrevista ao Olhar Conceito, no saguão do hotel em que estava hospedada e aproveitou para contar um pouco mais da carreira e do atual momento do mercado.
Os mineiros de Uberlândia contaram à reportagem que a família foi determinante para a escolha da viola: “Desde moleque (que tocamos), já vem de família. Meu vô e meu tio sempre foram envolvidos com música. Conheci a viola através do meu avô. Comecei a tocar com onze anos, mas escutava desde pequeno”, disse Lucas Reis. “Eu também tive a influência da família. Toda festa sempre acabava em viola, fui gostando e estamos assim até hoje”, completou Thácio.
Lucas Reis e Thácio - Vem ni mim amorzin:
Os dois se conheceram em uma orquestra de viola caipira, na cidade de Uberlândia (MG). Lá, eles ficaram amigos e começaram a frequentar a casa um do outro: “Mas nós dois tínhamos uma dupla, eu com meu parceiro e ele com o dele. Graças a Deus não deu certo e hoje nós estamos juntos (risos)”, brincou Lucas Reis.
A dupla ainda aproveitou para exaltar o Estado: “O nome de Cuiabá e Mato Grosso são os que a gente tem um carinho muito grande. Quando nós começamos a fazer encontro de violeiros a gente vinha bastante pra cá, fazendo show acústico (viola e violão)”, afirmou Lucas Reis. “Cuiabá sempre recebeu muito bem Lucas Reis & Thácio, desde a primeira vez que a gente veio. Era uma noite de terça-feira, que não é tradicional para show e a casa estava lotada. Foi uma surpresa muito grande pra gente. Ficamos muito felizes e nunca mais paramos de vir”, acrescentou.
Lucas Reis aproveitou também para comentar sobre o atual momento da música sertaneja e criticou os que não aceitam a evolução da música: “Não chega a ser comercializada essas modas. O tempo mesmo fez isso com a música sertaneja, em relação a viola e a qualquer coisa. Tem muito cabeça fechada que tem preconceito com isso, não aceita a evolução de nada. Desde o começo, a viola vem evoluindo. Tião Carreiro gravou samba, tango e pagode. Quem não aceita isso é cabeça fechada e não estudou. Se ele é tão fã do Tião, devia ter escutado mais”.
(Foto: Wesley Santiago/Olhar Direto)
Thácio lembra que desde o início do sertanejo, ele vem evoluindo: “O maior sucesso de Tião Carreiro, que é a ‘Amargurado’, nem viola tem. O sucesso de Ronaldo Viola (Desatino) tem guitarra”. O produtor da dupla, Bruno Barreto, também comentou sobre o momento: “Muitos cantores antigos, que antes não aceitavam essa evolução acabaram crescendo e voltando a ter vários shows, graças a evolução do sertanejo. Nós vemos duplas novas hoje no mercado que ainda cantam nas suas apresentações Chico Rey & Paraná, Milionário & José Rico, entre outros. Isso fez com que estes artistas também renascessem para o mercado”.
“O que a gente faz não é porque alguém está fazendo. Nós fazemos as músicas do jeito que a gente gosta. Não colocamos percussão porque fulano usou assim e deu certo. A maioria das nossas letras são todas do Lucão. Ele já sabe o sistema da dupla. Já escutamos falarem várias coisas da nossa letra, mas pode criticar. Nem Jesus Cristo agradou todo mundo, não é a gente que vai agradar”, garantiu Thácio.
Show teve a participação das violeiras cuiabanas Maisa e Amarilis Viola (Foto: Wesley Santiago/Olhar Direto)
Lucas Reis lembrou ainda de uma conversa que teve com Zé Mulato: “O Zé Mulato, que é um dos ícones da música sertaneja, disse pra gente: ‘Luquinhas e Thácio, vocês podem se vestir de Batman e Super-Homem que vão ser as mesmas pessoas para mim. A essência que vocês têm, nunca vai mudar. Podem colocar o que for, escuto o CD seus de cabeça para baixo’”. “O Zé Mulato pra mim é o Shakespeare da música sertaneja, um poeta. Eu me lembro do começo da nossa dupla. Uma vez, lá em Poxoréu, o Zé falou que a gente tem que cantar o que gosta, mas no nosso jeito”, acrescentou Thácio.
A dupla ainda conta que não tem condições de pagar as rádios para tocar e que só chegaram a ser conhecidos por conta dos parceiros de algumas rádios e também da internet. A música ‘Vem ni mim amorzin’ chegou a ficar uma semana entre as mais tocadas no Paraná. Eles ainda garantem que tem o sonho de ver suas canções tocando nas rádios do país. “A internet é uma grande aliada hoje. Desde o vídeo que colocamos no Youtube e Facebook tivemos um crescimento muito bom. Tem um vídeo nosso que tem mais de cinco milhões de visualizações e ele nem foi postado pela gente”, disse Thácio.
Os músicos revelaram ter o sonho de cantar em três lugares: Villa Country, Festa do Peão de Barretos e Uberlândia Camaru (Parque de Exposições). Por fim, Lucas reis explicou sobre como surgiu a ideia dos dois tocarem uma viola: “A ideia de tocar a viola a quatro mãos é antigo, a gente se inspirou e criou o nosso jeito. O povo acha que a gente ensaia isso. Essa brincadeira acontece desde o tempo da orquestra que a gente participava. Resolvemos levar para o show e deu certo, o povo gostou”.
Confira alguns vídeos da apresentação de Lucas Reis & Thácio no Villas Country:
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