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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Arte da Guerra

Direto da China para Cuiabá: Kung Fu para se proteger em situações reais de perigo

Foto: Associação Bai Hu

Direto da China para Cuiabá: Kung Fu para se proteger em situações reais de perigo
Quatro pais entram com cinco crianças com idade entre cinco e oito anos na Associação Bai Hu de Kung Fu, para uma aula experimental. Primeiro, o si fu Washington Bezerra senta cada um dos adultos em uma cadeira de madeira, enquanto os garotos acomodam-se no chão, aconselhados a ficarem em silêncio enquanto os adultos conversavam. Ali já começava a primeira lição para os possíveis futuros alunos, sobre disciplina.

Então o si fu começa a explicar aos pais que se o próprio termo “marcial” vem de Marte, deus romano da guerra, então, nada mais justo dizer que arte marcial não se trata de esporte, mas da arte de guerrear. “O que eles aprenderem aqui, não vão poder usar em outros coleguinhas”, disse Washington, sem qualquer preocupação em chocar ou não os adultos e possíveis clientes.

A aula começa em meio a risadas das crianças, que acham engraçadas as posições e os sons característicos do Kung Fu. Mas, pouco a pouco, elas ficam mais sérias e começam a repetir respeitosamente os movimentos do si fu, o qual aproveita alguns momentos para descontrair um pouco. Mas é si fu, não professor. Fale errado e pague dez flexões de braço. Ao fim, os pais decidem matricular os garotos.


(Foto: Tony Damaceno Martins e Damaris Costa/ Si fu Washington Bezerra)

Agora são nove alunos veteranos. Rolamentos, forma do cavalo, defesas, ataques, flexões, flexões apoiadas apenas nos dedos, saltar de cócoras repetidas vezes, forma do cavalo, ataques, defesas. Um ritmo de cansar atletas, com movimentos pensados ao longo de cinco mil anos para uma situação de combate real, em desvantagem numérica e de tamanho. É esse espírito que a Associação Bai Hu de Kung Fu recupera em Cuiabá: ensinar uma arte marcial autêntica, com foco na aplicação das técnicas em um combate real.

“Para ser chamada de arte marcial, é preciso que tenha sido usada em guerra e sobrevivido a isso. Regras foram feitas para o ring, para um combate um a um. O Kung Fu foi desenvolvido em cinco mil anos de guerras. É uma arte marcial autêntica. Aqui, ensinamos o kung fu tradicional, não o Wushu moderno, criado para demonstrações. O que se aprende aqui não pode ser usado contra um colega. É para a vida real”, explica o si fu Washington Bezerra.

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A ideia foi trazida para as terras de Pascoal Moreira Cabral há três anos, quando Washington Bezerra se mudou para a cidade. Praticante de Kung Fu há 18 anos, Washington é há cinco documentado como quarta geração dos discípulos diretos do herói chinês Wong Fei-Hung, o qual já foi retratado em vários filmes do Hollywood, tendo como interpretes os atores Jack Chan, Jet Li e Gordon Liu.

Uma família

Mas esqueça tudo que você ouviu sobre arte marcial nos filmes de Hollywood ou de quem pratica alguma luta de que isso se trata sobre respeitar o seu adversário. É sobre sobreviver, proteger sua família ou a justiça. Não se trata sobre regras para um combate dentro de um ring, nem sobre se preparar para enfrentar apenas uma pessoa. É sobre ser capaz de responder a uma situação de desvantagem numérica e de tamanho.


(Foto: Theo Medeiros/ Si mo Giovanna e si fu Washington)

Contudo, isso não quer dizer que o ambiente para se aprender Hung Ga, a modalidade de Kung Fu ensinada na Bai Hu, seja violento. Ao contrário, o respeito em forma de um código familiar faz parte do cotidiano e em nenhum momento algum aluno, ou o si fu, irá bater em alguém, entre outros motivos, porque as técnicas são feitas para machucar. “Se você precisa encostar em uma criança, bater em uma pessoa para ensinar, isso não é arte marcial”, diz Washington.

As próprias nomenclaturas usadas, como si fu, possuem significado familiar. Do cantonês, o termo junta as palavras “pai” e “tutor”. Dessa forma, o mestre de um si fu é chamado pelo termo análogo a “avô”, Si Gung, enquanto os alunos tratam uns aos outros como irmão mais velho ou mais novo.

A Tigre Branco

Washington dá aula há três anos em Cuiabá, desde quando veio para Mato Grosso. No começo, sem um “teto” adequado, ensinava na UFMT. Reuniu alunos suficientes e encontrou um lugar com espaço adequado para sediar a Associação Bai Hu – tigre branco em mandarim, no Bairro Popular, na rua Castelo Branco, nº 123. Lá acontecem as aulas, de lá partem outras atividades culturais e filantrópicas.

“Angariei muitos alunos porque sou muito profissional. Nunca faltei um dia sequer. Era na UFMT, sem um teto, e estava chovendo? Eu estava lá. Eu respiro Kung Fu. Vivo apenas de dar aulas, não de um esporte, não de uma luta, mas de uma arte marcial autêntica. Para isso eu passo parte da cultura chinesa, que é aonde entra a Dança do Leão e eu ensino um pouco de mandarim, porque o aluno precisa entender aquela forma de pensar para o nome de cada técnica fazer sentido”.

Yee Chi Wai

Washington é aluno do chinês Yee Chi Wai, também conhecido como Frank Yee, no Ocidente, que por sua vez é discípulo de Yuen Ling, o qual foi aprendiz de Tang Fung (Dang Fong), que aprendeu diretamente com Wong Fei-Hung quando este já era um mestre maduro e renomado em toda China.


(Foto: Adelita Chohfi/ Cerimônia de Baishi na qual Washington recebeu o documento de admissão como 4º geração do herói de Chinês Wong Fei)

Tang Fung decidiu repassar a diante somente as técnicas compiladas por Wong Fei, o Hung Ga tradicional do Sul da China, que reúne artes reunidas em mais de cinco mil anos de guerra. Essa é alinha de Hung Ga ensinada em Cuiabá pelo si fu Washington, diferente de outras advindas de outros alunos de Wong Fei. Em outubro de 2015, Frank Yee esteve em Cuiabá, aonde apresentou um seminário e também aplicou exame de graduação aos alunos.

(Foto: Rafael Luiz Silvério dos Santos)

“Sou a quarta geração depois de Wong Fei. Meu si fu é a terceira geração”, diz Washington. O brasileiro representa a Associação Internacional Yee’s Hung Ga em Cuiabá, a qual também possui filiais na China, El Salvador, Estados Unidos e Europa. Para isso, precisou demonstrar seu potêncial e provar-se merecedor à Yee Chi Wai, para receber um documento com essa titulação.

Já como 4º geração do herói revolucionário, Washington foi a China, participar do "Huang Feihong Cup" International Hung Kuen Competition in 2014, 1º evento que reuniu todas as linhagens de Hung Ga do mundo.


(Foto: Associação Bai Hu/ Sifu Yee Chi Wai em Cuiabá)

Serviço:
O Kung Fu é ensinado em Cuiabá pelo si fu Washington Bezerra, na sede da Associação Bai Hu, Rua Castelo Branco 123, Bairro Popular, Cuiabá, entre a AV. Isaac Póvoas e a Rua 24 de Outubro. Mais informações por telefone: (65) 3025-4450 ou 9247- 4646.
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