Olhar Conceito

Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias | Política Cultural

Academia de letras

AML fará cerimônia de gala para comemorar centenário da expedição Roosevelt-Rondon

Foto: João Salustiano Lyra/ Museu do Índio/Funai

Inauguração do marco do rio Roosevelt. Da esquerda para a direita, George Cherrie, naturalista americano, ten. Lyra, cap. médico dr. Cajazeira, Roosevelt, Rondon e o engenheiro Kermit, filho de Roosevelt

Inauguração do marco do rio Roosevelt. Da esquerda para a direita, George Cherrie, naturalista americano, ten. Lyra, cap. médico dr. Cajazeira, Roosevelt, Rondon e o engenheiro Kermit, filho de Roosevelt

Na madrugada do dia 30 de abril de 1914, o 26º presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosvelt, e o então coronel do exército brasileiro Cândido Rondon desembarcaram sigilosamente em Manaus, após passarem meses dentro da selva Amazônica com o objetivo de mapear a topografia Rio das Dúvidas, até então desconhecido pelas autoridades.

Para lembrar o centenário desta data, a Academia Mato-grossense de Letras e a Sociedade dos Amigos de Marechal Rondon farão uma solenidade na noite de segunda-feira (05/05), na Casa Barão de Melgaço, a partir das 19h30. O evento, que será conduzido pelo acadêmico Sebastião Gomes de Carvalho e pelo presidente da sociedade, Ivan Pedroso, relembrará os detalhes e os louros da expedição, a qual foi um sucesso, mas cobrou um preço alto dos expedicionários.

Dois membros do grupo morreram durante a viagem. Um deles acabou tragado pelas águas em um acidente de canoa em uma queda d’água e nunca mais foi encontrado, enquanto outro fora assassinado por um colega devido a um problema de roubo de mantimentos. Além disso, a saúde da maioria dos expedicionários, inclusive a de Roosvelt e de seu filho Kermit, foi abalada pela malária, por infecções e pela diarreia.

A própria discrição na chegada a Manaus era para evitar qualquer constrangimento por parte do presidente norte-americano, que, depois de todas as outras enfermidades, passou a sofrer com furúnculos que rompiam suas costas e faria ter de desembarcar em uma padiola. Roosvelt ainda precisaria ser operado antes de embarcar de volta para Nova York.

Disciplina militar

Mesmo no meio da floresta Amazônica, Rondon mantinha sua rotina de acordar às 4 horas da manhã, barbear-se sem usar espelho, escrever uma carta para sua esposa para então comer um desjejum. As cartas seriam depositadas por ele, todas juntas, na primeira sede do Correio que ele encontrasse. Não usava bebidas alcoólicas e nem permitia que seus subordinados usassem.

E além de disciplinado, era também defensor dos indígenas, não permitia nem mesmo que seus homens revidassem ataques de índios. Descendente dos bororos, terenas e guarás, Rondon acreditava ter o dever de proteger e pacificar os índios acima de sua própria vida.

Rondon Internacional

Apesar de não ser tão lembrado nos livros de história brasileiros, o reconhecimento de marechal Cândido Rondon ultrapassou as fronteiras brasileiras. Graças à expedição Rossvelt-Rondom, ele é lembrado em um andar inteiro do Museu de História Natural de Nova York.

Após visitar o Brasil em 1925, o físico alemão Albert Einstein, reconhecido como maior cientista do século 20, enviou uma carta ao comitê do Nobel da Paz, com sede em Oslo, Noruega, com a indicação do sertanista brasileiro ao prêmio. “Este homem deveria receber o Nobel da Paz por seu trabalho de absorção das tribos indígenas no mundo civilizado sem o uso de armas ou violência. Ele é um filantropo e um líder de primeira grandeza”, diz trecho da carta.

A proposta de Einstein não foi levada em consideração, mas a carta foi reencontrada em 1994, nos arquivos do comitê do Nobel, em Oslo, pelo professor Alfredo Tiomno Tolmasquim. No meio tempo entre a indicação do físico alemão e do reencontro da carta, o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, no dia 1 de novembro de 1956, foi pessoalmente a casa residência de Rondon no Rio de Janeiro, avisar que o havia indicado ao Nobel da Paz.

“Todas as honras são poucas para homenageá-lo, Marechal. Quanto mais visito o interior do Brasil, mais me é apreciar seu trabalho admirável. O senhor mercê muito mais, Marechal”, disse o presidente para o já reformado sertanista. No ano seguinte, o Explorer’s Club, de Nova York, apresentou oficialmente o nome de Rondon ao comitê do Nobel.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet